Artigo publicado originalmente em inglês no dia 6/9/2017
Já faz mais de uma semana desde que o furacão Harvey atingiu a costa do Golfo do México no Texas, mas a indústria de energia dos EUA ainda está afetada pelo impacto.
Produção de petróleo
De acordo com a Agência de Segurança e Proteção Ambiental, 9% da produção de petróleo no Golfo do México (cerca de 153.000 barris por dia) e 13% da produção de gás natural ainda estavam inoperantes até a manhã de terça-feira.
A Comissão de Ferrovias do Texas estimava que até 500.00 barris por dia da produção de petróleo da região de Eagle Ford Shale (cerca de um terço da produção) estavam inoperantes devido ao furacão Harvey. Os produtores na região de Eagle Ford ainda avaliavam os danos na região durante o fim de semana. A Conoco (NYSE:COP) informou estar produzindo com 50% de sua capacidade anterior ao furacão em 3 de setembro, mas esperava retornar à produção total em 5 de setembro. Inundações persistentes, estradas inacessíveis, falta de pessoal e acesso aos produtos químicos e areia necessários ao fraturamento hidráulico são preocupações que continuam a impactar a produção de petróleo na região.
Algumas perfurações foram adiadas devido ao resultado do Harvey, mas apenas cerca de 10%. Investidores devem ter em mente que boa parte da produção de petróleo bruto da semana passada e provavelmente uma quantidade significativa de petróleo acabará armazenada em Cushing, Oklahoma, em vez de estar na costa para refino ou exportação. Conforme as refinarias e oleodutos voltam a funcionar, este acúmulo de petróleo bruto será removido, mas o acúmulo poderá levar semanas e talvez meses para ser resolvido completamente.
Gasolina
De acordo com a GasBuddy, os preços da gasolina em todos Estados Unidos saltaram em média US$ 0,27 por galão nesta semana, com Delaware presenciando o maior aumento, que foi de quase US$ 0,50 por galão. Os preços da gasolina provavelmente permanecerão elevados por algum tempo pois algumas refinarias avaliam os danos e retomam a produção. Cerca de 30% da capacidade de refino dos EUA foi impactada pela tempestade. Em 4 de setembro, em torno de 17% permanecia inoperante.
Algumas refinarias, como aquelas de propriedade da Valero (NYSE:VLO) em Corpus Christi e Texas City retomaram totalmente a operação, mas outras que foram fortemente atingidas por inundações em Port Arthur ainda estão inoperantes. Em 1º de setembro, a refinaria da Marathon Petroleum (NYSE:MPC) em Texas City operava com 45% da sua capacidade. A ExxonMobil (NYSE:XOM) começava o processo de reiniciar operações na segunda maior refinaria do país em Baytown, Texas, em 2 de setembro. A maior refinaria dos EUA, a Motiva da Saudi Aramco em Port Arthur, estava inundada e, de acordo com algumas fontes, poderá permanecer fechada por duas semanas (veja algumas imagens aqui). Outras fontes, contudo, afirmam que a Motiva está em processo de reiniciar seu hidrocraqueador e sua unidade de petróleo bruto.
Investidores deveriam esperar que a lacuna entre gasolina e petróleo bruto permaneça maior que o normal, mas diminua nas próximas semanas. Há ainda a possibilidade de que os preços da gasolina possam não retornar aos níveis anteriores ao Harvey, mesmo depois que a recuperação for concluída.
Transporte
O fechamento do Colonial Pipeline teve o maior impacto no fornecimento de gasolina nas regiões do Sudeste e do Médio Atlântico dos Estados Unidos. A Colonial afirmou inicialmente que reabriria o segmento de seu oleoduto entre Houston e Herbert, no Texas, em 3 de setembro, mas adiou essa abertura. Em 4 de setembro, apenas as partes de diesel e combustível de aviação do Colonial Pipeline tinham sido reabertas. Informações no fim de semana previam que a parte de gasolina reiniciaria em 5 de setembro. O Colonial Pipeline vai de Houston, no Texas, a Linden, New Jersey, com muitas ramificações que transportam produtos necessários para gasolina, diesel e combustível de aviação pelos estados em toda a região. Preços da gasolina permanecerão elevados por boa parte dos Estados Unidos pelo menos até que o oleoduto seja totalmente reaberto.
Portos na região (Corpus Christi, Houston Shipping Channel e Galveston) começaram a reabrir na semana passada. Contudo, o acesso para navios maiores, como os VLCCs utilizados para transportar petróleo bruto, estava limitado até 4 de setembro. De acordo com o site TankerTrackers.com, o acúmulo de navios petroleiros (250) no Golfo do México está começando a diminuir à medida em que os petroleiros estariam agora entrando nos portos da região. Aproximadamente 10 milhões de barris de petróleo bruto foram movimentados (tanto em exportações quanto em importações) em 24 horas durante o fim de semana.
Furacão Irma
Outro furacão, esse com o nome de Irma, parece se aproximar da região. De acordo com o Centro Nacional de Furacões dos EUA, trata-se de uma tempestade de categoria 5 "potencialmente catastrófica". Há previsões de que atinja o Caribe nesta semana e potencialmente os EUA durante o fim de semana. Neste momento, as projeções são de atingir países do Caribe e a Flórida, mas não regiões produtoras de petróleo.