O título do clássico de Friedrich Nietzsche ajuda a lembrar de como somos dominados pelos sentimentos e essa característica inerente ao ser humano é talvez uma das piores coisas que você pode trazer para a bolsa de valores.
O excesso de euforia, pessimismo e medo cegam o investidor/trader e isso é um prato cheio para a tomada de decisões erradas e, automaticamente, um nível de frustração tão grande que o impede de aproveitar novas oportunidades e até mesmo seguir na bolsa de valores com o plano de uma previdência privada (que deve ser o grande objetivo para quem investe).
Por isso, quando você identificar um desses sintomas no seu modus operandi fique feliz, pois você está entendendo como funciona sua mente na hora de investir e está preparado para enfrentar os vieses comportamentais.
Essa expressão foi cunhada na psicologia e introduzida na economia pela linha comportamental ao atestar que o agente econômico não toma decisões racionais grande parte do tempo e assim sendo refutada a tese clássica de racionalidade na tomada de decisão.
Ciente disso, um dos pressupostos da economia comportamental é que o nível de aversão ao risco é fundamental na tomada de decisão. E aqui fica uma primeira pergunta: quando você vai entrar em uma operação (deposition até day trade), a primeira coisa que observa é o risco que está tomando ou o potencial de valorização de uma ação?
Não tenho dados empíricos em mãos, mas sem dúvida o maior percentual de resposta deve ser a segunda alternativa e isso faz parte da natureza humana, pois, afinal, quem entra em algum negócio para perder? A questão é que esse raciocínio no mercado financeiro no meio do excesso de euforia entra na lista dos vieses comportamentais.
O excesso de confiança implica em duas consequências fatais quando estamos falando em investimento:
i) preço médio em operações perdedoras na expectativa de recuperação;
ii) esquecer que o mercado financeiro trabalha com expectativa e não com fatos;
Levando para o lado do trader,a primeira consequência é extremamente grave, pois significa que você não trabalha com stop loss e não respeita seu gerenciamento de risco, que basicamente é a fórmula para quebrar.
Indo para o lado do investidor e aqui estou falando para quem monta posição em carteira, seria aumentar sua posição em determinado ativo mesmo que graficamente tenha perdido um suporte importante do semanal, que eventualmente deve ser sua referência de stop loss, assim como a empresa mudou totalmente de fundamento e você está entrando pois aquela ação “já deu muita alegria no passado”.
O evento mais grave e que nem mesmo comprando a melhor empresa do mundo vai te salvar é comprar em região de topo do mercado sem avaliar se há efetivamente um risco x retorno atrativo.
E aí que vem a pergunta: tá bom, mas como vou identificar se o mercado/ativo está em região de topo? A resposta: ninguém prevê o futuro e não tem como garantir que o mercado/ativo não seguirá em alta, mas é totalmente factível entender o nível de risco que você está tomando.
Imagine que está comprando agora um ativo que subiu semanas consecutivas + está em um nível importante de resistência do gráfico mensal + perdendo volume diariamente + longe do último fundo (teoricamente sua referência de stop loss). Isso para você é uma boa oportunidade? Se sim, posso até concordar com você, mas serão duas pessoas erradas.
Agora, esse mesmo ativo retorna para um nível de preço que segurou por semanas consecutivas ou até por anos dependendo da queda + teoricamente perto de um fundo (stop loss curto) + está sobrevendido do lado técnico + entrada de volume no patamar que está observando + múltiplos atrativos + fundamentos ainda sólidos. Isso para você é uma boa oportunidade? Para mim é uma ótima oportunidade e aí vale tomar esse risco. Isso mesmo, vale tomar o risco, pois não há garantia alguma de retorno.
Por isso, quando entrar em alguma posição, seja o mais frio possível e avalie muito bem o cenário que está entrando para entender se há uma assimetria positiva, ao mesmo tempo que quando está no day trade desenvolva um sistema que priorize o risco, ou seja, que ofereça entradas com stop loss curto, pois, no final das contas, o que vale mesmo estatisticamente não é nível de acerto, mas sim quanto em média seu sistema perde e ganha.