O Banco Central do Brasil deu um bom exemplo na última reunião do COPOM, assumindo a atitude adequada perante o contexto preocupante inflacionário, e mais, deixando claramente aberta a possibilidade de nova ou novas elevações.
Tentar adivinhar é uma prática global, mas o fato é que pode ser zero, 0,25% ou 0,50%, a questão está em aberto, dependendo do comportamento das pressões inflacionárias no intervalo até a próxima reunião.
Mas, por outro lado, observa-se que o bom exemplo do BC não está fazendo escola no governo central. Seja a Presidenta Dilma, seja o Ministro Mantega, os esforços têm sido feitos com enfáticas declarações de antíteses à realidade amplamente perceptível na economia brasileira, por nacionais e estrangeiros.
A inflação está sobre controle e dentro da meta, que acredita-se agora seja o piso alto tolerado de 6,5% e não mais 4,5% que o BC afirma continuar perseguindo, ou, a política fiscal está rigorosamente gerida, como se todos, nós e o mundo, não soubéssemos da precariedade.
Na realidade deveriam ser deliberadas medidas de contingenciamento de gastos públicos e fixação de meta pretensiosa de superávit primário, que ainda que o mercado reagisse com certo ceticismo, seriam atitudes marcantes.
A reconstrução da credibilidade do país não se fará com discursos, mas com mudança de rotas e é preciso que não se limitem a colocação no papel e sim na prática.
De que vale o Ministro Mantega dar uma aula à platéia de Davos sobre o que o país precisa para crescer, num contexto absolutamente pontual e descomprometido. Afirmar que o país precisa elevar o nível de investimentos para 24% é de uma obviedade enorme da mesma forma que poderia dizer 30%, mas não explicou com resgatá-lo do estágio de 15% que se evidenciou nos últimos dados.
Não adianta fazer comparativos com outras economias emergentes e/ou desenvolvidas, o Brasil tem um desafio que é reorganizar-se e olhar para dentro de si próprio e identificar as suas fragilidades e promover as correções.
A reconquista da credibilidade brasileira perante os investidores estrangeiros precisa de muito mais, e como atitudes não são adotadas, a passagem por Davos poderá ficar tão somente como presencial sem nenhuma mudança conceitual dos investidores externos sobre a má percepção que têm do momento do país.
Naturalmente este contexto complexo e eivado de incertezas da economia brasileira e a falta de credibilidade de que o governo possa adotar mudanças extremamente abrangentes em ano eleitoral, fragiliza ainda mais do que em 2013 o país.
As projeções predominantes indicam baixo crescimento do PIB; inflação pressionada e expressivo déficit em transações correntes.
Tudo isto tem grande peso no mercado de câmbio e na formação do preço da moeda americana, já que é desestimulante ao ingresso de recursos externos, e sugestivo para a saída.
Mas, há agravantes fortes adicionais como a redução do programa de incentivo monetário do FED que provocará o enxugamento da liquidez internacional, ocorrência que irá se agravando a cada anúncio de redução gradual tendo como contrapartida o encarecimento destes recursos.
E mais, a recuperação da economia americana naturalmente atrairá recursos que hoje estão aplicados nos países emergentes e dentre estes os que estão mais fragilizados e vulneráveis na visão dos investidores, e o Brasil está dentro deste grupo.
E ainda, existente o risco de perda de rating que poderá ser imposto pelas agencias de rating, face à deterioração da política fiscal e a expressividade do déficit em transações correntes.
Até aqui temos o Brasil punindo o próprio Brasil e não se tem a quem acusar de nossas mazelas, visto que foram construídas localmente.
Este cenário inquietante afeta as perspectivas e estas, ainda não a pressão de demanda de saída, já provoca a elevação do preço da moeda americana.
Este é o fundamento de base que torna sustentável a projeção do preço do dólar em alta.
Há evidentemente outras causas pontuais a que se pode atribuir a alta, como o fato dos sinais de queda da atividade industrial da China em janeiro e os impactos nos países exportadores de “commodities” com reflexos no preço das suas moedas locais.
Mas nada pesa tanto quanto o quadro macroeconômico do Brasil.
O câmbio e o setor externo serão, seguramente, fatores perturbadores à política monetária do governo, por isso, quando projetamos o dólar ao preço de R$ 2,50 para o final do 1º trimestre e R$ 2,60 para o final do ano, também colocamos a projeção da SELIC em 11,50% ao final deste ano, pois acreditamos que a pressão sobre a inflação será considerável.
Por isso, não nos surpreendeu o preço de R$ 2,40 atingido ontem, com ocorrência do efeito “marola” que colocamos em nosso comentário de ontem.
O BC pode até anunciar oferta de liquidez com leilão de linhas aos bancos e com isto provocar volatilidade, mas o fato é que o preço está subindo na piora da perspectiva e não efetivamente no aumento expressivo da demanda, o que poderá tornar menos eficaz a intervenção da autoridade monetária.
O país detém reservas cambiais, mas acreditamos que o BC relutará muito em utilizá-las, pois sem uso representam sempre uma garantia de solvência do país e se começar a gastar isto pode acentuar a fragilização na percepção dos investidores e até suscitar movimentos especulativos sobre o real.
