Para quem não emendou o feriado pelo Dia de Finados com o fim de semana, o pregão desta sexta-feira (3) deve ser arrastado. Os mercados domésticos até tem para repercutir a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) anunciada na noite da última quarta-feira (1), bem como os ganhos firmes, de quase 2%, em Nova York na véspera (2).
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Além disso, como acontece tradicionalmente toda primeira sexta-feira de cada mês, o dia também reserva o relatório sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos (Payroll), às 9h30. Dados sobre a atividade no setor de serviços norte-americano em outubro mantêm o radar na agenda econômica e no ambiente internacional.
A previsão para o Payroll é de abertura de 170 mil vagas em outubro, bem menos que a criação de 336 mil postos de trabalho em setembro, que teria sido inflada por fatores sazonais. Já a taxa de desemprego deve seguir em 3,8%, no nível mais baixo em décadas. Os números, portanto, testam o otimismo em Wall Street, que pode se refletir por aqui.
Ainda assim, boa parte dos investidores deve seguir de fora dos negócios locais hoje, o que tende a reduzir a liquidez do dia, adiando para a semana que vem qualquer movimento mais consistente do Ibovespa. Afinal, o que se quer saber é se, após a penúltima Super-Quarta deste ano, o rali de Natal já começou.
Mercados atento aos fatos e dados
Só que nem o Copom nem o Federal Reserve abriram o caminho para um apetite por risco desenfreado nesta reta final de 2023. Embora os anúncios de ambos tenham vindo dentro do esperado - de cortar a taxa Selic em meio ponto e manter os Fed Funds com o limite superior em 5,50%, respectivamente - nenhum dos dois sinalizou qualquer guinada.
Nos dois casos, prevaleceu a postura dura na condução da política monetária, que deve seguir em terreno restritivo - ou seja, sem estímulos à economia. De um lado, o presidente do Fed, Jerome Powell, deixou em aberto as próximas decisões, dizendo que novos aumentos são avaliados a cada reunião - alguns entenderam isso como fim do aperto.
De outro, o Copom sinalizou que manterá o ritmo de cortes nos próximos encontros - assim mesmo, no plural. Mas as novas quedas contratadas devem se restringir a dezembro e janeiro, diante da provável mudança na meta fiscal de 2024 de zero para -0,5% do PIB. Aliás, a emenda na LDO do ano que vem pode ocorrer já na semana que vem.
Com isso, os ativos de risco tentam experimentar uma recuperação de dinamismo, mas os preços sugerem certo pessimismo quanto à mudança de postura do Copom - e, em especial, do Fed. Por mais que a comunicação de ambos tenha sido mais suave (“dovish”) do que se imaginava, a dúvida é se a tendência agressiva (“hawkish”) irá algum dia acabar.