Há pouco mais de um ano, no mês de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou o novo coronavírus como uma pandemia global, trazendo à tona uma situação inédita para toda uma geração.
Naquele mês, medidas rígidas de isolamento social foram tomadas por todo o globo e também começaram a ser implementadas no Brasil. Por conta da incerteza que esse novo vírus trazia e o quanto as medidas de contenção seriam danosas para a economia global, os índices de renda variável derreteram e a impressão era que dessa vez as coisas seriam diferentes e de que o túnel seria longo demais para enxergarmos uma luz em seu fim.
Um ano se passou, a pandemia ainda nos assola e suas implicações, principalmente humanitárias, são terríveis. Certamente levaremos anos para realmente entender o tamanho do impacto causado pela Covid-19 em todo o mundo, mas a luz no fim do túnel parece tomar cada vez mais forma, principalmente com os exemplos dos países que estão tendo grande sucesso com a vacinação em massa. Para os investidores, que sempre tentam se antecipar aos movimentos futuros, a recuperação já chegou e de forma surpreendentemente rápida, como podemos ver nos retornos de 12 meses do Ibovespa e do IFIX, que valorizam nessa janela 58,84% e 14,14%, respectivamente.
No cenário externo, foi finalmente aprovado nos Estados Unidos o pacote de estímulos de 1,9 trilhão de dólares e os indicadores de desempenho da economia americana continuam apresentando forte recuperação para 2021, com as previsões de crescimento entre os analistas se situando no intervalo entre 6% e 8% para este ano. Essa expectativa de expansão vigorosa para a principal economia do mundo, aliada ao sucesso da campanha de vacinação e ao decrescente número de novos casos, internações e mortes por Covid-19 fizeram com que os índices de ações das bolsas americanas atingissem novos recordes de pontuação. Porém, a projeção de alta dos juros daquele país e também de outras economias desenvolvidas ainda trazem reflexos para a curva de juros futuros e moedas de países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, no qual o problema é agravado pela desconfiança do comprometimento do governo e do congresso com as reformas e políticas de responsabilidade fiscal, com especial impacto nos títulos públicos de longo prazo atrelados a inflação e aos fundos imobiliários, representados pela performance negativa no mês do IMA-B 5+ e do IFIX.
Independentemente do cenário de curto prazo, a crise causada pela pandemia nos deixou mais uma vez a lição de que, como investidores, devemos estar atentos e não nos deixarmos levar pelos movimentos exagerados do mercado, tanto positivos, quanto negativos, pois o resultado para quem foi racional e investiu em bons ativos com preços descontados, confiando que a crise era severa e sem precedentes, mas passageira, parece ter mais do que compensado o risco assumido naquele momento.