O cenário da inflação brasileira para 2023 está se tornando cada vez mais favorável, o que abre espaço para o início de um ciclo de redução da taxa básica de juros, a Selic, no segundo semestre. Isso também aumenta as expectativas de melhoria nos investimentos de ativos de risco mais elevados, como as ações na bolsa de valores.
Conforme a máxima de que a "bolsa antecipa" os ciclos de alta e baixa, podemos observar o desempenho positivo do Ibovespa nos últimos dois meses, bem como o fechamento da curva de juros em comparação com o primeiro trimestre do ano, período que ainda havia incertezas em relação ao novo governo.
Diante do cenário esperado, no artigo de hoje trago os detalhes da inflação de maio e as expectativas futuras desse indicador, que guiam as decisões de investimento.
IPCA de maio
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio registrou uma variação de 0,23%, ficando abaixo da mediana das expectativas do mercado, que era de 0,33%. Isso representa uma redução de 0,38 ponto percentual em relação à taxa de abril, que foi de 0,61%. No acumulado do ano, o IPCA apresentou um aumento de 2,95%, enquanto nos últimos 12 meses a alta foi de 3,94%, abaixo dos 4,18% observados no período anterior.
No que diz respeito aos fatores que contribuíram para o resultado de maio, destaca-se a variação nos preços do grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, que registrou um aumento de 0,93%. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela inflação dos planos de saúde, que apresentaram um aumento de 1,20% no mês. Em seguida, o grupo de Habitação também teve destaque, com uma variação de 0,67%, influenciado principalmente pelos aumentos nas tarifas de água e esgoto (2,67%) e na energia elétrica (0,91%).
Por outro lado, observou-se uma desaceleração nos preços do grupo de Alimentos e Bebidas, que passou de uma variação de 0,71% em abril para 0,16% em maio. Isso se deve principalmente à estabilidade nos preços dos alimentos para consumo no domicílio. Além disso, o grupo de Transportes registrou uma deflação (-0,57%), explicada principalmente pela queda nos preços das passagens aéreas (-17,73%) e dos combustíveis (-1,82%).
O que esperar nos investimentos a partir do IPCA
Em termos gerais, a inflação de maio apresentou resultados positivos, especialmente no que se refere ao grupo de serviços, que registrou uma deflação de 0,06%. Além disso, a taxa de inflação do grupo de itens administrados desacelerou de 0,86% para 0,72%.
Ao analisar qualitativamente os dados, podemos observar melhorias no índice de difusão, que passou de 66% para 56%. Isso indica que a inflação teve uma propagação menor de um mês para o outro. Além disso, os núcleos de inflação apresentaram um recuo, passando de 0,51% em abril para 0,37% em maio. Essa redução indica uma menor tendência inflacionária nos próximos meses.
Esses resultados indicam uma diminuição das pressões inflacionárias no período analisado, já com expectativas do mercado que beiram os 5,0% até o fim do ano, no entanto, é importante continuar monitorando os indicadores econômicos para avaliar a evolução da inflação nos próximos meses. Por esse motivo, para a reunião do Copom do dia 21 de junho, a expectativa ainda é de manutenção da Selic.
Por fim, pode-se dizer que o resultado da inflação de maio abre uma janela de expectativas mais positivas para diferentes classes de investimentos. Isso se deve ao fortalecimento da possibilidade de um corte na taxa básica de juros, a Selic, no segundo semestre deste ano.
Em outras palavras, a performance da bolsa de valores entre abril e maio começa a fazer sentido, especialmente quando se trata de oportunidade investimentos de maior risco. Essa perspectiva de redução da taxa de juros tem o potencial de impulsionar o cenário econômico e proporcionar melhores oportunidades de risco-retorno para os investidores ao longo do próximo semestre.