Vamos lá, não vendo análises e não tenho intenção de fazê-lo. Não tenho obrigação de escrever isso ou aquilo, esmiuçar o case, explicar tin tin por tin. Digo isso já como mea culpa por não fazer um post long explicando a empresa por A+B e tals, my bad. Mas pra quem quer saber mais sobre a empresa clique aqui e acesse ao prospecto com mais de 800 paginas sobre a empresa.
Aqui vou ser ser direto e fazer um post objetivo explicando as 5 razões pelas quais resolvi participar do IPO da Hapvida (HAPV3).
Mas antes um pequeno adendo sobre meu “track record” em IPO’s considero que meus maiores acertos na vida foram o IPO de (SA:B3SA3) e de BB Seguridade (SA:BBSE3), mas isso foi em outros tempos. Há muito tempo atrás. Mais recentemente acertei em não participar de (SA:BKBR3), (SA:CAML3), (SA:MOVI3), (SA:AALR3), (SA:OMGE3). Acertei quando participei do IPO da (SA:PARD3) e (SA:IRBR3), mas sim, como todo mundo errei. Errei em não participar de (SA:BRDT3) ou por ter achado (SA:CRFB3) uma boa.
Enfim, vamos aos porquês de HAPV3:
1. Setor Bom.
Setor de saúde tem apresentado certa dinâmica própria em meio a todo o cenário de crise no Brasil. O envelhecimento da nossa população aliado ao colapso do sistema público de saúde e o aumento das doenças crônicas tem ajudado a catapultar o desempenho do setor privado. Abaixo o gráfico que mostra os prêmios pagos em planos de saúde e odontológicos de 2012 para cá. De acordo com a ANS, os prêmios pagos em planos de saúde e odontológicos saltaram de R$51,8 bilhões em 2007 para R$161,6 bilhões em 2016, correspondendo a uma taxa composta anual de crescimento de 13,5% ao ano. Mais interessante ainda é ver que mesmo num cenário de contração do PIB e aumento do desemprego o setor cresceu!
E penso que apesar de não ser um setor cíclico (não depende exclusivamente da economia ir bem ou mal) a retomada da atividade e ã geração de empregos formais tender a ser um vento favorável sustentando o crescimento do setor.
Tão importante quanto ter crescido é o “tem que manter isso viu” parafraseando nosso presidento. Veja que em 2016 ~75% da população dependia exclusivamente do SUS e o sub-sistema privado respondendo pelos demais 25%. Tal penetração de 25% é ainda significativamente menor que a de países desenvolvidos – número é de 67% nos EUA e 95% na França por exemplo.
Não obstante, segundo pesquisa do Ibope Inteligência conduzida em 2017 a pedido do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), os planos são o 3º bem de consumo mais desejado pelas famílias brasileiras, atrás apenas de educação e casa própria. A obtenção de um plano de saúde é um desejo de 57% dos brasileiros que ainda não possuem o benefício.
Então a minha leitura é a de que por qualquer métrica que você olhe vai encontrar oportunidades de continuidade de crescimento desse setor, pois existe um mar de gente querendo os serviços tais quais o da Hapvida. O setor público não dá conta e a mudança demográfica joga a favor, fora uma tendência mundial de maiores cuidados com saúde e tudo mais. Ahh faltou falar que em serviços odontológicos (que a empresa também oferece) os números são ainda mais bizarros em termos de um mar de oportunidade de crescimento.
2. Opcionalidades de crescimento e consolidação e uma empresa bem ajustada e lucrativa.
Além do call macro favorável, estamos falando de um setor extremamente pulverizado e passível de ganhos de escala e/ou verticalização. Empresas maiores tem melhores condições de oferecerem produtos com um nível de qualidade maior e fazer frente as exigências do regulador. Ou seja é algo inclusive desejável por parte do governo pois eleva o padrão dos serviços oferecidos e facilita seu controle. Isso já tem acontecido. Em 1999, o Brasil contava com 1.380 operadoras de saúde e 441 operadoras odontológicas, enquanto em setembro de 2017, havia 773 operadoras de saúde e 295 operadoras dentais, uma queda anual de 3,2%% e 2,2%, respectivamente. O gráfico abaixo ajuda a mostrar isso.
O caso da Hapvida exemplifica bem isso, pois uma vez tendo os sistemas e a estrutura para o processamento das informações de uma processadora de planos de saúde, tal qual ela faz, a Hapvida consegue escalar isso para outros estados sem um capex gigantesco. Não por acaso ela fez isso e hoje possui posição de destaque por toda região nordeste. Abaixo o mapa de market share dele. Veja que a empresa possui o maior share em diversos estados.
Não obstante, sendo provedora e detentora de uma rede de hospitais e clínicas – operando verticalizada – ela consegue “conhecer” melhor o paciente/cliente. A Hapvida é a única empresa do setor a ter todo o prontuário eletrônico do Beneficiário eletrônico. Isso faz uma baita diferença porque tendo o acesso ao histórico do paciente de forma digital e com confiabilidade de dados registrados em seu sistema, ela consegue reduzir o desperdício de solicitações de exames e isso a ajuda a reduzir custos.
