"Nenhum caso de intervencionismo no dólar foi bem-sucedido a médio/longo prazo."
Essa afirmação é a meu ver é correta, vejo esta atuação do BC no curto prazo, a atuação no médio prazo depende principalmente do fluxo cambial, das reservas cambiais, do cenário político e do ajuste fiscal, mas no longo prazo me parece insustentável. Como sabe a popularidade da presidenta está muito baixa, ela precisa de se ancorar no populismo, ou seja, não fazer cortes acentuados nos programas populares ou tomar medidas mais duras de austeridade, o que dificulta o ajuste fiscal, enquanto isso o BC vem tentando conter o estrago de o ajuste fiscal ainda não estar decidido e consolidado em termos de orçamento para 2016 (e, pelo visto, muito pouco ambicioso) e a espera que o cenário político, económico e de confiança melhore. O nosso problema é estritamente interno, onde há muita resistência em aplicar medidas de austeridade mais profundas por causa do populismo.
As medidas de austeridade (redução da despesa e aumento de impostos) levariam a uma maior contração do PIB, mais desemprego, diminuição do rendimento disponível, enfim a economia e povo sofreria muito numa primeira instância, o que é preocupante, mas para mim o mais preocupante é o desajuste das contas públicas, e é ai onde se deve começar a atuar primeiro, reconquistava-se a confiança dos mercados, inverteríamos o ciclo atual, começando a crescer de forma sustentada a médio prazo (isto dito de uma forma simplista, sobre isto haveria muita coisa para falar).
"O QUE FALTA É VONTADE E CORAGEM POLITICA PARA MUDAR"
A incompetência, embuste, artificialização, populismo, despesas do passado em termos econômicos é a fatura que hoje estamos a pagar, mas pior do que isso é não assumir os erros e ter a coragem para tomar as medidas necessárias para mudar.
Vender ou dar ilusões é que ganham eleições, a austeridade não ganha, o que é popular é que é bom, bom para os políticos e mau para o País.
Mas ninguém se iluda, se a crise se aprofundar ainda mais, maiores terão que ser as medidas de austeridade e maiores os sacrifícios, será inevitável.
Veja-se o que aconteceu a Irlanda, Portugal, Grécia, Espanha e Itália, onde tiveram que tomar medidas de austeridade, por causa do descontrole da dívida e das contas públicas (déficit excessivo), só que o Tratado orçamental da União Europeia “impôs” medidas duras de austeridade. No caso do Brasil não temos uma União Europeia a fazer “imposições”, temos que ser nós próprios a nos impor as metas e as medidas de austeridade necessárias para o controle da dívida e das contas públicas.
O intervencionismo na cotação do Dólar é consequência deste desgoverno, é um dos poucos recursos que o BC dispõe, para tentar atenuar os estragos já feitos pelo menos no curto e talvez (mas pouco provável) médio prazo. É uma atuação paliativa, não cura, sem o restante do tratamento, se tornará infrutífera.
Sei que há muita resistência e pudor em falar de austeridade, mas a austeridade (que ninguém gosta) em muitas situações económicas são inevitáveis. O problema está no estágio já muito avançado da doença.
Só uma última nota: o que me surpreende e ao mesmo tempo me desilude do que tenho lido em muitos lados, é a falta de propostas concretas mais abrangentes em termos macroeconómicos para encontrar soluções para a situação económica atual. Parece-me a mim que os agentes económicos têm receio de falar em austeridade.
“NÃO HÁ QUE TER MEDO, A AUSTERIDADE É UM MAL PARA ATIGIR UM BEM MAIOR” VAMOS VER……