Com a redução do capital na mesa dos investidores, no ano passado, vimos os fundos se tornarem mais seletivos e rodadas de aporte ainda menores e mais raras, beneficiando apenas as empresas já com algum grau de maturidade no mercado. Todo novo começo de ano demanda ajustes das empresas e,mesmo que de forma tímida, no início desse ano, as captações das startups sinalizaram uma retomada, o que tornou o critério ainda mais rigoroso para quem busca essa modalidade de investimento.
Mudanças regulatórias, por exemplo, tem tido cada vez mais atenção nesse cenário, mas para além disso, as tecnologias derivadas da inteligência artificial (IA) também tem se mostrado cada vez mais fortes, levando a novas soluções e novos modelos de negócios. De modo geral, as principais tendências para esse ano vão - de algum modo - passar por esse caminho, principalmente com a evolução de temas já discutidos ao longo do ano passado, como IA e produtos personalizados para o consumidor final (B2B).
A importância da comunicação
Independente da área de atuação de cada startup, todas elas tem algo em comum: a barreira de confiança. Toda novidade que quebra com os paradigmas com soluções disruptivas, pode - e deve - causar estranhamento.
Não coincidentemente, a Pesquisa Nacional sobre o Impacto de Relações Públicos no Mercado de Inovação, realizada pela Motim, mostrou que mais de 70% das empresas de inovação devem aumentar ou manter os orçamentos em reputação institucional para 2024. Além disso, os dados também mostram que os principais objetivos desse investimento tem como principais objetivos: criar maior visibilidade para as empresas, atingir uma credibilidade para a marca, adquirir novos clientes e melhorar a relação com investidores.
Em um mercado cada vez mais polarizado, todos querem saber como uma startup pode ultrapassar as barreiras da comunicação, conseguir crescimento acelerado, se diferenciar entre tantas e atingir a liderança do mercado? A resposta é, com as estratégias certas.
Por exemplo, quando uma empresa substitui uma central de atendimento por um chat online, uma loja física por um aplicativo, se torna indispensável direcionar esforços para sua reputação. Para isso, primeiro é preciso conquistar a confiança da audiência.
As fintechs, por exemplo, são ainda mais complexas, afinal, elas cuidam de tudo que pode envolver dinheiro do consumidor final - item essencial para a vida das pessoas (físicas ou jurídicas). Para convencer alguém de que é, realmente, seguro e vantajoso confiar seu dinheiro em determinada solução, o modo mais eficaz é aplicar uma comunicação assertiva, utilizando estratégias direcionadas para cada objetivo.
Expandindo a autoridade das empresas
Não existe atalho, a autoridade é o ponto de início para aquisição de novos clientes, sobretudo no ambiente digital, onde não há uma agência física e um representante para conversar cara a cara.
Um exemplo: se a marca ‘X’ não tem loja física, mas já saiu na Exame como uma referência no setor, nesse caso, as chances do consumidor confiar nela são muito maiores. Ou seja, a credibilidade de veículos renomados supre bem esse problema.
A estratégia envolve a criação de textos para imprensa envolvendo ações significativas da empresa, como lançamentos de novos produtos, parcerias estratégicas, balanços financeiros ou conquistas relevantes. Garantindo isso, a presença consistente em veículos respeitados, a startup ganha visibilidade e credibilidade.
Reconhecimento de marca
A sua empresa finalmente saiu na imprensa. Está tudo resolvido? Não é tão simples assim.
As matérias em veículos de comunicação tem grande força mas ela é momentânea. Sair uma vez em um veículo de grande relevância não vai resolver todos os seus problemas, é preciso recorrência na mídia e diversidade de resultados.
Com posicionamento estratégico algumas vezes ao longo do mês e em veículos diferentes - atingindo públicos distintos - finalmente a empresa vai alcançar o desejado reconhecimento de marca, deixando de ser apenas “mais uma startup”, para se destacar entre as concorrentes, à medida em que se torna mais familiar para potenciais clientes, investidores e parceiros.
Stakeholders, por exemplo, frequentemente monitoram a cobertura da imprensa para prospectar futuros negócios. Uma presença consistente e positiva na mídia pode atrair o interesse desses players, abrindo oportunidades para investimentos e parcerias estratégicas.
Por isso, o reconhecimento de marca é essencial no setor que é o mais desenvolvido no ecossistema de empreendedorismo e inovação do país, afinal, é ele que garante que determinado negócio seja conhecido.
A sustentação da sua narrativa
Aplicada às estratégias, provavelmente se alcançou a autoridade e o reconhecimento de marca. A partir disso, é preciso direcionar a audiência para algum lugar para se manter uma conversa mais direta, constante e próxima com as pessoas.
Construir uma comunidade sólida em redes sociais é uma estratégia essencial para as startups financeiras manterem os consumidores conectados à ela, fortalecerem a confiança e promoverem a lealdade.
As redes sociais se tornaram um braço amplo para as estratégias de relações públicas, principalmente na modalidade phygital - conceito que integra ambos canais de comunicação. Com elas, é possível firmar parcerias estratégicas com outras empresas e influenciadores, contribuindo com os dois primeiros pontos da construção de reputação.
Os especialistas em relações públicas devem sempre incluir o posicionamento dos fundadores, líderes e executivos do alto escalão, como autoridades no setor em que atuam. Isso pode ser alcançado por meio de artigos de opinião, entrevistas em mídia especializada, participação em podcasts e até com o uso estratégico do LinkedIn, por exemplo.
Ao compartilhar em suas redes sociais insights, visões e experiências, os líderes da empresa não apenas promovem a marca, mas também estabelecem a credibilidade da empresa e a sua própria no mercado.
Não existe caminho fácil, existe caminho estratégico
Cada negócio tem suas particularidades e as estratégias não podem ser as mesmas sempre. Ao escolher uma assessoria de comunicação para sua startup, pense que o serviço contratado deve ser adaptado e alinhado aos seus objetivos, não o contrário.
As startups, principalmente as early stages, tem dificuldade em gerar visibilidade de médio e longo prazo, e principalmente na aplicação prática da construção de reputação perene. Porque isso depende de você conhecer muito bem o público e ter uma maturidade elevada de produto.
Como essas startups mudam e evoluem muito o produto e vão descobrindo o público pelo desenvolvimento da empresa, fica mais complexo essa aposta em estratégias de longo prazo. Ainda, existe um vício no mercado de que essas estratégias são um investimento a longo prazo e startups, principalmente, têm uma visão de longo prazo muito nublada.
Por isso, é sempre importante ressaltar que PR não gera valor ao longo prazo, porque quanto mais você investe, mais valor você agrega a sua marca.