A pandemia ainda não acabou, mas deixou um cenário econômico bem diferente do que tínhamos até janeiro de 2020. Os estímulos econômicos geraram um cenário de inflação no mundo todo, principalmente por conta da oferta de matéria-prima que foi afetada fortemente por quebras nas cadeias produtivas.
A falta de suprimentos também trouxe outra consequência: as economias estão se recuperando em uma velocidade mais baixa que o esperado em relação as projeções do fim de 2020.
Historicamente, em cenários de baixo crescimento e inflação alta, temos as seguintes classes de ativos financeiros como os vencedores: liquidez (pós-fixado), títulos atrelados à inflação, commodities, ouro, diversificação internacional. Este artigo não faz recomendação de investimentos, mas abre pontos de reflexão sobre as opções possíveis para um cenário de crescimento mais baixo e alta de inflação.
Pós-fixados
O principal remédio que a política monetária usa para reduzir a inflação é o aumento da SELIC. O COPOM inclusive já sinalizou que devemos ter mais 2 aumentos de 1% ainda em 2021, terminando o ano com SELIC a 8,25%, mas diversos analistas acreditam que o final do ciclo de aperto monetário deva ser próximo aos 10%. Quando você aplica em ativos atrelados ao CDI (pós-fixados), consegue se beneficiar desse cenário de alta dos juros.
Títulos atrelados à inflação
Se o cenário é inflacionário, nada melhor do que garantir que parte dos seus recursos esteja com a remuneração atrelada à inflação. Atualmente, temos excelentes opções isentas de imposto de renda que rentabilizam acima de IPCA+4,00%. Se você é investidor pessoa física, foque em ativos isentos como CRI, CRA, LCI, LCA ou debêntures incentivadas. Em cenários de alta inflação, o ganho real acaba sendo corroído em ativos não isentos, pois o imposto é calculado sobre a rentabilidade total do investimento.
Commodities
Investir em commodities no Brasil é um pouco mais complicado, mas algumas corretoras já possuem fundos de investimentos e COEs com estratégias ligadas a essa classe de ativos. Outra opção seria investir em empresas que atuam em setores como: frigoríficos, petróleo, mineração, celulose etc.
Ouro
É um ativo controverso na asset alocation, por ser reserva de valor, costuma se valorizar em momentos de incerteza e inflacionários. Existem fundos de investimentos e ETFs em que você fica exposto ao ouro, prefira as opções de investimentos dolarizados.
Diversificação Internacional
O Brasil representa uma parcela de menos de 2% da economia mundial, os países e setores da economia foram impactados de maneira diferente e, por conta disso, é fundamental ter exposição internacional, tanto em moedas fortes (dólar e euro), quanto em empresas líderes mundiais em tecnologia e inovação.
Fundos Quantitativos
Uma excelente opção de descorrelação na carteira é a utilização de fundos quantitativos, pois eliminam o viés emocional do ser humano e são capazes de capturar movimentos de mercado com agilidade, entregando retornos interessantes para os investidores.
Mais do que nunca, a diversificação e assessoria adequada serão fundamentais para passarmos por esse período mais complexo da economia mundial. O tamanho da dose de cada classe de ativo terá mais relação com objetivo de retorno e propensão a risco de cada investidor.
*Por Henrique Zimmermann, sócio e Head Nordeste da VLG Investimentos. Administrador, pós-graduado em Finanças IBMEC / Certificado como Especialista em Investimentos ANBIMA e CFP pela Planejar.
**Este artigo não faz recomendações sobre investimentos.