Diante da recente divulgação dos dados de inflação, medidos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é inevitável questionar se algum leitor realmente imaginava que o resultado seria diferente.
A inflação de julho de 2023 apresentou uma aceleração de +0,12%, representando um aumento de 0,20%, em relação à taxa registrada no mês anterior, que foi de -0,08%. Esta variação é um indicativo das mudanças nos preços dos produtos e serviços que compõem o IPCA. Quando observamos o acumulado em um período de 12 meses, a inflação também teve uma aceleração, atingindo a marca de 3,99%, o que significa uma queda em relação ao mesmo período do ano anterior.
No Brasil, um país vasto e de dimensões continentais, o transporte rodoviário desempenha um papel crucial na economia, sendo responsável por aproximadamente 75% do total de mercadorias transportadas. Esse sistema de transporte é fortemente dependente do diesel, o combustível que alimenta a maioria dos caminhões e veículos pesados que movem nossa economia.
A recente disparada nos preços do diesel e da gasolina, com aumentos de 25,8% e 16,2%, respectivamente, tem um efeito em cascata nos demais setores da economia. Como mencionado, o transporte rodoviário é peça-chave para a movimentação de bens, impactando diretamente a cadeia produtiva. O aumento no preço do frete, devido ao custo elevado do diesel, acaba sendo repassado aos produtos, elevando os preços ao consumidor.
É importante destacar que o governo atual buscou implementar uma nova política de preços para a Petrobras (BVMF:PETR4), visando mitigar o impacto das oscilações internacionais no preço do petróleo sobre os preços dos combustíveis domésticos, no entanto, a manutenção dessa política enfrentou desafios significativos, colaborando para sua deterioração.
Além da interligação entre os preços dos combustíveis e a inflação no Brasil, é certo considerar o papel dos gastos governamentais nesse contexto. A recente escalada de tais gastos, muitas vezes motivada pela necessidade de negociações políticas para aprovações de pautas de interesse do governo, ou pela implementação de programas sociais, entre outros projetos, adiciona uma camada de complexidade ao cenário inflacionário.
Aliado a tudo isso ainda temos a necessidade de redução das taxas de juros para que possamos desfrutar de uma economia com taxas reais dentro do razoável, mantendo as empresas sadias, os empregos em alta e o crédito fomentando o crescimento do PIB. Assim temos o conjunto de ingredientes para que o alquimista elabore sua fórmula perfeita com extrema destreza e atenção irrestrita na dosagem de cada elemento.
Em conclusão, a relação no Brasil entre os preços dos combustíveis, os gastos governamentais, as taxas de juros e a inflação esboça um cenário futuro desafiador. O aumento nos preços dos combustíveis ecoa por toda a economia, principalmente no transporte e por consequência nos custos cotidianos. Em paralelo, os gastos públicos, quando bem aplicados, têm potencial para impulsionar a economia, porém requerem monitoramento para evitar desequilíbrios inflacionários.
E você leitor? Acredita que a aceleração nos números de inflação foi pontual?