Na semana passada, surgiram rumores sobre uma possível fusão entre o Grupo Mateus (BVMF:GMAT3) e a Sendas Distribuidora (conhecida popularmente como Assaí) (BVMF:ASAI3). Embora ambas as empresas tenham desmentido a possibilidade, negociações como essa levam tempo e envolvem muitos detalhes, o que tornam comuns as negativas ante qualquer rumor. Seja verdade ou não, os olhos do mercado financeiro se voltaram para as duas gigantes do atacarejo brasileiro, abrindo espaço para comparações.
Fundado em 1986, o Grupo Mateus começou como uma pequena mercearia no Maranhão e rapidamente cresceu de forma notável, transformando-se em um dos maiores grupos de varejo e atacado do Brasil, especialmente no Norte e Nordeste do país. Em 2020, a empresa realizou seu IPO na B3 (BVMF:B3SA3), e captou recursos significativos para continuar sua expansão e modernização. A empresa opera com várias bandeiras, incluindo o Supermercado Mateus, Mix Atacarejo e Eletro Mateus, oferecendo uma ampla gama de produtos que vão desde alimentos e bebidas até eletrodomésticos e produtos eletrônicos. Sua capitalização de mercado atual é de R$ 17,6 bilhões.
Já a Assaí Atacadista, oficialmente Sendas Distribuidora, tem suas raízes no Grupo Pão de Açúcar (BVMF:PCAR3) e foi fundada em 1974. Originalmente parte das operações do GPA, a Assaí foi criada para atender o segmento atacadista com foco em pequenos e médios comerciantes que buscavam preços competitivos em compras de volume maior. Ao longo das décadas, cresceu significativamente. Em 2020, foi desmembrada do GPA e listada separadamente na B3, ganhando autonomia para seguir estratégias de crescimento próprias. Atualmente, a empresa se destaca como uma das maiores redes de atacado de autosserviço do Brasil, com centenas de lojas distribuídas pelo território nacional e valor de mercado calculado em R$ 13,5 bilhões.
Utilizando as ferramentas avançadas do InvestingPro, analisamos Grupo Mateus e Assaí Atacadista para entender o panorada de seus negócios e qual das empresas se destaca mais atualmente.
Preço-Justo
A ferramenta de preço-justo do InvestingPro indica valor estimado para o Grupo Mateus em R$ 9,86, enquanto a cotação atual é de R$ 7,98. Esse cenário representa um potencial de valorização de aproximadamente 24%, o que é considerável no mercado de ações. A mediana de nove analistas sugere um preço-alvo de R$ 9,74, corroborando a tese de que a ação está subvalorizada.
A ação GMAT3 está sendo negociada abaixo de seu preço-justo devido a uma combinação de fatores subestimados pelo mercado. Os modelos de valuation mais otimistas incluem o Modelo de Descontos de Dividendos Multiestágios, com um preço-justo de R$ 14,82, que avalia os dividendos futuros descontados a valor presente; o Modelo de Fluxo de Caixa Descontado com Saída pelo EBITDA em 10 Anos, com preço-justo de R$ 11,26, que calcula o valor da empresa baseado na projeção de EBITDA futuro; e o Modelo de FCD com Saída pela Receita em 10 Anos, com preço-justo de R$ 11,16, que projeta as receitas futuras. Esses modelos indicam que o mercado está subavaliando o potencial de crescimento e a saúde financeira do Grupo Mateus.
A Assaí não fica atrás, com preço-justo estimado em R$ 13,83, enquanto a cotação atual é de R$ 9,98 -- um upside de aproximadamente 39%. Já a mediana de 13 analistas sugere um preço-alvo de R$ 16,05, mostrando que o mercado está ainda mais otimista com o papel do que o InvestingPro.
