Aproveitando a oportunidade de imposto nulo de importação, devo adiantar que não deverão ocorrer importações de açúcar e etanol, por este motivo, no curto prazo. Isto porque nosso açúcar tem preço menor ou igual ao do concorrente externo. Além disso, o etanol dos EUA, nosso principal fornecedor do produto, está caro, o que inviabiliza importações.
Muito se tem falado e escrito sobre as incertezas do momento. Esta condição nublada de baixa previsibilidade decorre da guerra da Ucrânia-Rússia e do Covid 19, que está voltando pela terceira vez.
Esta guerra, a rigor, duplicou o efeito perverso do Covid 19 com um agravante : destrói, além de vidas humanas, bens materiais (ativos produtivos e patrimônio pessoal) e reduz a capacidade de produção no médio prazo. O Covid destrói vidas, com consequências humanitárias e psicológicas as piores possíveis, e reduz a capacidade produtiva no curto prazo.
É um momento péssimo para a formação de expectativas para a atividade econômica e o bem estar das pessoas.
Meus comentários abaixo tomam como base um cenário de que não vamos partir para a Terceira Guerra Mundial, cujo desfecho final só Deus sabe. Estamos supondo que a guerra Ucrânia – Rússia chegará ao fim com algum acordo entre as partes. Contudo, devemos considerar que os altos custos decorrentes deste conflito serão sentidos no futuro mediato (médio prazo).
As certezas? Quais são?
O preço das commodities, particularmente nos setores de energia e alimentos, estão altos e devem continuar altos no médio prazo. A restrição de oferta tem acontecido mais rápido que a restrição na demanda e a redução de estoques faz algum ajuste de curto prazo neste desequilíbrio de oferta-demanda.
Esta condição de mercado dará bom suporte para os preços destes produtos e vai favorecer exportações. O dólar americano, que está valorizado, deve continuar assim e as outras moedas, desvalorizadas, reforçam o movimento das exportações. O fato do Real estar valorizado é uma exceção, que pode ter vida curta, devido às eleições no Brasil e ao aumento da taxa de juros americana.
Ou seja, países exportadores de commodities devem ver receitas das empresas exportadoras relativamente altas.
E o que fazer para conviver com as incertezas?
Atitudes defensivas são bem-vindas para a preservação da atividade econômica e do patrimônio pessoal. Atitudes especulativas são possíveis e de alto risco, considerando que a volatilidade de preços dos mercados é alta e o cenário econômico é indefinido.
Tem sido desfavorável à atividade econômica e ao padrão de vida da população a inflação crescente, fruto deste contexto desafiador que comentamos. Neste ambiente, os custos de produção e logística são crescentes e ameaçam o resultado dos negócios e reduzem o padrão de vida das pessoas.
O que pode e tem sido feito para mitigar este risco é a compra antecipada de insumos em mercados de futuros (hedge de compra). As receitas podem também ser protegidas (hedge de venda) e o lucro ser definido antecipadamente. Neste momento, o hedge de compra parece ser mais urgente.
Contratos de longo prazo com fornecedores confiáveis devem ser também considerados. Com isto se garante o suprimento sem necessariamente garantir o preço de compra, que pode ser variável conforme o mercado.
E o negócio de cana que produz açúcar e etanol?
A certeza neste momento é de se ter em 2022/23 uma safra de cana de açúcar maior no Centro-Sul do Brasil, responsável por cerca de 90% da produção brasileira. A razão deste crescimento é a melhora das condições climáticas, com poucos investimentos em expansão de área plantada.
Quanto maior? As estimativas atuais sinalizam 6% – 7% acima da safra anterior.
Quanto a preços e custos os comentários feitos anteriormente para o agronegócio como um todo se aplicam integralmente. Cabe destacar que é provável uma nova safra de bons resultados econômicos, tal como ocorreu nas duas safras anteriores. E a capitalização do setor deve continuar, favorecendo sua consolidação e competitividade.
Não se pode descartar o risco para o setor representado por um aumento de custos maior que o aumento dos preços de venda dos produtos. Tudo vai depender do imponderável: qual a solução final para a guerra Ucrânia-Rússia. Este risco inibe investimentos e o hedge de venda das novas safras.
A JOB Economia estará realizando no próximo dia 13 de Abril um evento on-line para discutir as perspectivas para a próxima safra 2022/23. Estaremos avaliando com mais detalhes produção, preços e custos.
Saúde a todos. Que o Deus brasileiro se torne global.