As pessoas do meu círculo de convivência mais próximo sabem quão empolgado sou de poder trabalhar na Empiricus.
Mas, sendo sincero, logo nos meus primeiros meses fui abordado pelo João com um pedido que me deixou preocupado.
“Vamos montar uma carteira para o setor de cannabis?”
Como já falei, o desejo de me tornar analista sempre teve como linha principal a possibilidade de tentar entender as mais diversas empresas de setores completamente distintos.
Entretanto, daí a passar a analisar negócios ligados a maconha, sinceramente, me pareceu um pouco demais. Estaria eu fadado ao preconceito alheio? Eu me tornaria aquela pessoa que, no evento de família, expressa uma ideia e recebe como resposta aquele “silêncio ensurdecedor”?
Ainda bem que sou analista, senão talvez permaneceria com preconceitos e deixaria de aprender mais sobre essa que acredito ser uma das principais teses de investimento para os próximos anos.
E entendo que esse nosso impulso foi importante, inclusive, para a discussão do tema na sociedade. Difícil entender como ainda hoje, com indivíduos e profissionais já demonstrando os ganhos de qualidade de vida com o uso de derivados da planta, ainda haja percalços para a obtenção desses produtos e medicamentos de maneira legalizada.
Já houve avanços, todavia: no final de 2019, a Anvisa liberou a venda desses medicamentos em farmácias, mediante apresentação da receita médica.
Ainda que o investidor brasileiro não consiga investir em algum negócio do segmento diretamente na B3 (SA:B3SA3), hoje já é possível ter uma “pontinha” do seu portfólio nesse setor.
Uma das formas é através do investimento direto nos EUA, com instituições financeiras facilitando o acesso do investidor brasileiro ao mercado americano.
Só que ainda mais simples e prático é poder investir diretamente aqui no Brasil em fundos que apostam nesse segmento.
Entendo ser importante se expor ao segmento por conta do seu grande potencial de crescimento nos próximos anos.
Segundo a New Frontier Data, em 2020 as vendas globais de cannabis legalizadas (tanto para uso medicinal como recreativo) alcançaram a marca de US$ 23,7 bilhões. Para 2025, as projeções apontam receita de mais de US$ 51 bilhões, o que significaria um crescimento de 16,6% ao ano.
Isso sem contar que ainda estamos falando de um mercado em que a maior parte dos produtos ainda é adquirida de maneira ilegal: estimativas apontam que, no ano passado, o mercado ilícito de cannabis chegou perto dos US$ 400 bilhões.
Relevante notar que, mesmo sem um mercado legalizado em nível federal, os EUA representam cerca de 85% do mercado mundial de cannabis — por isso entendemos que uma exposição ao setor deve levar em conta uma parcela considerável em ativos na terra do Tio Sam.
Além disso, outros gatilhos nos EUA podem auxiliar as ações do setor, como a permissão para instituições financeiras oferecerem produtos e serviços para a indústria (o que reduziria o custo de capital das empresas), a listagem dos ativos de companhias americanas nas Bolsas do país (aumentando assim o investimento de investidores institucionais nos papéis) e uma revisão das regras tributárias (em comparação com a “faca no pescoço” de hoje).
No ano, de fato, aqueles que investiram no segmento não estão tendo os melhores resultados: o índice NAMMAR, que representa as companhias norte-americanas de cannabis, cai 5,2% em dólar. Mas, pensando no longo prazo, entendo que este seja um bom ponto de entrada ou de reforço de posição (respeitando, obviamente, sua alocação patrimonial para esse tipo de ativo).
Eu, inclusive, aproveitei para reforçar a minha. E estou entusiasmado com o futuro do setor.
Um abraço