Ontem, o dólar à vista chegou a ser negociado no mercado interbancário a R$ 5,0932 na mínima do dia, rompendo a barreira de R$ 5,10. O patamar baixo chamou compradores que também foram estimulados pela recuperação da divisa norte-americana no mercado externo, mas essa cotação não se firmou. Como disse em artigos anteriores, estas baixas são janelas de oportunidades!
Mais uma vez, a volatilidade tomou conta do mercado de câmbio que na máxima do dia bateu R$ 5,1527, mas acabou fechando cotado a vista para venda a R$ 5,1299, em alta de 0,32%.
Vamos analisar o que ocasionou a queda do dólar por aqui: a inflação deu novos sinais de abrandamento e o Banco Central reiterou expectativa do mercado de provável fim do ciclo de alta dos juros. Saiu a ata do Copom e o IPCA de julho. Com isso pudemos ver o impulso positivo para o real.
Sobre a alta: percepção mudou a tarde e o foco do mercado se voltou para dados de preços ao consumidor em julho nos Estados Unidos, a serem divulgados hoje. Após semana passada um relatório surpreendentemente robusto de emprego nos EUA reavivaram apostas em outra grande alta de juros pelo banco central norte-americano, vamos aguardar esses dados hoje e ver o que se tem potencial de fortalecer o dólar ou não. Se mercado achar que juros subirão mais nos EUA, o dólar sobe.
A verdade é que temos uma inflação acalmando, o que em tese traz alívio também para os ativos de risco. Mas o mercado continua olhando muito para o exterior, principalmente no câmbio.
Quanto aos juros aqui, na ata do Copom, o BC procurou conduzir a comunicação para um patamar terminal da Selic provavelmente a 13,75%. O plano de voo do comitê parece ser deixar a Selic nesse patamar e mantê-la alta por mais tempo. A ata do Copom deixou a comunicação clara. Mas falam que vão avaliar se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente longo asseguraria a convergência para a meta de inflação. Ou seja, demorar mais para cortar juros no ano que vem, para realmente segurar as expectativas de inflação.
No exterior, a reação do Fed, que assim como o Copom voltará a se reunir nos dias 20 e 21 de setembro, permanece no centro do interesse do mercado.
Para hoje o mais importante é olhar o CPI americano, uma surpresa para cima no índice tenderia a impulsionar mais as apostas de que a alta de juros do Fed será de 75 pontos-base ao invés de 50, e com isso o dólar ganharia força. Vamos acompanhar!
Para hoje, calendário tem aqui no Brasil as vendas do varejo de junho, a confiança do consumidor de agosto e o fluxo cambial estrangeiro.
Um assunto para ficar de olho é uma mudança na regra fiscal para abrir espaço para mais gastos, não se sabe ainda se isso vai ocorrer ou não, mas a equipe econômica estuda uma regra para a evolução da dívida pública que abra margem para mais gastos desde que mantida a trajetória de melhora no indicador.
Bons negócios para todos!