A aposta do mercado financeiro de que o Federal Reserve irá começar a cortar a taxa de juros de forma acentuada a partir de março será colocada à prova nesta sexta-feira (8). Após uma rodada de indicadores de emprego nos Estados Unidos ao longo desta semana mostrar menos criação de vagas e menor pressão nos salários, hoje é a vez do payroll.
O relatório oficial sobre o mercado de trabalho norte-americano deve mostrar uma aceleração na oferta de emprego, com a criação de 180 mil vagas em novembro, ante 150 mil em outubro. O fim da greve dos trabalhadores do setor automotivo e em Hollywood deve impulsionar o número.
Ainda assim, a abertura de postos de trabalho ficará abaixo da média mensal de 260 mil pelo segundo mês consecutivo. Já a taxa de desemprego deve seguir estável. Os dados oficiais saem às 10h30 e, até lá, os mercados devem andar na linha d’água, alternando leves altas e baixas, tal qual sinalizam os futuros dos índices em Nova York nesta manhã.
Aliás, esse comportamento lateral vem marcando a semana do Ibovespa, que caminha para interromper a sequência de seis altas semanais seguidas. Em quatro pregões até ontem (7), a queda é de 1,70%, enquanto em dezembro, as perdas são de 1%. Já o dólar, segue orbitando ao redor da faixa de R$ 4,90, com +0,6% na semana e -0,1% no mês.
Payroll define Super Quarta
O payroll deve ter impacto expressivo nos ativos de risco ao redor do mundo hoje, podendo até salvar o desempenho nesta primeira semana do mês. Isso porque os números efetivos devem calibrar as expectativas para a última Super Quarta deste ano, na semana que vem, quando Fed e Copom decidem suas respectivas taxas de juros.
Por mais que esteja dado o anúncio deste próximo encontro, os investidores alimentam esperanças de que os sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho nos EUA devem encorajar os membros do Fed a indicar a chance de início de cortes nos juros em breve. De quebra, tende a estimular o Copom a acelerar o ritmo de queda da taxa Selic.
O problema é se o mercado estiver errado. O alerta mais recente veio do ex-CEO da PIMCO, Mohamed El-Erian, dizendo que a precificação agressiva de juros mais baixos nos EUA, com corte total de 1,25 ponto ao longo de 2024, pode colocar as ações globais em uma “espiral perigosa”.
Afinal, o Fed pode até afrouxar um pouco o aperto, relaxando a política monetária no início de 2024, mas talvez não na magnitude que os investidores apostam. Com isso, os mercados podem se dar mal em um futuro não muito distante, à medida que desconsideram os alertas emitidos por aí. E os avisos de que isso pode acontecer não são poucos.