No nosso post de ontem fomos um tanto quanto severos nas críticas ao estado geral predominante no país, muitos leitores ideológicos reagiram intempestivamente, mas o fato é tanto o comportamento do IBOVESPA quanto do DÓLAR ontem deixaram patente e inquestionável o desapontamento do mercado financeiro com o “status quo” revelador de inércia por parte do governo nas questões centrais, quanto com o risco fiscal cada vez mais agravado e, por fim, a decepção com a visão do COPOM/BC a respeito da política monetária, cambial e fiscal, do qual se esperava, necessariamente, postura firme proativa sinalizando que as mudanças pontuais, que a maioria entende precisam vir antes, não havendo tempo a perder, sob o risco de perda de mais um ano.
O dólar registrou uma variação ao longo do dia em torno de 3,17% abrindo com viés de baixa até o preço de R$ 5,2341 e se reaquecendo até atingir R$ 5,40, fechando próximo de R$ 5,3641 registrando alta de 1,08%, com intensa volatilidade.
O fluxo cambial dá sinais de retração ao registrar nos 15 dias de janeiro saldo positivo de US$ 2,914 Bi, resultado do fluxo comercial negativo de US$ 326,0 Mi e fluxo financeiro positivo de US$ 3,240 Bi.
A percepção de grandes banqueiros estrangeiros é de que o investidor estrangeiro começa a ficar cético em relação ao Brasil, e desta forma, pode frustrar as expectativas de melhora dos fluxos para a IBOVESPA, de vez que não observam ações incisivas direcionadas para os problemas cruciais como as reformas imprescindíveis e correções das desconformidades na política monetária e cambial, mas percebem notoriamente forte propensão ao agravamento da crise fiscal com a re-implementação dos programas assistenciais às classes menos favorecidas sem ter fontes de financiamentos, sem o que a economia tende a perder o pouco ímpeto que registrou em 2020 ancorada no consumo estimulado pelo fluxo financeiro dos mesmos.
O Ibovespa fechou em torno dos 118.280 pontos registrando baixa de 1,14%, tendo oscilado de 119.628 pontos até 117.785 pontos ao longo do dia, oscilação em torno de 1,56% estimulante ao “day trade”.
A decisão da Índia de fornecer ao Brasil o lote de 2 milhões de vacinas é uma boa notícia, mas nossa necessidade vai muito além, e até o momento não há previsões sustentáveis de que possamos ter mais vacinas ou matéria prima para produzi-las localmente em quantidade suficiente.
O desalento é grande na medida em que a dinâmica da pandemia se mostra voraz e preocupante.
Costumamos dizer que “números falam e é preciso escutar as mensagens cifradas”, então é importante que se observe doravante, com maior acuidade, o comportamento dos ativos do mercado financeiro, que são os mais sensíveis e imediatos repercussores do sentimento em relação ao “status quo” e não podem ser atacados como sendo ideológicos ou não, por ter base de fundamentos em dados numéricos comportamentais dos próprios segmentos do mercado.
Ontem, Ibovespa e dólar localmente tiveram comportamento adverso em relação ao mercado internacional, e, isto, por si só, permite uma leitura objetiva, visto que “números são frios e não tem amigos”!