19 de Março de 2020. Foi o fundo mais recente do fim do mundo para os mercados brasileiros, quando o Ibov cravou a mínima do Coronavírus em 61.465 pontos, aproximadamente.
Quem diria que apenas quatro meses depois seria possível escrever uma análise dessas, com o Índice brigando para superar a última região de resistência em 107.300 pontos, provavelmente a última barreira para abrir caminho para um novo teste da máxima histórica em 120 mil pontos.
Da mesma maneira que o crash derrubou a Bolsa em praticamente -50%, a recuperação já foi de +70%.
Uma coisa precisamos relatar: durante a volatilidade de baixa, não foi fácil sustentar a carteira em desvalorização. Por mais que seguíssemos investidores experientes orientando para um momento passageiro, dizendo que o mercado se recuperaria, só quem teve mão forte segurou os preços lá embaixo e teve coragem para comprar barato e fazer novos aportes.
Como sempre, os novatos devem ter perdido dinheiro. Primeiro, entrando errado, no topo. Na euforia, podem ter comprado quando as ações já tinham realizado os seus ralis e poderiam sofrer correções, independentemente do coronavírus.
Segundo, não tiveram estômago para aguentar a crise e podem ter saído no fundo, de novo no momento errado, quando deveriam ter segurado ou comprado mais. O mercado foi soberano deixando os ricos cada vez mais ricos.
É fato que alguns pontos também chamaram a atenção durante todo este movimento. Primeiro, a velocidade da recuperação, muito impulsionada pelo rápido movimento dos bancos centrais em cortarem os juros e pela injeção de liquidez no mercado.
Houve um movimento natural de escoamento do dinheiro para os melhores mercados no momento. Numa análise de valuation, havia várias boas empresas na bolsa a preços descontados, pagando bons yields, ao passo que a renda fixa não pagava mais nada atraente.
O resultado então foi que havia muito dinheiro na praça procurando as melhores rentabilidades e naquele momento ela poderia se encontrar nas gigantes da bolsa. Empresas com caixa, market share e estrutura suficientes para superar a crise.
Por isso um movimento tão rápido sustentado em um castelo de areia, sem tração da economia e sem um controle eficiente da pandemia a nível global. Foi um jogo de adivinhação tentando prever o futuro. Um posicionamento antecipado.
Agora, no cenário Brasil, aumentam-se as expectativas da nova agenda de reformas, principalmente a tributária. Para variar, o brasileiro vai pagar a conta do coronavoucher.
Na minha humilde opinião, foi uma bagunça a forma de lidarmos com a pandemia. Um desalinhamento total do governo federal com estados e municípios. Cada um falando uma língua. Não houve união. Faltou um protocolo único de saúde e administrativo, como pudemos ver em outros países.
Qual foi o alinhamento da nossa estratégia? E o nosso timing? Um abre e fecha sem sentido que prejudicou e muito os impactos econômicos. A conta ainda vai ficar pesada em termos de comércio, indústria e desemprego. Pode esperar…
Bom, o fato é que o governo meteu a mão no bolso para o país não quebrar de vez, tirando um dinheiro que já não tinha e, agora, a solução é “criativa”: aumentar os impostos, onerando a classe média já mais do que amassada, principalmente no setor de serviços.
Enfim, as esperanças ficam sobre o Congresso para vermos como pode ser o desenrolar do texto, se realmente poderá vir para ajudar o país a sair de mais um atoleiro.
Isso poderá ser mais um catalisador para animar os investidores a ponto de jogar a bolsa acima dos 107.300 pontos, o que poderia abrir caminho para novos testes das máximas em 120 mil pontos.
Se o viés for negativo, atenção para uma possível correção até a órbita entre os 100 mil e os 95 mil pontos, uma região de bastante interesse do mercado.