A greve geral convocada para esta sexta-feira contra as reformas da previdência e trabalhista pode ser considerada um fracasso. Bloqueios realizados por pequenos grupos em importantes vias das principais cidades brasileiras dificultaram a locomoção das pessoas aos seus locais de trabalho.
Em plena sexta-feira, véspera de mais um feriado, muitos brasileiros, que não aderiram ao movimento e saíram para trabalhar, optaram por retornar as suas residências em função da impossibilidade de locomoção. Com isso, o movimento nos centros urbanos caiu acentuadamente, dando um ar de feriadão.
Ao constatar que as aglomerações aparentavam volume significativamente baixo nos pontos de manifestações na parte da manhã (prenúncio de um fracasso), alguns participantes desses grupos resolveram lamentavelmente partir para a violência.
A classe média não foi para as ruas se manifestar, mas sim para tentar trabalhar, o que gerou grande alívio ao governo. Com apenas os sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda tentando impedir o direito de ir e vir da população, o Congresso está com sinal verde para continuar tocando a agenda impopular de reformas.
Aproveitando a onda do fracasso da greve geral, Michel Temer também está com a faca e o queijo na mão para endurecer o jogo com sua base aliada. Os deputados que traíram o governo na votação da reforma trabalhista nesta semana tendem a ser punidos com a retirada de cargos de terceiros e quartos escalões.
No cenário externo, o Departamento de Comércio informou que o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos subiu apenas 0,7% durante o primeiro trimestre de 2017, impactado pela brusca redução dos gastos dos consumidores (que representam dois terços da economia). O resultado ficou muito abaixo das expectativas de economistas e analistas (em torno de 1,2%) e marcou o pior desempenho em três anos.
O número é o primeiro viés negativo econômico para Donald Trump e gerou preocupações entre investidores/operadores de que a redução de impostos, as desregulamentações e o aumento do gasto público podem atrasar ou mesmo se tornar inviáveis nos moldes atuais.
Wall Street recuou nesta sexta-feira refletindo a decepção com a atividade econômica. Entretanto, no acumulado da semana, os índices subiram, permanecendo colados nas suas respectivas máximas históricas.
O dólar contra cesta de principais moedas globais fechou mais uma semana em baixa e segue vendido no curto prazo, na mínima do ano.
A Treasury de 10 anos segue bullish, com intensa briga entre players de mercado pela média móvel simples de 200 períodos semanal, região de forte suporte e divisor de águas para o curto e médio prazo. A perda deste importante patamar de sustentação poderá acionar stops de posições vendidas ainda em aberto.
Na Europa, destaque para a disparada da inflação, dificultando que o BCE (Banco Central Europeu) continue fazendo vista grossa para manter seu forte programa de estímulo monetário.
A Agência de Estatísticas da União Europeia informou nesta sexta-feira que a inflação na zona do euro subiu forte no mês de abril, atingido 1,9%, máxima dos últimos quatro anos. A meta a ser perseguida pelo BCE é de 2%, restando, portanto, pouca margem de tolerância para os meses seguintes.
No Brasil, o índice Bovespa fechou a semana em alta, superando levemente a LTB dos 69,5k. Mercado tentando emplacar uma nova perna de alta, mas ainda barrado pela zona de congestão de curtíssimo prazo.