“Mantenham a fé”: cada vez mais os investidores do milho nos EUA dizem para si mesmos essa frase, já que as aquisições da China continuam lentas, em meio a seu “acordo comercial parcial” com os norte-americanos, e o clima nas lavouras começa a melhorar.
O contrato futuro de milho com vencimento em dezembro na Bolsa Mercantil de Chicago estava em queda pelo terceiro dia consecutivo no início do pregão asiático na terça-feira, derrapando cerca de 0,3% após perder 2% combinados nas últimas duas sessões.
Essa desvalorização ocorreu apesar de o último relatório agrícola do governo norte-americano registrar uma safra menor de milho nesta estação.
Exportações e aquisições da China abaixo das expectativas
O catalisador da queda do mercado foram as estimativas de exportação para meados de outubro, que vieram abaixo de 510.000 toneladas. Foi uma quantidade maior do que as 450.000 toneladas previstas por quem apostava na baixa, porém muito menor do que as 650.000 toneladas buscadas por quem apostava na alta.
Outra estatística que não ajudou os investidores foram as aquisições da China de apenas 6.500 toneladas.
Apesar de a demanda de milho na China e de outras rações animais ter sido prejudicada nos últimos meses pela grande perda de suínos causada pela febre africana, os traders não perderam a fé em que Pequim aumentará suas compras dos EUA depois da “primeira fase” do acordo comercial anunciada pela Casa Branca em 11 de outubro.
Trump declarou que, graças ao acordo parcial, os chineses haviam concordado em elevar suas aquisições de produtos agrícolas norte-americanos de US$ 8-16 bilhões para US$ 40-50 bilhões. O vice-primeiro ministro chinês, Liu He, esclareceu que, apesar do avanço, mais tratativas eram necessárias. Os dados de exportação de grãos nos EUA confirmaram isso: o milho ainda não se beneficiou.
A última vez em que os importadores chineses fecharam sua maior aquisição de milho dos EUA foi em março, quando compraram 300.000 toneladas para o ano de comercialização 2018/19. Esse foi o maior volume de compras pelo menos nos últimos cinco anos e meio.
Analistas dizem que o milho está tecnicamente sobrecomprado; clima começa a ficar bom
Outras duas razões podem explicar a correção do mercado: níveis tecnicamente sobrecomprados e previsões de clima mais seco.
Jeff Kaprelian, analista de grãos do Hueber Report, em St. Charles, Illinois, declarou, na segunda-feira, que havia pelo menos uma escola de pensamento defendendo que “haverá uma ampla janela de colheita nos próximos dias, a qual permitirá uma rápida recuperação".
A cerca de US$ 3,86 por bushel, o milho para dezembro se desvalorizou 3,7% em relação à semana passada, quando atingiu as máximas trimestrais acima de US$ 4,01. Antes disso, o produto apresentou um forte rali de cinco semanas, por temores de que o clima frio e úmido pudesse prejudicar a maior parte da safra. Se não houver uma recuperação nos próximos dias, o mercado provavelmente registrará sua segunda semana seguida de perdas.
O relatório de progresso das lavouras divulgado pelo Departamento Agrícola dos EUA na quinta-feira continha muitas estatísticas que pareciam positivas para o grão.
As temperaturas abaixo de zero, a neve pesada e os ventos fortes que atingiram as Planícies Setentrionais permitiram apenas a colheita de 4% do milho em Dakota do Norte.
Os agricultores de milho de Dakota do Sul colheram 9%, enquanto os agricultores de Minnesota conseguiram concluir apenas 11% da sua colheita.
Os agricultores de Iowa conseguiram aproveitar apenas 15% do milho dos campos, enquanto em Illinois e Indiana a atividade ficou na faixa de 30%.
Mesmo assim, observou Kaprelian, as condições gerais das lavouras melhoraram para 56% no status bom/excelente. A expectativa do mercado era um declínio de um ponto.
A Perspectiva Técnica Diária do Investing.com tem recomendação de “Venda” para o milho de dezembro, projetando suporte a US$ 3,775 por bushel no curto prazo.
Outros analistas dizem que há espaço para um rali
Mas Todd Hubbs, autor do blog Successful Farming, fez uma aposta muito mais otimista para o milho na segunda-feira:
“Nos últimos dois anos de comercialização, as plantações de milho em Illinois central se valorizaram cerca de 16 centavos desde meados de outubro até o fim de fevereiro”.
“Se as projeções para o consumo de milho e o fim dos estoques realmente ocorrerem, conforme previsto pelo Departamento Agrícola dos EUA, qualquer valorização nos próximos meses será resultado de uma base mais forte”.
Mike Seery, do Seery Futures, em Plainfield, Illinois, também tinha uma perspectiva otimista, observando que o milho de dezembro estava sendo negociado acima da média móvel de 20 dias, mas ainda abaixo da sua MMD 100.
Seery disse ainda:
“A volatilidade continua bastante baixa e isso geralmente acontece durante a colheita, à medida que 14 bilhões de bushels chegam ao mercado. Portanto, continuem comprados e colocando stops com risco/retorno a seu favor."