Mais um capítulo do tango econômico argentino. Governo de Macri anunciou na semana passada um hike de 15% nos juros, alcançando o patamar absurdo de 60%. Foi uma tentativa de conter a desvalorização do Peso argentino, que subiu em curva exponencial após o presidente Macri anunciar que pediu adiantamento do empréstimo ao FMI, anunciado em junho pelo Fundo internacional (gráfico dinâmico).
O desempenho econômico da argentina não era dos piores até o início de 2018. De fato o desempenho da economia argentina em 2017 foi superior ao brasil em termos de PIB (por lá cresceu 3.9%). O principal índice da BCBA o índice Merval subiu incríveis 235% do início de 2016 ao início de 2018, crescimento nominal melhor que o IBOV, e mesmo quando ponderado pelo dólar, como mostra o gráfico, não teve um desempenho ruim.
O Inverno Porteño começou quando o governo começou a dar sinais de problemas com a renovação das Letras de Crédito do Banco Central (chamadas Lebacs). A grande quantidade desses títulos em circulação e sua característica de serem títulos de curto prazo causaram impacto na base monetária do país, aumetnando a oferta de pesos e pressionam o dólar. O Governo tem tido dificuldades de renovar esses instrumentos financeiros o que acaba ameaçando as reservas cambiais do país que já não seriam suficientes para cobrir a rolagem da dívida. O Cenário só piorou quando o governo pediu um adiantamento do empréstimo cedido pelo FMI e anunciou um aumento de 15% nos juros (Gráfico dinâmico aqui).
A crise argentina se trata de um crise de confiança, governo tem dificuldades de se financiar o que acaba contaminando a economia com inflação e, ato contínuo, recessão. Algo semelhante pode acontecer ao Brasil nos próximos anos caso nada seja feito no sentido de resolver o déficit das contas públicas, em especial o problema da previdência.