Tivemos acesso semana passada aos dados de inflação do Brasil, EUA e China. As informações indicam que o cenário inflacionário para 2024 está se tornando mais benigno, sugerindo que este ano poderá ser marcado por cortes nas taxas de juros.
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Embora a probabilidade de um cenário de inflação sob controle e redução das taxas de juros seja alta, a velocidade e magnitude desse ciclo de queda ainda dependem de dados mais favoráveis, além da ancoragem das expectativas de inflação dentro da meta.
No caso do Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro registrou uma alta de 0,56%, encerrando o ano com uma elevação acumulada de 4,62%. Isso limita a possibilidade de o banco central acelerar a magnitude do corte, atualmente em 0,50 ponto percentual. A deterioração dos núcleos de inflação e da difusão aumenta a cautela do BC brasileiro, o que indica que os cortes nas próximas duas reuniões do Copom convergirão para 0,50 p.p.
Nos EUA, apesar das surpresas de uma inflação acima das expectativas do mercado, encerrando 2023 em 3,4%, com o núcleo acumulado em 12 meses em 3,9%, o mercado reagiu de forma positiva. De acordo com o Monitor de Taxa de Juros do Fed, a probabilidade de início do corte das Fed Funds na reunião de março aumentou para 76% de semana passada. Justificativas incluem juros reais de 10 anos positivos, contribuindo para o aumento da dívida das empresas e indicando uma possível perda de ímpeto na atividade econômica americana ao longo do ano em comparação com o ano passado.
Quanto à China, o país fechou 2023 com uma deflação de 0,3%. Embora este dado sugira uma demanda do consumidor mais fraca, sinalizando preocupações sobre o dinamismo da atividade econômica, por outro lado, é positivo quando consideramos o impacto na inflação global. Sendo um exportador de inflação, a deflação na China reduz o valor das suas exportações, tornando-as mais acessíveis para os consumidores estrangeiros.
O que o cenário traz para os investimentos
Considerando o perfil de cada investidor, com sua tolerância ao risco e objetivos específicos, a queda dos juros ainda proporciona oportunidades interessantes, especialmente em títulos de renda fixa. No entanto, é importante notar que o cenário de crédito privado ganha maior relevância devido às taxas mais elevadas, reflexo do maior risco, frente à queda de rentabilidade dos títulos públicos.
Ao analisar as debêntures, é crucial direcionar a atenção para os títulos com vencimentos mais curtos, ponderando cuidadosamente o balanço entre risco e retorno. Ativos isentos de imposto de renda e prefixados, como CRI e CRA, podem se beneficiar desse cenário, mas devem ser considerados com moderação em comparação aos pós-fixados na composição da carteira.
Os fundos imobiliários (FIIs), especialmente os do tipo "tijolo", podem ser favorecidos pelo cenário de corte de juros, apresentando-se como uma alternativa atrativa.
No que diz respeito ao investimento em empresas listadas na bolsa brasileira, a cautela ainda é aconselhada. Foco em empresas defensivas e que são consistentes pagadoras de dividendos, especialmente nos setores de energia, bancos, commodities e saneamento, pode ser uma estratégia plausível.
Para reduzir a exposição ao risco local e proteger-se contra riscos globais negativos, considerar títulos soberanos de renda fixa americana com vencimentos mais curtos torna-se uma opção válida em um cenário de redução dos juros.
Por fim, o propósito deste artigo foi apresentar o panorama esperado para as principais economias e os potenciais efeitos que podem repercutir nos diversos tipos de investimentos. Portanto, como investidor, é crucial considerar constantemente estratégias para mitigar os risco de suas aplicações e otimizar seus ganhos ao longo do tempo.
Disclaimer: A alocação percentual em cada classe de ativo e quaisquer ajustes devem ser alinhados com o perfil de risco e objetivos específicos do investidor. Além disso, a escolha dos emissores de crédito privado, vencimentos dos títulos de renda fixa e empresas listadas na bolsa deve ser orientada por um profissional qualificado.