Tentar adivinhar é uma prática global, mas o fato é que pode ser zero, 0,25% ou 0,50%, a questão está em aberto, dependendo do comportamento das pressões inflacionárias no intervalo até a próxima reunião.
Mas, por outro lado, observa-se que o bom exemplo do BC não está fazendo escola no governo central. Seja a Presidenta Dilma, seja o Ministro Mantega, os esforços têm sido feitos com enfáticas declarações de antíteses à realidade amplamente perceptível na economia brasileira, por nacionais e estrangeiros.
A inflação está sobre controle e dentro da meta, que acredita-se agora seja o piso alto tolerado de 6,5% e não mais 4,5% que o BC afirma continuar perseguindo, ou, a política fiscal está rigorosamente gerida, como se todos, nós e o mundo, não soubéssemos da precariedade.
Na realidade deveriam ser deliberadas medidas de contingenciamento de gastos públicos e fixação de meta pretensiosa de superávit primário, que ainda que o mercado reagisse com certo ceticismo, seriam atitudes marcantes.
A reconstrução da credibilidade do país não se fará com discursos, mas com mudança de rotas e é preciso que não se limitem a colocação no papel e sim na prática.
De que vale o Ministro Mantega dar uma aula à platéia de Davos sobre o que o país precisa para crescer, num contexto absolutamente pontual e descomprometido. Afirmar que o país precisa elevar o nível de investimentos para 24% é de uma obviedade enorme da mesma forma que poderia dizer 30%, mas não explicou com resgatá-lo do estágio de 15% que se evidenciou nos últimos dados.
Não adianta fazer comparativos com outras economias emergentes e/ou desenvolvidas, o Brasil tem um desafio que é reorganizar-se e olhar para dentro de si próprio e identificar as suas fragilidades e promover as correções.
A reconquista da credibilidade brasileira perante os investidores estrangeiros precisa de muito mais, e como atitudes não são adotadas, a passagem por Davos poderá ficar tão somente como presencial sem nenhuma mudança conceitual dos investidores externos sobre a má percepção que têm do momento do país.
Naturalmente este contexto complexo e eivado de incertezas da economia brasileira e a falta de credibilidade de que o governo possa adotar mudanças extremamente abrangentes em ano eleitoral, fragiliza ainda mais do que em 2013 o país.
As projeções predominantes indicam baixo crescimento do PIB; inflação pressionada e expressivo déficit em transações correntes.
Tudo isto tem grande peso no mercado de câmbio e na formação do preço da moeda americana, já que é desestimulante ao ingresso de recursos externos, e sugestivo para a saída.
Mas, há agravantes fortes adicionais como a redução do programa de incentivo monetário do FED que provocará o enxugamento da liquidez internacional, ocorrência que irá se agravando a cada anúncio de redução gradual tendo como contrapartida o encarecimento destes recursos.
E mais, a recuperação da economia americana naturalmente atrairá recursos que hoje estão aplicados nos países emergentes e dentre estes os que estão mais fragilizados e vulneráveis na visão dos investidores, e o Brasil está dentro deste grupo.
E ainda, existente o risco de perda de rating que poderá ser imposto pelas agencias de rating, face à deterioração da política fiscal e a expressividade do déficit em transações correntes.
Até aqui temos o Brasil punindo o próprio Brasil e não se tem a quem acusar de nossas mazelas, visto que foram construídas localmente.
Este cenário inquietante afeta as perspectivas e estas, ainda não a pressão de demanda de saída, já provoca a elevação do preço da moeda americana.
Este é o fundamento de base que torna sustentável a projeção do preço do dólar em alta.
Há evidentemente outras causas pontuais a que se pode atribuir a alta, como o fato dos sinais de queda da atividade industrial da China em janeiro e os impactos nos países exportadores de “commodities” com reflexos no preço das suas moedas locais.
Mas nada pesa tanto quanto o quadro macroeconômico do Brasil.
O câmbio e o setor externo serão, seguramente, fatores perturbadores à política monetária do governo, por isso, quando projetamos o dólar ao preço de R$ 2,50 para o final do 1º trimestre e R$ 2,60 para o final do ano, também colocamos a projeção da SELIC em 11,50% ao final deste ano, pois acreditamos que a pressão sobre a inflação será considerável.
Por isso, não nos surpreendeu o preço de R$ 2,40 atingido ontem, com ocorrência do efeito “marola” que colocamos em nosso comentário de ontem.
O BC pode até anunciar oferta de liquidez com leilão de linhas aos bancos e com isto provocar volatilidade, mas o fato é que o preço está subindo na piora da perspectiva e não efetivamente no aumento expressivo da demanda, o que poderá tornar menos eficaz a intervenção da autoridade monetária.
O país detém reservas cambiais, mas acreditamos que o BC relutará muito em utilizá-las, pois sem uso representam sempre uma garantia de solvência do país e se começar a gastar isto pode acentuar a fragilização na percepção dos investidores e até suscitar movimentos especulativos sobre o real.