Eleições americanas, juros fora de contexto no Brasil
Dia 15 teremos mais uma rodada de debates presidenciais americanos. Esperamos um debate melhor, eis que no último tivemos um mediador conivente com as interrupções de Trump, atrapalhando o raciocínio de Biden (que já demonstrou ser lento em várias entrevistas, chegando a esquecer perguntas, falando respostas diferentes do que foi perguntado, entre outras coisas)…
Como da última eleição americana, nas pesquisas Trump vem perdendo novamente. Em 2016, duas semanas anteriores às Eleições Americanas para presidente, a vantagem de Hillary Clinton para Trump era nada mais nada menos de 93% contra 7% de Trump.
Atualmente há uma relação entre 55% a 45% para Biden. Lembro que aqui nos EUA há um sistema diferente de contagem de votos, onde os delegados dos estados têm um grande poder de diferença e quando um partido leva a maioria dos delegados de um estado americano, ele ganha todos os votos desse estado. Estados americanos como Flórida e Califórnia têm um peso muito grande na votação e decidem uma campanha, tendo ocorrido assim em 2016, onde mesmo perdendo em votação popular, Donald Trump ganhou devido aos votos dos delegados. Em recente pesquisa pelo Banco do Brasil, Biden levaria, como podemos ver abaixo..
Setores privilegiados em caso de vitória de Trump e Biden
Sabemos a influência que tem a vitória em uma eleição americana e o efeito global que isso tem na economia, mercado financeiro e ações. Importante assim, analisarmos as propostas principalmente aos impostos e que possuem influência mais direta. No caso de vitória de Biden, a ideia é de um aumento de impostos em dividendos e ganhos de capital na ordem de 43,4% em média, saindo dos atuais 23,8% de Trump. Impostos para pequenas empresas sairia de 29,6% para 39,6%, impostos de renda sairiam de 37% para 52% e impostos para empresas maiores de 21% para 28%. Sim, o imposto de renda nos EUA é muito maior que no Brasil, porém o imposto sobre consumo é muito menor, sendo assim, quem é mais pobre paga menos impostos que no Brasil.
Em caso de vitória de Biden fica claro que o mercado de ações americano e por consequência mundial tende a ser impactado. Só o aumento de impostos para as grandes empresas tem uma expectativa de influência de cerca de 18% de queda nas ações americanas.
Em termos absolutos, teríamos os seguintes valores abaixo:
fonte: washington post
Há outras mudanças como fim de incentivos para combustíveis fósseis, incentivos maiores para carros elétricos, maior legalização da maconha, em infraestrutura e um aumento de gastos e dívida de governo, caso Biden ganhasse. Aproveito para mostrar algumas dessas empresas que seriam favorecidas abaixo:
Já no caso de continuação do Governo Trump, teríamos mais incentivos para o setor financeiro, maior investimento dentro dos EUA em infraestrutura, em saúde, energia e defesa aeroespacial, sendo algumas abaixo as companhias que seriam favorecidas:
Por ser pró-mercado, empresário e com propostas de manutenção de baixos impostos para empresas de capital aberto, Trump acredito que é o preferido do mercado financeiro. Dia 03 de novembro, teremos a resposta de quem ganhará.
Já no Brasil… Juros fora de contexto
Resultados primário e de dívida bruta foram divulgados recentemente e nos mostram o motivo do real estar depreciado, sendo uma das moedas que mais cai no mundo (que para mim é algo exagerado, temos muito a melhorar, porém não estamos pior que uma Argentina, sem reservas em dólar, cerca de US$ 30 bilhões, sofrendo controle de preços em alguns produtos e serviços como telefonia e internet e uma Turquia, que tem um ditador no poder), mostrando a necessidade de reformas no Brasil urgentemente…
No quesito resultado, há uma expectativa de despesas de 12,5% perante o PIB…
Nossa dívida bruta começa a atingir níveis preocupantes, próximo a 100% do PIB de dívida bruta…
Tudo traz reflexos principalmente no câmbio (em juros e câmbio conseguimos ter um efeito mais rápido do que estão pensando os investidores), com a saída do investidor estrangeiro, somado a uma taxa de juros abaixo da taxa de equilíbrio comparada com outros emergentes como podemos ver na diferença de juros de 10 anos e na Taxa Básica de juros, que seria a Selic, no Brasil…
fonte: investing.com e Cris Fenstersfeir
Pelos dados acima, temos a segunda maior diferença entre os emergentes. Saliento que as taxas de longo prazo são mais importantes que as taxas de curto prazo, eis que mostram a real possibilidade de manutenção a longo prazo dessas taxas baixas que temos atualmente e essas taxas de longo prazo são usadas pelos bancos para captação, que emprestam na economia. Vale ressaltar que podemos notar também que a maioria das taxas de países emergentes está na casa dos 4% a 4,5% e acredito que aí que deveria estar nossa Selic. Há previsão no Relatório Focus que compila opinião das maiores instituições financeiras de elevação dos juros para esses patamares.
Outro fato importante a ressaltar é que taxas mais baixas, dificultam o carry trade (ato de um investidor tomar emprestado dinheiro nos EUA, por exemplo, a juros de 2% ao ano e investir no Brasil, em títulos do Governo, com juros a 15-16% como tivemos recentemente em 2016) que trazem mais dólares para o País, diminuindo a pressão sobre o câmbio também.
Então, em resumo o que você está pensando, Eliseu…
- eleições americanas têm um papel importante para os investimentos, Trump é mais pró-mercado e tem propostas de manutenção de impostos menores, já Biden quer incentivar energia elétrica;
- Brasil vem aumentando as despesas, gastamos cerca de 8% do PIB em incentivos em 2020, atingindo 100% de dívida-PIB e precisamos de reformas para travar esse aumento de dívida que está em ritmo de expansão;
- Real Brasileiro a moeda que mais cai no mundo, acho exagerado, temos a melhorar obviamente (citado acima) porém não somos o pior do mundo e foi exagerada a queda, incluindo mercado de ações;
- juros fora de patamar, deveriam estar acima, pressão na inflação acontecendo e juros devem aumentar em 2 anos;
- leia, estude, há sempre oportunidades de investimento no mercado!
Fico por aqui!
Era isso!!
Um grande abraço