Panorama Semanal de 22 a 26 de fevereiro*
DESTAQUES
Petrobras (SA:PETR4) e a alta no número de mortes por Covid-19 foram os principais destaques da semana no noticiário.
As ações da petrolífera despencaram no início da semana após indicação do presidente Jair Bolsonaro para a troca do presidente Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna. A estatal perdeu 29% de seu valor de mercado, cerca de R$ 100 bilhões, em apenas dois dias.
Os efeitos da interferência do governo na gestão da empresa – que gira em torno da política de preço dos combustíveis – foram sentidos ao longo dos dias, com muita volatilidade, rumores e troca de farpas e acusações entre dirigentes, especialistas e governo. Outras companhias, como Eletrobras (SA:ELET3), sofreram também com as oscilações no mercado. Castello Branco – indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes – decidiu ficar no cargo até o fim de seu mandato, 20 de março.
PETROBRAS
A divulgação do resultado da Petrobras também afetou os negócios na Bolsa. A companhia registrou lucro de R$ 59,8 bilhões no quarto trimestre de 2020, um resultado recorde para um trimestre. No ano de 2020, o lucro foi de R$ 7,1 bilhões, surpreendendo analistas de mercado, que projetavam prejuízo.
ELETROBRAS
Em meio à turbulência, os papéis da Eletrobras oscilaram positivamente, devido a comentários do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, sobre sua privatização. O governo entregou ao Congresso a MP sobre o plano de capitalização da Eletrobras – pontapé inicial para reduzir a participação estatal na empresa. A expectativa quanto à privatização dos Correios também ficou mais elevada, com a chegada do projeto do novo marco postal ao Congresso.
TEMPORADA DE BALANÇOS
Na cena corporativa, destaque também para o resultado da Vale (SA:VALE3), com lucro de R$ 739 milhões no quarto trimestre de 2020, que ficou abaixo do esperado.
DESEMPREGO
Na vida real, é o desemprego que preocupa. A taxa média de desemprego no país ficou em 13,5% no ano de 2020. É o maior percentual já registrado pelo IBGE desde o início da série histórica, em 2012. A taxa corresponde a cerca de 13,4 milhões de pessoas.
COVID-19
Se na economia o cenário está turbulento, na saúde não é diferente. O Brasil atingiu o pico de mortes por Covid-19 em um dia. E o país se aproxima de registrar 250 mil mortos por coronavírus, em um período de um ano. O agravamento expõe a falta de estrutura hospitalar em estados e municípios, com situações que beiram o caos em várias localidades.
O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, disse que esta é uma “nova etapa” da doença no país, porque as novas cepas se propagam em maior velocidade. Em São Paulo, para tentar conter o avanço da Covid-19, o governador João Doria confirmou o “toque de restrição” até o dia 14 de março. Especialistas recomendam medidas mais restritivas neste momento, além do uso de máscaras e o respeito ao distanciamento social. O presidente Bolsonaro, no entanto, citou um “estudo alemão” que questiona a eficácia das máscaras.
VACINAÇÃO
Quanto ao planejamento e à viabilidade da imunização no Brasil, o STF confirmou a liminar que permite que estados e municípios importem as vacinas já aprovadas por órgãos sanitários estrangeiros, se a Anvisa demorar mais de 72 horas para autorizá-las. Eles têm também autonomia para vacinar suas populações, se o Plano Nacional de Imunização não seguir conforme o esperado.
A Anvisa concedeu o registro definitivo da vacina da Pfizer/BioNTech, permitindo que seja aplicada em qualquer pessoa maior de 16 anos, sem considerar necessariamente a ordem de prioridades do Ministério da Saúde. Com essa concessão, a vacina pode também ser importada por empresas privadas, embora a farmacêutica tenha garantido que sua negociação é apenas com os governos. A má notícia é que, apesar do registro, o imunizante não está disponível no Brasil.
Em paralelo, a Câmara dos Deputados aprovou uma MP que permite a importação de vacinas, mesmo que não tenham sido aprovadas pela Anvisa. Mas é preciso que tenham sido avaliadas por autoridades internacionais. A MP tem efeitos na compra da indiana Covaxin e da russa Sputnik V.
PEC EMERGENCIAL
Sobre a votação da PEC que viabiliza a prorrogação do auxílio emergencial, há ainda dúvidas e divergências, acarretando o adiamento para a próxima semana. A questão envolve o fim dos pisos de saúde e educação para destravar o benefício.
DESTAQUES INTERNACIONAIS
No mundo, a OMS fez uma alerta sobre o impacto da “Covid longa”.
Nos EUA, o presidente do Fed (banco central americano), Jerome Powell, indicou que a instituição está longe de retirar o apoio à economia, devido às incertezas. Ele afirmou que vai manter as taxas de juros próximas a zero no curto prazo, até o ponto de “emprego máximo” e inflação próxima a 2%. A fala dá suporte à aprovação da proposta de estímulo de US$ 1,9 trilhão apresentada pelo presidente dos EUA, Joe Biden. A segunda estimativa do PIB dos EUA mostrou alta de 4,1% no quarto trimestre de 2020, dentro das expectativas.
No pregão desta quinta-feira, o Ibovespa registrou queda de 2,95%, a 112.256 pontos. O dólar avançou 1,72% cotado a R$ 5,514.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.
*Dados atualizados até as 9h30 do dia 26/2.