Nada mudou no cenário mundial, mas ontem houve um ajuste patrocinado por um dia de respiro nas praças externas, num cenário geral ainda desconfortável e de aversão a risco. O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,3492 para venda.
O dia foi volátil (máxima de R$ 5,4243 e mínima de R$ 5,3232) e hoje promete ser também, afinal amanhã é dia de Ptax. A volatilidade implícita do real, que é uma medida das oscilações esperadas para a moeda, tem se mantido acima da maioria de seus pares. A medida para três meses está em cerca de 20%.
O banco central do Reino Unido agiu ontem no sentido de conter a liquidação no mercado de dívida do país, no centro do mais recente chacoalhão global. Com isso, a libra deu uma recuperada. Algumas corretoras de câmbio continuam comprando as libras de papel, mas o valor está cada vez menor (Getmoney segue comprando).
O euro subiu também, assim como moedas emergentes e ações globais. Com isso, a paridade euro dólar deu uma leve subida.
Por enquanto, o carry trade alto (retorno atrelado a contratos de câmbio) e os rendimentos elevados (na renda fixa) limitam a pressão de baixa sobre o câmbio e contratos de renda fixa locais. Mas a proximidade das eleições deixam o mercado apreensivo sobre o futuro da economia do país.
A maior preocupação gira em torno da questão fiscal e o orçamento para 2023. Independentemente de qual seja o resultado da eleição, o mercado aqui continuará muito voltado ao que está acontecendo lá fora, pelo impacto global e pelo risco de recessão e menor crescimento das economias americana, europeia e chinesa. A guerra na Ucrânia segue em curso, o abastecimento de gás comprometido, juros subindo mundo a fora na tentativa de conter a inflação a qualquer custo.
Por aqui, o cenário de alta nos juros em economias avançadas prejudica a entrada de recursos no país, mas, por outro lado, o ciclo de aperto monetário próximo ao fim no Brasil favorece investimentos estrangeiros.
E de novidade? O Banco Central informou que a partir de hoje, 29 de setembro, dará início às operações para rolagem de 15,2 bilhões de dólares em swaps cambiais tradicionais que expiram no começo de novembro, em um total de 304.120 contratos. A execução desta rolagem prevê a realização de leilões diários de swap tradicional e compreenderá o período necessário para que todo o estoque vincendo em 1°/11/2022 seja renovado.
Vou explicar aqui: o swap é um derivativo que permite troca de taxas ou rentabilidade de ativos financeiros. No caso do swap cambial tradicional, o título paga ao comprador a variação da taxa de câmbio acrescida de uma taxa de juros (cupom cambial). Em troca, o BC recebe a variação da taxa Selic. A colocação de contratos de swap tradicional, portanto, funciona como injeção de dólares no mercado futuro.
Resta ver se esses leilões conseguirão baixar a taxa de câmbio mesmo e por quanto tempo…
E calendário de hoje? Confiança do consumidor na zona do euro (xiiiii) e discursos de vários membros do Banco Central Europeu. Por aqui o Relatório Trimestral de Inflação e o IGP-M de setembro, além do Caged (evolução do emprego). Nos EUA, teremos PIB trimestral e pedidos iniciais por seguro desemprego, além disso, discursos de Bullard e Mester, membros do Fomc.
Força, real! Bons negócios, turma!