Publicado originalmente em inglês em 09/10/2020
A International Business Machines (NYSE:IBM) acaba de viver uma década perdida. A gigante do software e serviços perdeu a relevância no dinâmico mundo da tecnologia, ao não conseguir se reinventar e perder terreno para novos concorrentes.
Nos oito anos de direção de Virginia Rometty, a IBM mostrou ser dinheiro perdido para os investidores. Essa foi a década em que a Amazon (NASDAQ:AMZN), a Microsoft (NASDAQ:MSFT) e a Netflix (NASDAQ:NFLX) dispararam com o aumento da demanda de poder computacional e aplicativos.
Os papéis da IBM se desvalorizaram 24% sob a liderança de Rometty, a única empresa de tecnologia americana avaliada em pelo menos US$ 100 bilhões a perder valor no período. As ações de outras 16 valiosas empresas de tecnologia ganharam algo entre 64% (Qualcomm (NASDAQ:QCOM) a 3.468% (Netflix).
Mas, desde sua saída no início desta semana, há sinais de que a Big Blue, como a empresa é conhecida coloquialmente, está recuperando o terreno perdido. A nova estrutura gerencial da IBM deixou mais clara a perspectiva de crescimento da empresa no longo prazo depois de vários anos de declínio nas vendas.
Arvind Krishna, que dirigia a divisão de nuvem e software cognitivo da empresa, agora é o CEO. Jim Whitehurst, ex-CEO da Red Hat, empresa de software de código aberto que a IBM adquiriu por cerca de US$ 34 bilhões no ano passado, foi indicado como presidente da companhia.
As ações da IBM fecharam em alta de 7,4% na quinta-feira depois que a empresa anunciou que separaria sua unidade de serviços de infraestrutura administrados, atualmente parte da divisão de serviços globais de tecnologia, em uma nova empresa de capital aberto, dentro da sua estratégia de nuvem híbrida.
Os papéis dessa antiga gigante da tecnologia, que dominou as primeiras décadas da computação com invenções como o mainframe e depois o disquete, fecharam o pregão de ontem cotados a US$ 131,49, praticamente estáveis no ano.
Aposta no crescimento da nuvem híbrida
O último movimento ajudará a concentrar o foco da IBM na nuvem híbrida, que vem impulsionando os resultados do grupo nos últimos trimestres.
Em um anúncio, Krishna afirmou o seguinte:
“A IBM está bastante focada na oportunidade de US$ 1 trilhão da nuvem híbrida. As necessidades de compra dos clientes de aplicativos e serviços de infraestrutura estão mudando, enquanto a adoção da nossa plataforma de nuvem híbrida não para de crescer”.
“Agora é o momento certo para criar duas empresas líderes de mercado, focadas no que elas fazem de melhor. A IBM se concentrará na plataforma de nuvem híbrida aberta e capacidades de IA. A NewCo terá maior agilidade para projetar, executar e modernizar a infraestrutura das organizações mais importantes do mundo.”
Antes desse último movimento, a IBM havia começado a se beneficiar da aquisição da Red Hat. No último balanço trimestral divulgado em julho, a IBM superou as estimativas dos analistas para a receita no segundo trimestre, com as vendas de serviço na nuvem ajudando a compensar os declínios provocados pelo coronavírus nos negócios de serviços de consultoria.
A receita com serviços na nuvem da companhia sediada em Armonk, NY, cresceu 30%, ajudando a compensar os declínios nas unidades de suporte tecnológico Global Business Services e Global Technology Services.
Sem dúvida, esses eventos são encorajadores e podem agregar valor aos papéis da IBM. Mas continuamos cautelosamente otimistas com a recuperação da companhia, que enfrenta um duro ambiente competitivo no mercado de computação na nuvem, onde a Microsoft e a Amazon já estão bem na frente.
Fazer um bom trabalho nessa área é essencial, ainda mais no momento em que grandes clientes estão abrindo mão do hardware fornecido pela IBM para armazenar seus dados em serviços de nuvem fornecidos por rivais. A IBM é atualmente a quinta maior empresa pública fornecedora de infraestrutura de nuvem, de acordo com a agência de pesquisa Gartner, com menos de 2% de participação de mercado.
Resumo
Quando o assunto é crescimento, durante a década passada, a IBM sem dúvida decepcionou seus investidores. Mas, após a aquisição de Red Hat e com a nova gerência estabelecida, consideramos que a IBM retomará lentamente o caminho do crescimento. O saudável balanço patrimonial da IBM, sua dívida administrável e o rendimento de mais de 5% dos seus dividendos fazem com que sua ação seja uma aposta interessante, especialmente com sua recuperação ganhando fôlego.