As projeções do IBC-Br para maio prognosticavam algo em torno de 4,4% positivo em relação a abril e o BC anunciou tão somente 1,31%, desempenho abaixo das expectativas e -14,24% em relação ao mesmo mês de 2019.
Retomada? O dado é visto com otimismo, mas é difícil identificar-se o que a economia fez por si própria para esta discreta recuperação e o quanto foram os programas assistenciais do governo que ancoraram este desempenho e que, no nosso entender, já contribuíram para o crescimento do varejo e da produção industrial.
A questão central, que já colocamos ontem, é como será o momento posterior sem a ajuda substantiva do governo que ocorre em montantes relevantes?
O número do IBC-Br sugere que o desafio da retomada é muito maior do que se possa imaginar no momento.
Como o número do IBC-Br de maio não foi exuberante e já havia impactos mais concretos dos recursos injetados pelo governo através seu programa assistencial na economia, cabe questionar-se se efetivamente em abril a atividade econômica chegou efetivamente ao “fundo do poço”.
Nesta fase é importante absoluta sensatez na análise dos movimentos que ocorram na economia e sua sustentabilidade, visto que “o novo normal” pós pandemia tende a ser muito diferente e afetará a geração do emprego para pior do que na fase antecedente à crise como legado da experiência com novas práticas desenvolvidas durante a crise e, naturalmente, imporá queda na renda e no consumo.
O aporte massivo de recursos por parte do governo na economia na forma de auxílio às classes menos favorecidas cria efetivamente uma anomalia que pode provocar visão errática a respeito dos indicadores.
E o mais preocupante é que o Brasil continua como “centro das atenções mundiais” na crise da pandemia do coronavírus, parecendo ainda distante a possibilidade de efetiva regressão visto que os números continuam crescentes com mutações regionais, mas nada que descarte eventual segunda rodada.
Efetivamente, o momento até aqui não enseja otimismos, mas impõe absoluta sensatez, pois há na realidade um hiato na transição absolutamente nebuloso e incerto, sem tendências fundamentadas.
Ocorrem no dólar e na Bovespa movimentos alinhados com o “status quo”.
Na Bovespa vem sendo constatado aumento considerável do volume negociado, para o que pode ter contribuído o excesso de operações de “day trade” que é muito apreciada pelos investidores pessoas físicas e que atualmente respondem por enorme parcela do volume de negócios, desde que se afastaram do mercado de renda fixa.
Contudo, a volatilidade é constante nos negócios e demonstra baixo potencial para engrenar forte valorização, afora espasmos pontuais ancorados em um ou outro papel, já que a economia por si só não é pelo seu desempenho propulsora de tendência de valorização.
O dólar, após a “debandada” dos investidores estrangeiros do mercado de renda fixa e também do mercado de renda variável, sinalizando perda de atratividade por parte do Brasil, flutua numa faixa que consideramos previsível entre R$ 5,00 e R$ 5,50, como temos repetidamente apontado, limites extremos para momento benigno e adverso, e não se vislumbra nenhuma perspectiva de ingressos e saídas volumosas.
No câmbio, o fato perturbador tem sido a excessiva volatilidade, e, cabe ao BC, que tem o acesso a todos os dados e movimentos do mercado de câmbio, identificar as efetivas causas desta anormalidade que pode ser consequente do “overhedge” ou “lower bound” ou outras atipicidades e eliminar este fator de disfuncionalidade presente no mercado.