Continua a aflição do mercado referente a romper o teto de gastos, assim como à inflação descontrolada, à apreensão com relação à Selic, que parece ter perdido o controle da curva, a riscos fiscais e ao PIB mais baixo. São inúmeras as causas das incertezas e inseguranças do mercado, sem falar em 2022, nas eleições.
Os leilões de swap para conter a alta do dólar até arrefece a escalada da moeda por um tempinho, tempinho mesmo, uma ou duas horas, e depois mercado volta a responder em cima de notícias e fatos. Nem os US$ 1,2 bi em leilões ofertados ontem acalmaram, e a moeda não ficou abaixo de R$ 5,535 em nenhum momento.
O mercado aguarda definição sobre o valor do Auxílio Brasil para saber quanto irá extrapolar o teto de gastos, que é o fator principal de cautela, e está monitorando também a PEC dos precatórios na comissão mista da Câmara.
Devido ao fato de Bruno Funchal, titular da pasta do Tesouro e Orçamento, ter dito que não assinará nenhuma medida fora do teto de gastos, ele pode ser um dos nomes a deixar o cargo em breve.
O ministro da Cidadania, João Roma, afirmou ontem que o Auxílio Brasil terá um aumento de 20%, e que o governo segue engajado em estruturar, junto com Congresso, um benefício transitório extra que funcione até dezembro de 2023 e que fique dentro das regras fiscais. De acordo com o ministro, esse benefício será viabilizado pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. Só que a votação da PEC foi adiada novamente. Para viabilizar os pagamentos, uma das propostas era de que uma parcela do benefício, de R$ 100, ficasse fora do teto de gastos — a regra fiscal que limita a despesa pública ao Orçamento do ano anterior, corrigido pela inflação. O valor fora dos limites do teto ficaria próximo de R$ 30 bilhões.
Ontem o Banco Central entrou no silêncio prévio à reunião do Copom da semana que vem.
Nos EUA cresce a leitura de aperto antecipado dos juros de 2023 para 202, apesar de Powell continuar batendo na tecla da inflação ser passageira. O Livro Bege divulgado ontem pelo Fed mostrou que os empresários observaram ritmo de crescimento econômico de modesto a moderado, com diversos distritos notando desaceleração em relação ao período anterior. Gargalos na cadeia de suprimentos, escassez de mão de obra e incerteza causada pela variante Delta seguraram o crescimento. Na maior parte dos distritos foi notada melhora no consumo. O documento cita pressões sobre os preços com restrições ao transporte e menor estoque de trabalhadores, bem como por problemas na oferta de algumas commodities. No período avaliado, o emprego cresceu de forma modesta a moderada, segurado pela falta de trabalhadores, apesar da alta demanda das empresas.