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Guerra Define Rumo da Economia Global

Publicado 21.03.2022, 08:44

Mais uma semana e a impressão é que vai se tornando remota uma solução “negociada” para a guerra da Ucrânia. Pelo lado dos ucranianos há até o esforço por um desfecho menos traumático, mas a intransigência de Vladimir Putin o torna algo distante. Instituições, como o Instituto de Finanças Internacional, IIF, por exemplo, já consideram a hipótese de uma “guerra prolongada”. 

O problema é que quanto mais vão se deteriorando as expectativas, desgastando os envolvidos no conflito, pior vai se tornando este cenário. Ainda mais porque Putin segue ameaçando retaliar contra o Ocidente, o que pode ser considerado um risco preocupante. 

No front econômico, tivemos uma rodada interessante de decisões dos bancos centrais. Aconteceram reuniões do Fed, Copom, Bank of England, Banco da Rússia, Banco da Turquia e Bank of Japan. Todos mobilizados pela explosiva trajetória das commodities, o petróleo avançando 39% neste ano, próximo a US$ 105, o trigo 42% e o milho 27%. Pelo CRB, as commodities já se valorizam neste ano 8%, depois de 30% no ano passado. 

O que se tem aqui é o risco da inflação deixar de ser transitória para se espalhar pela economia global e se disseminar pelos vários países. Os EUA e o Reino Unido já consideram, para este ano, a inflação acima de 8%, a Zona do Euro, com o CPI a 5%, se mostra atenta, na liderança de Christine Lagarde, presidente do BCE, ao contrário do Japão, mais relaxado na sua política monetária, pela inflação muito baixa. 

Neste contexto, se justificam as respostas dos bancos centrais, apertando suas políticas monetárias. Pela ordem, o Fed “resolveu virar a chave”, se mostrando mais incisivo (ou hawkish) no balizamento da taxa de juros, quase que definindo um “cronograma” para este ano de ajustes do Fed Fund (sete no total). Iniciou-se nesta semana o seu ciclo de juro, 0 – 0,25% a 0,25% - 0,50%, devendo se repetir em maio (dia 4) e nos meses seguintes, quando ocorrendo reuniões do FOMC.

 Estimativas iniciais do Fed sinalizavam uma taxa “terminal” em torno de 3,00%, mas, assim como o Banco Central Brasileiro, tudo condicionado pelos indicadores divulgados e o desenrolar da guerra da Ucrânia. Segundo Jerome Powell, algum tempo será necessário, mas acredita ser possível reduzir a inflação, dos atuais 7,0% para 2,1% no médio a longo prazo. Deseja atingir a estabilidade de preços e a geração forte de empregos. A completar, o desarme do balanço, marcado para se iniciar em maio. Objetivo aqui é a normalização monetária. 

Estas, aliás, assim como a duração da guerra, parecem ser as variáveis a guiar as decisões dos investidores neste tumultuado 2022. Dependendo do aprofundamento da guerra, mais dura deve ser a resposta dos bancos centrais. Ainda tivemos reuniões do Copom brasileiro, Bank of England, Banco da Turquia, Banco da Rússia e Bank of Japan. Cada qual ancorando suas expectativas, de acordo com a realidade econômica própria. 

Sobre a guerra, não nos parece haver interesse de Vladimir Putin numa solução negociada, mas sim a imposição de que os ucranianos se rendam logo, se tornando “neutros”, não aderindo à OTAN, se desmilitarizando e se “desnazificando”, o que quer que isso signifique, além de reconhecer a Criméia e as repúblicas separatistas de Donesk e Lugansk. 

Para piorar (e sempre pode!), uma nova cepa, Deltacron, derivada do Covid, numa simbiose entre a Delta e a Ômicron, vem se espalhando pela Ásia e Europa, crescendo em ritmo preocupante. Na leitura da OMS, esta pode representar a “ponta do Iceberg”, o que mobiliza a todos.

No Brasil, o Banco Central, na sua reunião desta semana, resolveu manter uma conduta mais “alternativa”, elevando a Selic de 11,75% a 12,75%, sinalizando mais uma elevação de um ponto percentual em maio, mas não assumindo novas elevações, por considerar aguardar os indicadores e o desenrolar da guerra na Ucrânia. É fato que há uma forte deterioração das expectativas com a inflação por estes tempos, na Focus, as projeções deste ano tendo passado de 5,65% para 6,45% em apenas uma semana, algo raro. 

Nesta toada, a perda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro ocorrendo, se refletindo nas pesquisas eleitorais, algumas mostrando Lula da Silva com 45% e o presidente com 25%. Visando reverter isso, várias medidas populistas vão sendo anunciadas, como o reajuste do Auxílio Brasil, a isenção no preço do combustível, com o esforço de um “auxílio gasolina”, devendo ser rejeitado no Congresso, por este ser ao eleitoral, e o recente pacote de estímulos, no total de R$ 165 bilhões, com a possibilidade de resgate do FGTS e antecipação do 13º salário dos aposentados.

Para a agenda desta semana estejamos atentos a Ata do Copom na terça-feira, as negociações em torno da guerra e na sexta-feira, o IPCA-15 de março, previsto em 1%.

Boa semana a todos!

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