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Inflação Pressiona Autoridades Monetárias a Acelerar o Aperto

Publicado 13.12.2021, 10:56

O Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA deve concordar em acelerar o cronograma de redução de compras de títulos em sua reunião desta semana, como amplamente se espera, e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, pode fornecer algumas indicações sobre a elevação de juros no ano que vem. Os investidores também ficarão atentos à atualização trimestral das projeções econômicas do banco central americano, a serem divulgadas após a reunião.

Na sexta-feira, a notícia de que o índice de preços ao consumidor subiu 6,8% em novembro, seu maior salto em 39 anos, está aumentando a pressão sobre os formuladores da política monetária americana, para que façam algo para conter a inflação, que não é mais vista como transitória.

Aumenta o temor de pouso forçado na economia e sensibilidade aos juros

O Financial Times, câmara de ressonância do establishment intelectual, publicou uma manchete, no sábado, informando que os democratas moderados estão pressionando o Fed a ser mais incisivo com a inflação, com medo de que o partido do presidente Joe Biden seja punido nas próximas eleições de meio de mandato por causa dos preços mais altos.

Jake Auchincloss, democrata de Massachusetts do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, disse o seguinte ao periódico britânico:

“O Fed precisa começar o tapering imediatamente e elevar as taxas de juros. Essas duas coisas precisam ser feitas até março”.

Após requisição dos republicanos, o Escritório de Orçamento Congressual não partidário produziu uma versão revisada do impacto do déficit da lei de gastos sociais de US$1,9 trilhão de Biden, assumindo que os programas teoricamente programados para expirar seriam estendidos. A revisão mostrou um aumento de US$3 trilhões em 10 anos, em vez dos US$367 bilhões de previsão de déficit adicional para a lei.

O senador Joe Manchin foi um dos que acionaram o alarme em relação à manobra orçamentária, como a cláusula de duração determinada que subestimou o verdadeiro custo da lei. O democrata de Virgínia Ocidental não deve ter ficado nada tranquilo com essa previsão orçamentária do Congresso nem com os dados do IPC na sexta-feira.

A Casa Branca, que já havia considerado elevada a projeção inicial depois de defender que o custo seria zero, rapidamente rotulou a nova previsão de equivocada.

A preocupação dos investidores é que a economia americana não esteja devidamente preparada para um pouso forçado, caso Fed eleve drasticamente os juros para conter a inflação. “Eles estão em uma difícil posição”, afirmou o economista-chefe de Harvard, Jeremy Stein, que integrou o conselho de governadores do Fed de 2012 a 2014, a respeito dos formuladores da política monetária. A Bloomberg citou a seguinte frase sua:

“Se eles realmente tiverem que aumentar significativamente os juros, já dá para imaginar o que acontecerá com os valuations dos ativos: há uma sensibilidade muito grande com os juros nos mercados".

O Banco Central Europeu também realizará sua reunião de política monetária nesta semana. A presidente da instituição, Christine Lagarde, já disse que o banco central da zona do euro encerrará o programa emergencial de compra de títulos na data prevista, isto é, no fim de março, demonstrando pouca preocupação com a alta da inflação.

Jacques de Larosière, ex-diretor-geral do Fundo Monetário Internacional e ex-governador do banco central francês antes de este vincular-se à política monetária do BCE, vem alertando há meses da necessidade de uma ação do banco central.

“As autoridades e analistas que consideram transitória a alta da inflação estão cometendo um erro”, escreveu na semana passada. Ele e o coautor David Marsh, presidente do Fórum Oficial de Instituições Financeiras e Monetárias, alertaram que os banqueiros centrais deveriam evitar “pronunciamentos prematuros de que as pressões de preço arrefecerão”. Em vez disso, as autoridades monetárias devem garantir aos investidores que irão enfrentar a questão em harmonia com seu compromisso de preços estáveis.

Os autores se dirigiam aos membros do conselho dirigente do BCE antes da sua reunião nesta semana e tomaram o Fed como exemplo de mudança clara para uma política de aperto monetário. O BCE não deu atenção a esse alerta no passado, e não se sabe ainda se o conselho está acordando para o risco da inflação.

À espera de novas nomeações de Biden

Enquanto isso, Biden ainda precisa anunciar as nomeações de três membros do conselho de governadores do Fed prometidas para o início de dezembro, depois que ele indicou Powell para exercer seu segundo mandato, tendo Lael Brainard como vice-presidente.

Há rumores de que os novos nomes pertencem mais ao “mainstream”, depois que a liberal Saule Omarova desistiu da sua nomeação como Interventora da Moeda por causa de oposição em ambos os partidos.

Richard Cordray, primeiro diretor da Agência de Proteção Financeira do Consumidor, deve ser nomeado para suceder Randal Quarles como vice-presidente de regulação, ao passo que Sarah Bloom Raskin, vice-secretária do Tesouro e ex-governadora do Fed, ao lado de Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, estão sendo cogitados para ocupar assentos no conselho, juntamente com escolhas mais progressistas.

O senador Sherrod Brown, presidente do Comitê Bancário, indicou que as audiências de confirmação das cinco nomeações provavelmente não ocorreriam até janeiro.

 

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