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Impacto das Sanções ao Petróleo Iraniano: Reações Exageradas ou Subestimadas?

Publicado 07.11.2018, 06:02
Atualizado 02.09.2020, 03:05
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“Na dúvida, volte para o básico” é um ditado frequente no mundo dos negócios e na vida. Em nenhum outro lugar ele parece se aplicar tão bem quanto no mercado de petróleo, onde a inquietante dúvida permanece: será que os traders exageraram no possível impacto das sanções dos EUA às exportações do Irã? E, o mais importante, será que eles estão subestimando sua relevância agora? Ou dando ênfase a aspectos equivocados?

A mudança no quadro geral dos balanços de petróleo no quarto trimestre “é pequena em comparação com a extensão da mudança no sentimento e na subsequente queda de preços”, declarou a empresa de consultoria e pesquisa Energy Aspects, de Londres, fazendo referência à grande volatilidade do mercado que vem acompanhando o drama de cinco meses envolvendo o embargo ao petróleo iraniano.

Petróleo Gráfico Semanal

Em uma da maiores oscilações de mercado já vistas, os preços do petróleo saltaram cerca de 20% no período de cinco meses e depois devolveram todos os ganhos em menos de cinco semanas, em reação à iniciativa do presidente Donald Trump de reaplicar sanções ao Irã após cancelar um acordo firmado na era Obama, em maio, que permitia à República Islâmica exportar petróleo desde que restringisse seu programa nuclear.

A escalada inicial foi provocada por temores de que houvesse uma perda de até 3 milhões de barris por dia sem as exportações do petróleo iraniano. A queda posterior veio após a promessa da Arábia Saudita de produzir o quanto fosse necessário para evitar qualquer defasagem causada pelas sanções. Contribuíram ainda mais para a queda os enormes excedentes semanais nos estoques de petróleo, a produção recorde de óleo de shale nos Estados Unidos e a concessão de isenções por parte do governo Trump a oito países, permitindo que continuassem importando petróleo do Irã após o início das sanções nesta semana.

Descompasso de sentimentos?

A Energy Aspects afirmou que um elemento pouco enfatizado na queda dos preços do petróleo foi a necessidade de Trump de manter os preços baixos nas bombas de combustível nos EUA às vésperas das eleições de meio de mandato, concluídas na terça-feira – um objetivo que não teria sido possível sem a queda do preço do petróleo.

Segundo a consultoria, até mesmo antes das isenções desta semana, aqueles que apostavam na alta do petróleo já haviam jogado a toalha. A empresa disse ainda:

“Ninguém realmente acreditava na eliminação das exportações iranianas em seus balanços. Muitos balanços levaram em consideração algumas isenções ou alguma margem de manobra”.

Por isso, ao invés de ponderar se o mercado havia exagerado na reação ao temor de uma restrição de oferta por causa das sanções, a pergunta relevante, segundo o grupo, era se os balanços de petróleo haviam mudado, afirmando ainda:

“Trata-se meramente de uma questão de sentimento e percepção provocada por outro descompasso, uma vez que as exportações do Oriente Médio aumentaram neste verão antes da queda das exportações iranianas?"

Brent Gráfico Mensal

Como a queda parece não ter fim, alguns traders acreditam que o petróleo West Texas Intermediate (WTI) dos EUA pode ser negociado abaixo de US$ 60 por barril desde que atingiu as máximas em quase quatro anos de aproximadamente US$ 77 no início de outubro, e que o Brent, referência internacional, pode perder o patamar de US$ 70 depois de ter alcançado as máximas de 2014, quando foi negociado acima de US$ 86 há um pouco mais de um mês.

Do excesso de petróleo ao risco de excesso de gasolina

Outros discordam que o mercado poderia cair ainda mais.

“Acreditamos que um rompimento abaixo da faixa de US$ 60,40 por barril poderia desencadear mais recomendações de venda no futuro”, afirmou a TD Securities em uma nota, referindo-se aos fundos de negociação de petróleo. A corretora ligada a um banco canadense disse ainda:

“Reiteramos nossa visão altista, pois as sanções provocaram uma assimetria no risco, favorecendo fortemente os preços mais altos. Embora alguns gestores financeiros não tenham mudado sua posição antes das eleições de meio de mandato, suspeitamos que um ponto de pivô no petróleo está prestes a acontecer. Ao mesmo tempo, nossa expectativa é que as recomendações de venda em gasolina percam o fôlego.”

A Energy Aspects concordou que era improvável haver um excesso de oferta de petróleo, pois a Arábia Saudita e outros membros da Opep “tomarão medidas para garantir que o mercado não fique saturado".

Mas poderia haver um grande excedente de gasolina se as refinarias dos EUA, que estão retornando do seu atual período de manutenção, não controlarem sua produção, alertou a empresa. Qualquer excesso de oferta de gasolina poderia piorar com a chegada do inverno, quando ocorre uma queda sazonal de demanda, segundo a Energy Aspects, que disse ainda:

“Algumas pessoas estão considerando inclusive a possibilidade de converter tanques de diesel para gasolina (...), a fim de armazenar combustível classificado para o verão. Ou seja, ao mesmo tempo que pode haver um piso para a gasolina de inverno neste momento, há o risco de que uma alta no verão de 2019 seja contido por esses barris armazenados".

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