Mesmo com a essencialidade da cadeia de alimentação e sem grandes interrupções na produção, o setor de frutas e hortaliças foi afetado pela pandemia da covid-19 em 2020, principalmente por conta da queda da atividade econômica, da restrição parcial da comercialização e de mudanças dos hábitos de consumo. Segundo pesquisadores da equipe da HF Brasil, esses fatores tiveram maior ou menor impacto em diferentes momentos no decorrer de 2020.
Em termos de restrição da comercialização doméstica, foi mais evidente no período de maior isolamento social (entre o final de março e maio), quando os atacados trabalharam de forma limitada, algumas feiras livres foram suspensas, e parte dos restaurantes, fechados. A menor mobilidade da população também restringiu o fluxo de comercialização de produtos mais perecíveis, como as folhosas e algumas frutas (de menor tempo de prateleira). No final de 2020, o setor ainda sente os efeitos de interrupções na comercialização para importantes clientes, como hotéis, escolas e parte dos restaurantes.
Já no caso de cadeias voltadas à exportação, as vendas de frutas frescas brasileiras apresentaram bom desempenho ao longo da pandemia, favorecidas pelo dólar elevado, pela demanda externa aquecida e pelo fato de concorrentes do Brasil apresentarem menor disponibilidade de frutas. No geral, o produto mais prejudicado foi o mamão, principalmente no início da quarentena, devido à menor disponibilidade de transporte aéreo.
Em termos de hábitos de consumo, a demanda por frutas e hortaliças frescas esteve mais aquecida no início da pandemia (final de março e abril), visto que muitos consumidores buscaram fortalecer a imunidade diante do vírus. Passados alguns meses, produtos indulgentes e ultraprocessados novamente tomaram espaço. Um comportamento positivo ao longo da pandemia foi que, com a recomendação de isolamento domiciliar, mais pessoas passaram a preparar suas próprias refeições, resultando em demanda firme por alimentos in natura e semiprocessados.