O mercado financeiro e seus principais analistas construíram projeções e cenários para 2018 como se toda perspectiva fosse extremamente positiva, e praticamente deram peso insignificante aos riscos já presentes, preservando assim um clima otimista um tanto exacerbado num esforço de contaminar todos os setores econômicos.
Contudo, como temos dado ênfase cotidianamente, os recentes insucessos do governo, como a não aprovação da reforma previdenciária, postergada para fevereiro; a decisão do STF que suspendeu os efeitos da MP que aumentava a contribuição previdenciária e postergava o reajuste salarial dos servidores públicos para 2019; a não aprovação do IR para os fundos exclusivos; etc..., deixam evidentes e emitem alertas de que o cenário fiscal está bastante indefinido com tendência de piora e isto é relevante para um país que não consegue reduzir o seu monstruoso déficit fiscal que vem se mantendo desde o governo DILMA ao qual o governo TEMER sucedeu.
São fatos importantes e que devem impactar no animo dos empreendedores da nossa economia, ainda mais quando o Ministro da Fazenda já coloca como alternativa aumentar impostos, quando se espera e já se esperava contingenciamento mais rigoroso nos gastos diretos do governo de forma seletiva e não, como habitual, nos investimentos estratégicos, fato que provoca retrocessos em campos fundamentais para projetar um país melhor.
Não deixará também de ser observado pelos investidores estrangeiros, os que aqui estão especulativamente neste momento e os que poderiam vir para investir na conta capital, e, muito provavelmente, este fato que pode provocar um saída mais intensa dos investidores especulativos tenha determinado a intervenção do BC no mercado de câmbio injetando US$ 2,0 Bi através linhas de financiamento envolvendo compra e venda casadas e o anúncio da rolagem de 14.000 contratos de swaps focando o montante vincendo em janeiro de US$ 9,638 Bi.
O BC injetou liquidez e não deve ser sem razão, trabalha com perspectiva de intensificação da demanda.
As perspectivas efetivas construídas para ancorar o otimismo exacerbado em torno do ano de 2018 tendem a ser arrefecidas, e, por outro lado surgem indicadores que projetam o candidato Lula em ascensão e queda de rejeição em detrimento dos demais candidatos conhecidos que tem piora nas suas avaliações.
Desta forma, o econômico e o político tendem a continuar sendo os epicentros do ano de 2018, e o que se pode prognosticar não é tão benigno como vinha sendo visualizado pelos analistas e o cenário político, cada vez mais, sugere grandes conturbações ao longo do próximo ano.
O cenário externo não deverá ser tão favorável quanto o foi no ano de 2017 para os países emergentes, em especial para os que não estão melhorando seus cenários de forma consistente e fundamentada.
O Estados Unidos poderá surgir como o grande catalisador dos investimentos no mercado internacional, com a manutenção do crescimento econômico, a desoneração tributária histórica e o aumento gradual do juro. A liquidez que fluiu para os emergentes poderá se deslocar para o mercado americano.
A questão fiscal brasileira será centro das atenções interna e externamente, e se o governo não conseguir aprovar a reforma da previdência, certamente o país poderá sofrer um “downgrade”, que além dos danos óbvios ao país, poderá aquecer mais ainda do que se espera o ambiente da sucessão presidencial.
Por isso, entendemos que as projeções de queda mais acentuada da SELIC; manutenção do preço do dólar em torno de R$ 3,00; recuperação maior do PIB, etc..., estão desalinhadas com o cenário prospectivo, sendo necessário um “choque de realidade” para se focar os riscos presentes e não se deixar surpreender num futuro próximo.