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Hack da Binance: Dessa Vez é Diferente?

Publicado 08.05.2019, 14:23
Atualizado 02.09.2020, 03:05
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O hack da Binance foi, para muitos, uma triste surpresa. Hacks ou golpes em exchanges não são novidade no mundo dos criptoativos. No passado, uma das primeiras desinfladas de bolha a ser noticiada pela mídia tradicional foi a quebra do Mt. Gox. Esse evento foi uma queda extremamente significativa causada apenas por poucos players. A falha na Mt. Gox foi associada a manipulações de mercado, com possivelmente apenas um agente manipulando o mercado de 150 a 1000 dólares em dois meses. Após esses eventos, um longo bear market se instaurou e nada foi feito com as perdas.

Desta vez, o estrago foi bem menor. A Binance rapidamente prometeu cobrir os fundos e as perdas se restringiram a hot wallets. O grosso dos Bitcoins da exchange estavam supostamente mantidos em cold wallets. O mais importante é que, com essa resposta, a Binance poderia ter mostrado que, ao passo que é verdadeira a afirmação que há dois tipos de exchange - as que foram hackeadas e as que serão --, nem todas exchanges são hackeadas da mesma forma. Sofrer perdas é sempre um problema, mas soluções institucionais para não propagar a perda aos investidores não deixam de ser uma solução inicial adequada.

Se a questão tivesse terminado aí, seria um desfecho que considero até positivo para o problema relativamente grave que é um hack num player da magnitude da Binance. Contudo, houve a proposta de uma espécie de reorganização de blocos do Bitcoin para desincentivar hacks. A execução dessa proposta extremamente experimental e arriscada para a rede do Bitcoin, como posteriormente o próprio CEO da Binance admitiu. Por hora não será, felizmente, executada.

Ainda não avaliei a proposta em profundidade para julgá-la correta e há pouco consenso entre os participantes sobre sua desejabilidade. Vitalik Buterin da Ethereum, que em seu passado já reverteu hacks como no evento do TheDAO, se mostrou contrário dessa vez. Ele entendeu a proposta como arriscada e podendo reverter transações convencionais, não apenas o roubo. Contudo, Guy Corem da privacy coin Beam discorda dessa afirmação e acredita que, sob não-anonimato, é válido discutir a proposta para o futuro posto que pode ser possível selecionar quais as transações serão revertidas. A questão ainda está em aberto e a busca por alternativas é um sinal positivo.

Ano passado, quando houve um bug na rede Ethereum onde uma quantidade significativa de Ethers ficou travada, escrevi que um sistema de transferência de recursos de transações para um pool anti-hack (ou anti-falhas em geral) poderia ser uma solução desejável para recompensar investidores ou usuários de rede que tivessem fundos seus atingidos por uma falha dos desenvolvedores. Com o caso atual, a busca por alternativas dessa natureza se faz necessária, mesmo que o episódio pareça estar se concretizando com alguma maturidade. Um pool de seguros anti-hacking deveria ser assunto na indústria, apesar de isso se tornar difícil por players não-críveis que possuem alto risco (e.g. Bitfinex e Tether).

Dito isso, houve cobertura da própria exchange no caso da Binance, porém uma espécie de “fundo garantidor de crédito” para falhas em players menores pode ser razoável. Tecnologias que revertem hacks não devem ser descartadas também para reduzir incentivos para roubos. Porém, mesmo isso pode ser desnecessário a longo prazo: com maior regulação mercados de seguros podem vir a atuar também. O mercado deu sinais de maturidade nesse evento, apesar de ainda ser necessário mecanismos melhores para evitar hacks e FUDs. Nem toda exchange é a Binance, portanto a procura por soluções ainda se faz fundamental no curto prazo. Em todo o caso, no longo prazo vejo excelentes perspectivas mesmo com esses desafios atuais.

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