Depois de ter anunciado um pacote de investimentos de R$ 976 milhões em curso, a Irani (RANI3 (BVMF:RANI3)) respondeu ao questionamento da B3 (BVMF:B3SA3) dizendo que o seu novo ciclo de investimentos ainda não foi aprovado pela sua diretoria.
“Dessa forma, poderão ou não serem executados”, disse a Irani, ao responder à B3 sobre informações divulgadas a investidores durante evento na última semana.
Do papel às embalagens
Enquanto no programa atual, Plataforma Gaia, o foco está na melhoria e na maior eficiência (margem) dos ativos existentes, o novo plano é voltado para o aumento da capacidade produtiva, podendo dobrar a capacidade de produção de celulose.
Além disso, a companhia espera instalar uma nova máquina de papel, híbrida, que poderá usar essa matéria-prima ou fibra reciclada, além da nova planta de embalagens.
Virando a esquina
De acordo com a empresa, dos nove projetos em curso, três deles: Gaia I (expansão da recuperação de químicos), Gaia II (expansão da unidade de embalagem SC) e Gaia III (reforma máquina 2) estão dentro do prazo e do orçamento.
A estimativa é que os projetos Gaia II e Gaia III comecem a gerar retorno ainda em 2022.
Sem Gaia, papel deixa dúvidas
Suponhamos que a Irani não consiga executar totalmente o pipeline de projetos; nesse caso, diminui a atratividade para o investimento.
Se não houver perspectivas de crescimento atrativas, acredito que o investimento se tornaria menos interessante porque, olhando para a valorização dos papéis, se tivermos um ativo negociado no mesmo patamar de múltiplo (ou menos) e crescendo mais, essa outra oportunidade poderia fazer mais sentido.
Em todo caso, estamos falando de uma empresa que prevê dobrar a sua capacidade de produção e que atualmente negocia a um múltiplo bastante atrativo (apenas 4x Ebitda).
Quem é a Irani?
A Irani (RANI3), ao contrário do que muitos podem pensar, é pouco dependente da exportação de celulose, diferentemente do que acontece com a Suzano (BVMF:SUZB3), por exemplo.
Enquanto a Suzano é uma produtora e exportadora de celulose, a Irani, por outro lado, é uma fabricante de embalagens sustentáveis.
Já a Klabin (BVMF:KLBN11) (KLBN4 (BVMF:KLBN4)), outro competidor do setor, acaba ficando no meio do caminho entre as duas, uma vez que 40% do business é celulose.
É importante mencionar ainda que a Irani é a única empresa de embalagens listada na B3, a bolsa brasileira.
Portanto, o foco da Irani é um pouco diferente, mais voltado para o mercado interno.
Baseado em algumas métricas financeiras, vemos que a Irani mais do que dobrou o seu EBITDA em dois anos (abaixo, é possível ver o crescimento do EBITDA), entregando uma alta rentabilidade (ROE de +35% e ROIC de +20%).
O mercado, por sua vez, vem reconhecendo esse bom resultado. Veja como as cotações acompanham os resultados no longo prazo.
Perspectivas de crescimento
Entre os destaques da operação atual e perspectivas de mercado, mencionamos: i) crescimento do e-commerce; ii) demanda de embalagens sustentáveis para alimentos; iii) maior mercado de embalagens da Irani; e iv) tendência global de mudança do plástico para o papel.
A Irani promove soluções customizadas e produtos exclusivos para diferentes clientes e setores da economia, trazendo uma tendência de sustentabilidade (algo que eu considero como futuro). Passaremos a ver menos embalagens de plástico e mais embalagens sustentáveis, e a Irani deve surfar essa onda.
Programa de recompra
Em agosto deste ano, a Irani anunciou um programa de recompra de 10% do total de ações em circulação pelo mercado, que poderá ser estendido por 18 meses, até 17 de fevereiro de 2024.
O programa de recompra é quando a empresa vai ao mercado para adquirir as suas próprias ações em circulação. As ações recompradas podem ser mantidas em tesouraria ou canceladas pela empresa, a depender da estratégia.
Os papéis RANI3 estão em um bom patamar de preço.
Apesar do bom momento operacional e da performance das ações, não é um papel muito conhecido pelo mercado.