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'Higher for longer': Como foi a semana no mercado financeiro

Publicado 28.07.2023, 15:47

A semana foi marcada pela nova elevação na taxa de juros nos Estados Unidos e na Europa.

Nos Estados Unidos, O FOMC subiu a taxa de juros em 25 bps para o intervalo entre 5,25% – 5,50%, conforme amplamente esperado pelo mercado. Importante destacar que a decisão foi unânime.

Não houve alteração na avaliação da conjuntura econômica. O Comitê afirmou novamente que a atividade seguiu expandindo em ritmo moderado, reforçando que o mercado de trabalho segue robusto, com a taxa de desemprego mantendo-se em patamar baixo. Adicionalmente, o comitê ressaltou mais uma vez que a inflação permanece elevada.

Assim como no último comunicado, a autoridade monetária comentou as preocupações com as condições de crédito mais apertadas, reforçando que tal fator deve impactar tanto a atividade econômica, quanto o mercado de trabalho e a inflação. No entanto, o comitê afirma, novamente, que há incerteza em relação ao impacto de tais eventos, permanecendo atento aos riscos inflacionários. O comunicado manteve o trecho em que o comitê afirma que continuará analisando informações adicionais e suas implicações para a política monetária.

Na conferência de imprensa, Jerome Powell reiterou que a autoridade monetária está preparada para continuar elevando a taxa de juros, caso julgue necessário. No entanto, o chair do Fed afirmou que ainda há muita incerteza à frente e que não desejam se comprometer com foward guidance. Em relação ao cenário de crédito, Powell disse que as condições estão mais apertadas e devem ficar mais restritas a frente. No que tange o mercado de trabalho, Powell afirmou que a autoridade monetária enxerga sinais de que a demanda vem reduzindo. No trecho mais relevante da entrevista, Jerome Powell disse que não acredita em redução de juros esse ano, afirmando que cortes em 2024 ainda serão debatidos. Adicionalmente, afirmou que o comitê não enxerga recessão nos Estados Unidos em 2023, indicando acreditar em um pouso suave da economia. Jerome Powell reforçou que não enxerga a inflação convergindo a meta de 2% antes de 2025.

Em resumo, apesar da elevação hoje, o comunicado e a coletiva de imprensa indicaram que há possibilidade de fim do ciclo de alta na taxa de juros. Apesar disso, Jerome Powell reforçou que não há nenhuma decisão em relação as próximas reuniões, afirmando que o próximo movimento vai depender do desenvolvimento dos indicadores econômicos, além de sinalizar que a taxa de juros deverá permanecer em patamar elevado por período prolongado.

Durante a semana tivemos a divulgação do PIB do segundo trimestre dos Estados Unidos, que avançou 2,4% (taxa trimestral anualizada) no segundo trimestre de 2023 na primeira leitura, acelerando em relação ao primeiro trimestre (1,1%) e acima da expectativa do mercado (1,8%).

Destaque positivo para o avanço em investimentos (5,7% ante -11,9% anterior). Consumo pessoal (1,6% vs. 4,2%) e gastos do governo (2,6% vs. 5,0% anterior) também registraram alta, mas desaceleraram em relação ao trimestre anterior.

As exportações líquidas registraram forte queda de 10,8%, após alta de 7,8% no primeiro trimestre. O recuo foi puxado pela queda de 16,3% nas exportações de bens, enquanto serviços avançaram 1,8%. As importações também recuaram 7,8%, refletindo tanto a queda em importações de bens (-8,0%) quanto de serviços (-6,8%).

A divulgação do PIB do segundo trimestre reforça a robustez da economia norte-americana na primeira metade do ano. Além disso, é compatível com a visão do FED de que não haverá recessão nos EUA em 2023. Por outro lado, note-se forte desaceleração no consumo além da queda tanto nas exportações, quanto nas importações. A atividade econômica mais forte do que o esperado pressiona o Banco Central a continuar elevando a taxa de juros na próxima reunião.

Na Europa, o Banco Central Europeu também subiu a taxa de juros em 25 bps para 4,25%, em linha com a expectativa. Na entrevista coletiva, Christine Lagarde, presidente do BCE, reforçou que as taxas de juros deverão subir para patamar suficientemente restritivo para a convergência da inflação à meta de 2% no médio prazo, sinalizando que os juros permanecerão elevados por longo período. Declarações de membros do BCE indicam que a decisão da próxima reunião será determinada pela evolução dos indicadores econômicos, mas que uma pausa não necessariamente significa o fim do ciclo de alta na taxa de juros.

Ambas as decisões nos Estados Unidos e Europa indicam que a política monetária deverá permanecer em território restritivo por mais tempo do que o inicialmente esperado pelo mercado, além de não descartarem novas elevações caso julguem necessário. Apesar disso, o mercado precifica apenas cerca de 18% de chance de alta de 25 bps na próxima reunião nos EUA e de 45% na Europa. Por outro lado, a projeção aponta que os juros só devem começar a cair em meados de 2024 na Europa e no primeiro trimestre nos Estados Unidos, sugerindo que o aperto monetário deve seguir em vigor por período prolongado.

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