E quando olhamos os números dos últimos 3 anos, vemos que a empresa conseguiu apresentar um forte crescimento e com bom nível de retorno. Receitas, Ebitda, Lucro e o patrimônio da empresa deram um verdadeiro salto! Empresa entregou um lucro de R$ 650 milhões em 2017!
Um bom crescimento do número de beneficiários e do tícket médio sem ter que mostrar um crescimento de rede própria. Ou seja, apenas melhorando e otimizando o uso da mesma, provando assim os ganhos de escala.
Então a Hapvida mostrou que cresceu acima da média nos últimos anos e hoje possui porte e capacidade para ser uma consolidadora num setor que “pede” consolidação. Ou seja, existe espaço para ela continuar crescendo, o que, aliado ao seu histórico de bons números gera uma confiança de que eles possam crescer continuando a entregar rentabilidade.
3. Endividamento zero.
A foto acima é do balanço dela. Também não tem nada no Passivo Não Circulante também: dívida zero!
Não sou contra dívida, mas uma empresa com caixa líquido se torna mais barata. Basicamente você paga pelo preço da ação e sabe que parte desse valor não são fluxos de caixa futuro. O dinheiro já está lá. Já está no caixa! Do Prospecto:
Em 31 de dezembro de 2017, as disponibilidades totais (caixa e equivalentes de caixa e aplicações financeiras) da Companhia somavam R$ 1.446 milhões, contemplados ativos garantidores – Fundos de Investimentos de Renda Fixa dedicados ao setor de saúde suplementar – os quais são geridos por instituições financeiras, cuja movimentação e desvinculação está sujeita à anuência prévia da ANS – no montante de R$ 368,2 milhões e o restante contemplado por recursos de livre movimentação.
Ou seja, mesmo sem os ~R$ 2 BI que vão entrar como recursos da oferta, a empresa possui hoje R$ 368 milhões em caixa que são desvinculados de qualquer anuência da ANS, ou seja, dinheiro de fato de caixa que a empresa pode distribuir ou fazer o que bem entender.
Dado a natureza forte geradora de caixa da empresa e salvo aquisições megalomaníacas, penso que ela pode ser uma boa pagadora de dividendos num futuro breve, afinal caixa tem!
4. IPO essencialmente primário e ações no Novo Mercado
A empresa veio com uma oferta de 122,489 milhões de ações sendo 77% da oferta formada por ações primárias, ou seja, novas ações, dinheiro que vai efetivamente para empresa e não para o bolso dos controladores.
Após a oferta 18,7% das ações estarão em circulação no mercado e as demais 81% das ações ficam na mão dos controladores tal tabela abaixo.
Considerando o preço médio da oferta a empresa fica avaliada em ~R$ 15 bilhões. Ora 81% de R$ 15 bilhões equivalem a mais de R$ 12 bilhões. Consiederando que a oferta secundária (que vai para o bolso dos atuais acionistas) representa ~R$ 650 milhões, não me parece fazer sentido a tese do “enfeite de noiva”. Aquela que diz que os controladores dão uma “ajeitada nos números” para vender a empresa. Olha o tamanho do patrimônio deles que continua lá! Ou seja, eles continuam alinhados com o crescimento da empresa no longo prazo.
Não obstante a empresa vai emitir ações no Novo Mercado, padrão mais alto de governança.
5. Preço Decente.
Empresa boa, num setor bom não seria nenhuma barganha. Mas entendo que no preço médio da oferta, os R$ 23/ação os múltiplos assumidos pela empresa sejam bem “honestos”. Cheguei nos números abaixo considerando algumas projeções como crescimento de receita de 15% e de Ebitda e lucro de 20%.
O desconto não é absurdo em relação as empresas do setor…mas porque precisaria ser se a rentabilidade é inclusive maior?! Calculo que o ROE da empresa seja acima de 30% no pós oferta. Um valor superior ao da Fleury (SA:FLRY3), Qualicorp (SA:QUAL3) e até da minha querida Pardini (PARD3).
Enfim, no médio penso que é um bom preço de compra. E penso ainda que o papel poderia valer uns R$ 30.
Hey abelinha eu só espero uma coisa: HAPVIDA FAÇA BEM PARA O MEU BOLSO! RS
Alguns outros bons números e dados da empresa…
- o Sistema Hapvida atende mais de 3,8 milhões de clientes em todo o território nacional, sendo a terceira maior empresa de assistência médico-hospitalar e odontológica no Brasil, e líder absoluta nas regiões Norte e Nordeste do país em número de beneficiários.
- crescimento médio de 11,9% em número de Beneficiários ao ano no período de 2011 a 2017.
- 1,6 milhão de clientes individuais; Nesse universo, 56,5% são beneficiários de planos de saúde (podendo ou não incluir cobertura odontológica), e 43,5% de planos exclusivamente odontológicos.
- nenhum cliente representou mais de 1,6% da receita líquida, e seus dez maiores clientes representaram apenas 6,9% da receita líquida.
- rede de atendimento composto por 25 hospitais, 74 hapclínicas, 17 prontos atendimentos, 72 unidades de diagnóstico por imagem e 67 postos de coleta laboratorial distribuídos nos 11 estados onde a operadora atua com rede própria.