Janeiro e fevereiro foram meses excelentes para o principal índice brasileiro, o IBOV. O rali totalizou 16%, e o otimismo parecia ser a visão do futuro. Mas desde o dia 23 de fevereiro e durante todo o mês de março, o IBOV entrou em modo de distribuição, espantando o otimismo cego e plantando dúvidas sobre o futuro da nossa bolsa. Eu havia apontado a possibilidade, por análise técnica, de termos uma reversão no fim de fevereiro (errei o topo por 2 dias e 500 pontos, veja aqui em Qual a Ordem de Correção do IBOV?). O noticiário apontou como razão do selloff a instabilidade política causada pelo debate da reforma da previdência e depois a Operação Carne Fraca. No entanto, um fator importante para o nosso mercado tem sido negligenciado pelo mainstream que é preço das nossas principais commodites no mercado internacional. Uma análise dos gráficos mostra que pode haver fundamento da correção do IBOV no preço das nossas principais commodites.
Gráfico abaixo é um comparativo entre uma média ponderada das principais commodites produzidas pelo Brasil (Soja, Café, Açúcar, Gado, Petróleo e Minério de Ferro; Representados pelos contratos futuros negociados na CBOT, EUA) e o IBOV.
IBOV e Commodites; Possível gatilho da atual correção (gráfico dinâmico).
As linhas verticais brancas marcam os principais topos, enquanto que as vermelhas os principais fundos do IBOV ao longo de 2016 até o momento. A Correlação não é perfeita, na medida em que eventos pontuais tomam a atenção dos investidores, como foi o caso da eleição americana em novembro, que provocou um selloff no nosso mercado, enquanto que as commodites dispararam no mesmo período no mercado americano, e outros drivers, como estabilidade política e contas públicas, afetam a confiança no mercado brasileiro. Mas fica clara nesse gráfico a dependência e correlação do nosso mercado em relação ao mercado de commodites. Em especial, interessante notar como a correção que se estabeleceu neste mês de março está perfeitamente correlacionada a queda dos preços das commodites em questão, tendo o topo de 23/02 coincidido para os dois gráficos.
É claro que o gráfico do IBOV reúne a expectativa de todos os investidores que operam o índice ou ativos do índice bem como também o impacto que eventos podem ter sobre essa expectativa. Mas avaliar os possíveis drivers, dentre eles as comódites, pode nos ajudar a estar um passo a frente dos movimentos do índice ou ao menos entender melhor o que se passa.
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Disclaimer: Isto é apenas um comentário sobre análise técnica e não constitui nenhuma espécie de aconselhamento financeiro.