A invasão da Ucrânia pela Rússia está em todos os noticiários, mas tem pouca gente falando em como essa guerra pode afetar o Brasil.
Os principais bancos da Rússia foram retirados do SWIFT, o serviço global de comunicação entre instituições financeiras. Como a medida impede a transferência de dinheiro entre países, os importadores brasileiros vão ter dificuldades em pagar (e receber) pelo que compram da Rússia.
Tudo que a Rússia exporta deve ficar mais caro.
A Rússia terá choques na exportação de petróleo, gás natural, trigo e outras commodities. A redução repentina de oferta desses produtos eleva o preço de todos eles no mercado internacional.
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Qual impacto no Brasil?
A guerra entre Rússia e Ucrânia e todas as sanções envolvidas podem impactar nosso país, desde a agricultura até o preço da gasolina, o qual pode impactar o IPCA.
Vamos enfrentar o choque das sanções especialmente em duas frentes:
- Impedimento de livre comércio com a Rússia
- Impactos nos preços de commodities
Rússia: O Brasil perde um mercado relevante
Em 2021, a Rússia importou quase US$ 350 milhões de soja brasileira, mais de US$ 320 milhões em carnes e US$ 130 milhões de café em grão.
Das 100 categorias mais importadas pelo Brasil no mercado global, 8 vêm da Rússia. A maior parte é de produtos químicos e fertilizantes usados na produção agrícola brasileira – um dos motores do PIB do país, mesmo em tempos de crescimento lento.
Com isso, o agronegócio pode ter que repassar uma safra mais cara ao consumidor, fazendo com que o o preço dos alimentos continue subindo por mais tempo.
No momento, a perspectiva é de sofrermos mais com o petróleo, que interfere na gasolina, no diesel e nos derivados, como borracha e plástico.
E a bolsa de valores?
O Brasil deve sofrer menos do que os outros por conta da grande exposição a commodities no Ibovespa.
Podemos nos beneficiar de um fluxo positivo de investidores diminuindo exposição à Rússia.
Ambos os países, Brasil e Rússia, são mercados emergentes, o que pode favorecer um movimento de troca de alocação, por parte de investidores estrangeiros, do mercado russo para o brasileiro, pois ambos são mercados emergentes com grande exposição a commodities.
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Como investir nesse cenário?
A melhor estratégia a seguir nesses momentos é ter caixa e aproveitar as oportunidades que podem surgir. Veja abaixo algumas formar de aproveitar o cenário atual e de se proteger:
Tesouro IPCA+
Títulos com vencimento longo possuem maior risco, mas podem gerar alto retorno na venda antecipada caso a taxa tenha queda ao decorrer dos anos. Caso prefira com menos risco, procure vencimentos mais curtos.
Crédito privado
Debêntures, CRIs ou CRAs podem ter isenção de imposto e ainda ter alto retorno com a venda no mercado secundário caso a taxa tenha redução durante os anos, dessa forma, ganhando com ágio.
Títulos bancários
CDB, LCIs ou LCAs, nesse caso, o ideal é que mantenha até o vencimento e não aplique mais que R$ 250mil por emissor para estar dentro do limite do FGC.
Exposição a Commodities
Pode investir em contratos futuros ou indiretamente comprando ações de empresas, outra alternativa são fundos atrelados a commodities.
Fundos imobiliários
Tenha uma carteira diversificada sempre, porém tenha preferência por fundos de papéis (investem em títulos como CRIs e LCIs que podem ser indexados ao IPCA, pós fixado ou pré fixado).
Fundo cambial
Em momentos de aversão a risco, o dólar pode se valorizar com investidores do mundo todo buscando proteção da carteira.
Ibovespa
Investidores estrangeiros estão relocando entre países emergentes, vendendo Rússia e realocando em outros países, como, por exemplo, o Brasil que possui alta exposição em commodities no Ibovespa. Pode investir via ETF ou fundos passivos. Fundos de ações com gestão ativa podem ter performance superior ao índice.
Diversificação é muito importante, principalmente agora.
Investidores que ainda possuem uma baixa diversificação internacional devem usar esses momentos de fraqueza para aumentar a sua posição nessa classe de ativos.
Fabricio Oliveira, CFP