Por Pinchas Cohen
Ontem, o ministro russo de Energia defendeu a possibilidade de incluir uma extensão adicional de três meses sobre a proposta já sobre a mesa de prorrogar por nove meses o corte na produção de petróleo. O WTI disparou mais um dólar até a Opep descartar a alternativa hoje cedo. Entre 5h30 e 5h32 o WTI afundou 2,58%, perdendo US$ 1,33 para US$ 50,17 o barril.
O rali inicial sobre a possibilidade de extensão adicional de mais três meses e a derrocada quando a alternativa foi descartada formou um mega padrão de engolfo de baixa de três dias. Em outras palavras, os touros trabalharam com força por três dias, mas os ursos conseguiram devolver tudo em uma hora. Esse é um mau presságio psicológico em relação à commodity.
O acordo original de corte na produção assinado pela Opep e grandes exportadores em, respectivamente, 30 de novembro e 10 de dezembro de 2016 foi o primeiro pacto global desde 2001. Os mercados não acreditavam que isso iria realmente ocorrer, nem, caso ocorresse, teria força durante todo período de vigência.
Para surpresa geral, aconteceu e foi cumprido. Desde a mínima de 30 de novembro em US$ 45,22 até a máxima de 3 de janeiro de US$ 55,24, o preço do barril do petróleo saltou impressionantes US$ 10,02, ou 22,16% em pouco mais de um mês.
Contudo, a produção no shale dos EUA acelerou e colocou um limite no preço, que falhou em buscar novas máximas. O aumento da extração norte-americana e dos estoques pesou fortemente sobre o preço do petróleo e pressionou o desde a máxima de US$ 54,94 de 24 de fevereiro - apenas 30 centavos abaixo do maior valor de janeiro, depois de tocar os US$ 26 em fevereiro de 2016. O preço despencou para a mínima de US$ 43,74 em 5 de maio, uma queda de US$ 11,18, ou 20,35% em dois meses e meio.
Opep e grandes exportadores vieram ao resgate. A discussão de uma extensão no corte de produção começou e o preço avançou – da mínima de 5 de maio à máxima de hoje, US$ 52, logo antes da Opep descartar a opção russa de extensão adicional de três meses.
O padrão de trading entre a máxima de 24 de fevereiro e a mínima de 5 de maio formou um canal de baixa, que demostrou que acima de tudo, a oferta está superando a demanda. Talvez, mais o mais importante, tanto compradores como vendedores concordam que os preços irão cair. Por que mais os compradores aceitam comprar – e vendedores aceitam vender –, mas apenas a preços cada vez mais baixos?
Altas menores, quedas maiores
O rali atual está tocando no topo do canal de baixa. Isso é quando o candle de onda de alta é formado. É um ponto crítico tanto para preços – por estar perto do topo do canal –, quanto como evento – o acordo de corte de produção que foi o maior driver do petróleo desde novembro.
Agora, olhando as proporções do canal. Veja que cara declínio é mais forte que o anterior. Pelo outro lado, cada rali é semelhante em proporção com os anteriores.
Entre a primeira vez que o petróleo bateu no teto em 23 de fevereiro com a máxima de R$ 54,94 e a segunda vez que tocou em 12 de abril, aos USR 53,75, houve um declínio de 2,14%. No evento seguinte, entre a máxima de 12 de abril e a de hoje, aos US$ 52,00, houve declínio de 3,27%.
Por outro lado, entre a primeira vez que o petróleo tocou a mínima do canal em 10 de janeiro aos US$ 50,71 e a segunda vez, em 14 de março, a US$ 47,09, houve uma diferença de 7,21%. Novamente entre a mínima de 14 de março e a vez seguinte que tocou o fundo do canal, em 5 de maio a US$ 43,76, houve declínio de 7,07%.
As quedas dos preços são o dobro em percentual, e valor de dólar, do que as altas no rali. Isso mostra em qual sentido está a força. Vemos máximas menores e mínimas ainda mais baixas.
O RSI também, que mede a velocidade e a mudança do movimento do preço, confirma uma tendência de queda na cotação do petróleo. Veja que o indicador de momentum caiu abaixo da marca de sobrevendido tanto nas mínimas de março e maio, mas nunca ultrapassou a marca de sobrecompra nos ralis seguintes. Mais ainda,o preço nunca alcançou o topo do canal e a fraqueza é projetada no indicador, RSI, que falhou em alcançar a marca de sobrecompra e cedeu com a derrota.
Preço alvo
Após testar a mínima de US$ 43,76 em 5 maio, o canal indica queda. Se o padrão de 7% de queda entre as mínimas permanecer, podemos projetar o petróleo a US$ 40,70. O tempo entre as mínimas foi de 6 a 8 semanas. Podemos usar isso parâmetro para a duração do trade.
Estratégias de trading
Conservadores devem aguardar o preço tocar na máxima do canal a US$ 52,70 antes de operar vendido.
Moderados podem aguardar a correção para testar novamente a máxima de hoje, ou perto disso, aos US$ 52, antes de operar vendido.
Agressivos podem unir os cenários fundamentalista e técnicos e entrar na maior relação risco-benefício, entre a resistência do canal de alta, ou até a máxima de 12 abril abaixo de US$ 54 e a mínima de 5 de maio de US$ 44, e vender agora, enquanto gerenciam seus fundos para permitir flutuações até a resistência.