Grécia: O Grande Risco da Zona do Euro

Publicado 15.02.2017, 10:38

O mundo saiu da crise de 2008 sabendo que os efeitos da mesma se perpetuariam por muito tempo. A Grécia é um exemplo de que esse tempo pode ser bem mais duradouro do que se esperava, e os efeitos, bem mais agressivos.

Há 9 anos, quando o mundo procurava meios de se manter estável economicamente, a Grécia começou a ver sua dívida crescer. Uma mistura de programas previdenciários ruins, excesso de benefícios cedidos pelo governo e uma cultura de empregos não muito animadora foram as principais variáveis dessa equação, que resultou no enorme déficit. Todavia, quando o risco era apenas grego, a preocupação não era grande. Agora que o berço da democracia começa a trazer risco à União Europeia, a atenção chegou ao nível global, e a pergunta é: existe uma solução?

Até para os mais otimistas, os números gregos dão medo: a taxa de desemprego atingiu a assustadora marca de 23%, o que faz pensar se o país terá fôlego para realizar sua recuperação. Mas é a dívida, acumulada em mais de €420 bilhões e representando mais de 175% do PIB grego, que mais assusta. É nela que reside a incerteza do país europeu.

Era 2010, quando a Grécia recebeu o primeiro de três bailouts. Mas nenhum foi capaz, ainda, de retirar a terrível previsão do FMI: em 2030, a dívida grega se tornará “explosiva”. O Fundo, contudo, pode estar errado, já que 2030 deve chegar bem antes do imaginado… No verão europeu, o país terá que pagar quase €7,5 bilhões em dívidas, quantia inexistente nos cofres gregos atualmente. O mercado já vem precificando o risco do país, os títulos gregos vêm operando em altas diárias, chegando a quase 10% de alta em dois anos. As agências de risco Moody’s e Fitch classificaram, respectivamente, o país como Caa3 e CCC, níveis arriscados, com alta probabilidade de inadimplência e um baixo interesse do mercado.

O cenário grego pode parecer um tanto quanto desesperador, mas o Banco Central Europeu (BCE) parece estar disposto a ajudar ainda mais o país. O BCE propôs uma compra bilionária de títulos gregos no seu programa de compras de título públicos (PSPP). Dessa forma, o volume de dinheiro injetado na economia grega seria capaz de reviver o consumo e a inflação, dando esperança para uma possível melhora do país.

O problema é o risco que a União Europeia estaria colocando em sua carteira: comprar uma quantidade de bonds gregos para ajudar o país representa ter em mãos uma quantidade enorme de um título volátil a ponto de danificar a economia toda do bloco. Essa preocupação já foi expressa por alguns líderes e chefes de estado.

O presidente do BCE, Mario Draghi, foi um dos primeiros a expressar sua opinião sobre o caso grego. O italiano foi bem claro ao dizer que o banco central ajudaria na compra dos títulos apenas se o país começasse a tomar medidas realmente efetivas de austeridade. No mesmo caminho, o ministro alemão Wolfgang Schäuble propôs uma contrapartida mais severa. Caso as melhorias na política grega não ocorram, ele defende a retirada da Grécia da Zona do Euro como única saída, tanto para o país quanto para uma União Europeia estável. E o ministro alemão não esta sozinho nessa. Chefes de Estado e secretários de países como Finlândia e França concordam.

Foi a equipe do presidente norte-americano, Donald Trump, que tratou a situação com menos diplomacia. O presidente já tinha dito em um tweet que a Grécia já deveria ter se retirado da Zona do Euro. Mas foi Ted Malloch, o possível embaixador de Trump na União Europeia, que expôs sua opinião direta em Bruxelas: para a Zona do Euro sobreviver, a Grécia precisa sair.

O risco de a Grécia colapsar aumenta a cada dia. A União Europeia deseja ajudar, mesmo não sendo a vontade de certos líderes, mas para isso acontecer serão necessárias difíceis mudanças locais.

Por fim, a pergunta que nos próximos meses ficará no ar pelo mundo é: estaremos próximos de um Grexit?

Por Gustavo Kronenberger (Órama)

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