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Inflação mostra sinais de alívio, mas dados de atividade indicam maior resiliência

Publicado 01.05.2023, 14:12
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Na semana passada tivemos uma série de divulgações de inflação, atividade, mercado de trabalho e fiscal. No início da semana, a divulgação do IPCA-15 trouxe reação inicial positiva com valores abaixo do esperado. No entanto, as últimas divulgações, especialmente as relacionadas ao setor de serviços e mercado de trabalho, apontam para maior resiliência da economia indicando que a desaceleração será mais lenta e gradual do que o inicialmente esperado.

De início tivemos a divulgação do IPCA-15 de abril com alta de 0,57% ante nossas estimativas de 0,60%. A leitura levemente abaixo do esperado se deu por contínuo arrefecimento de Alimentação e Bebidas, com destaque para deflação de 0,15% de Alimentação no Domicílio. Transportes, por sua vez, representaram 50,5% do headline com alta de 1,44%, mas também abaixo do esperado. Contudo, o avanço de 0,45% ante 0,43% anterior da média dos cinco núcleos, medida acompanhada de perto pelo Banco Central, e o aumento do índice de difusão de 61,31% para 63,22% geraram preocupações. A leitura segue em linha com os discursos da autoridade monetária de que a inflação está arrefecendo, mas que o processo exige paciência dado que as projeções indicam uma retomada de alta da inflação a partir da segunda metade do ano.

Adicionalmente, também tivemos a divulgação do IGP-M com queda de 0,95% na comparação mensal e recuo de 2,17% no acumulado em 12 meses. A leitura também ensejou reação inicial positiva. Contudo, o movimento é liderado pelo IPA, que mede o nível de preços ao produtor, com deflação de 1,45%. O IPC, que trata da inflação ao consumidor, segue em nível positivo com avanço de 0,46%.

Em relação a atividade econômica, tivemos o forte avanço de 3,32% do IBC-Br em fevereiro na comparação mensal. O dado veio bem acima do consenso do mercado (1,1%), e representa uma forte inversão da narrativa de janeiro, quando o índice apresentou leve queda na comparação mensal. Dentre os indicadores mensais, destaque é para o setor de serviços com alta de 1,1%, desempenho também muito acima das projeções do mercado de 0,5%. A produção industrial e o comércio varejista (restrito) recuaram 0,2% e 0,1% respectivamente. No entanto, a queda foi ofuscada pelo bom desempenho do setor agropecuário e do setor de serviços. Adicionalmente, ainda sobre o comércio varejista, é importante ressaltar que no conceito amplo o índice registrou alta de 1,7%. Apesar disso, o avanço ocorreu em função de uma recuperação nas vendas de veículos, com 7 de 10 categorias apresentando queda em fevereiro.

No mercado de trabalho, tivemos a divulgação do CAGED com forte criação líquida de 195,2 mil vagas, ante expectativa do mercado de criação de 90 mil. Liderando este avanço temos o setor de serviços com saldo positivo de 122 mil vagas. A PNAD, também divulgada esta semana, apresentou um aumento da taxa de desemprego para 8,8% (ante 8,6% anterior). A divulgação da PNAD denota algum grau de desaceleração no mercado de trabalho. No entanto, a leitura conjunta da PNAD com o CAGED demonstra um mercado de trabalho ainda aquecido, com desempenho bem acima da expectativa do mercado, o que deve continuar trazendo pressões altistas para a inflação ao longo do ano. Prospectivamente, a manutenção da taxa de juros em patamar elevado deve impactar negativamente a atividade econômica e o emprego. Permanecemos com a visão de que o mercado de trabalho deve continuar desacelerando de maneira lenta e gradual ao longo do ano.

Os dados divulgados ao longo da semana indicam sinais mistos em relação a atividade econômica no Brasil. No entanto, os dados de emprego e do setor de serviços bem acima do esperado indicam maior resiliência da economia em relação a política monetária contracionista. Tal fato, aliado a deterioração das expectativas no horizonte relevante, que ainda não demonstraram melhor após apresentação do texto do novo arcabouço fiscal, indicam espaço reduzido para o início da queda da taxa de juros no país. Portanto, acreditamos que o Banco Central deve manter a taxa Selic inalterada essa semana e sem indicar grandes mudanças na política monetária para as próximas reuniões.

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