A ação ASAI3 está sendo negociada de forma imperfeita, devido a uma série de fatores. Os principais modelos de valuation otimistas incluem o Modelo de FCD com Saída pelo EBITDA em 5 Anos, que apresenta um preço-justo de R$ 18,99, e o Modelo de FCD com Saída pelo Crescimento em 5 Anos, com preço-justo de R$ 18,91. Esses modelos avaliam a empresa com base nas projeções de EBITDA e crescimento futuro, respectivamente, descontando esses fluxos de caixa a valor presente e subestimando o valor intrínseco da empresa se comparado ao que o mercado atual está precificando.
Saúde Financeira
Certos indicadores contribuem para a possível valorização das ações do Grupo Mateus. A empresa apresenta um atrativo P/L de 13,7x, uma forte Liquidez Corrente de 2,2x e uma previsão de lucro de R$ 1,2 bilhão em 2024. O InvestingPro calcula sua nota geral de Saúde Financeira em 2,98, acima da média, muito graças ao lucro líquido de R$ 327 milhões reportado no segundo trimestre de 2024. Esses números mostram uma empresa com uma posição financeira sólida, capacidade de geração de lucros consistentemente positiva e um balanço robusto, fatores que podem atrair investidores e impulsionar o preço das ações.
No entanto, há desafios a serem considerados, como a alta concorrência no setor de varejo e a dependência da região Nordeste do Brasil. A empresa também possui um PEG Ratio de 1,35x (a relação Preço/Crescimento da Receita) e uma Dívida Total/Capital Total de 12%, o que pode preocupar investidores mais cautelosos.
Também há razões para acreditar que a Assaí tem fundamentos sólidos e bom potencial de valorização. O Rendimento de Fluxo de Caixa Livre de 9,4% indica uma forte capacidade de geração de caixa. O EV/Receita de 0,5x mostra que a empresa é avaliada de forma atrativa em relação às suas receitas. A previsão de lucro superior a R$ 770 milhões em 2024 também é ponto positivo. Além disso, indicadores como Preço/Vendas dos Últimos 12 Meses de 0,2x e Preço/Taxa de Crescimento do Fluxo de Caixa Operacional de 0,2 indicam que a empresa está subvalorizada e pode proporcionar retornos atraentes aos investidores.
Por outro lado, analistas têm revisado para baixo as previsões de lucros, o que pode impactar a confiança no desempenho futuro da empresa. Além disso, indicadores de liquidez como Liquidez Corrente de apenas 0,8x e Liquidez Seca de 0,4x, bem como uma elevada proporção Dívida/Patrimônio Líquido de 558%, sugerem uma posição financeira não tão confortável. A nota geral de Saúde Financeira de apenas 2,46 é abaixo da média, com destaques negativos nas categorias de Tendência de Preço (1,52) e Fluxo de Caixa (1,99).
Vale a pena investir?
Com a ação subvalorizada e diversos indicadores promissores, o Grupo Mateus tem potencial de crescimento, além da sólida posição financeira e estratégias claras de expansão. Já a Assaí possui métricas interessantes de de geração de caixa e inflação de receitas para justificar o upside também alto no papel.
As duas empresas são importantes players no mercado brasileiro de varejo e atacado, cada um com suas próprias oportunidades de crescimento. O Grupo Mateus, com forte presença regional no Norte e Nordeste do Brasil, opera uma gama diversificada de negócios e mostra resiliência através de sua sólida posição financeira e capacidade de expansão. A Assaí, por outro lado, destaca-se no segmento de atacado de autosserviço com uma extensa rede nacional, eficiência operacional e potencial significativo de valorização baseado em seus fundamentos atrativos de geração de caixa e receitas.
Ambos os grupos enfrentam desafios específicos, como alta concorrência e necessidades de melhorias em liquidez. No entanto, suas subvalorizações atuais oferecem upside considerável para investidores. Se a Assaí apresenta um potencial de valorização mais amplo (39% x 24%), o Grupo Mateus oferece uma Saúde Financeira mais estável (2,98 x 2,46).
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OBS: Dados coletados na quarta-feira, 04 de setembro de 2024