- As grandes empresas petrolíferas registraram resultados fortes no primeiro trimestre do ano, apesar da queda dos preços da commodity.
- Ainda não está claro se conseguirão sustentar esses ganhos no segundo trimestre, na medida em que a cotação do petróleo segue em queda.
- Um recuo maior nos preços do mercado permitiria que as empresas com mais caixa pudessem fazer aquisições e se posicionar melhor para o próximo ciclo de alta da demanda.
As grandes empresas petrolíferas divulgaram seus balanços para o primeiro trimestre na semana passada e nesta semana, e os resultados foram positivos em sua grande maioria, apesar dos preços mais baixos da commodity.
A ExxonMobil (NYSE:XOM) teve um lucro recorde no período, enquanto a Chevron (NYSE:CVX) superou as expectativas do mercado. Até mesmo as empresas europeias do setor, que não costumam gerar tanta receita quanto suas concorrentes americanas, mostraram resultados robustos. As refinarias também registraram bons números financeiros. A grande questão é saber se esses resultados acima das expectativas conseguirão ser mantidos no segundo trimestre, diante da continuidade da queda do petróleo.
A ExxonMobil obteve um lucro de US$ 11,4 bilhões e encerrou o trimestre com US$ 33 bilhões em caixa. Esse é o maior volume de caixa livre que a empresa obteve desde 2008. A área que mais contribuiu para esse excelente desempenho foi a de refino e comercialização (downstream).
Os preços do WTI registraram uma média de apenas US$ 76,08 por barril no primeiro trimestre, uma queda significativa em relação aos preços de 2022. A área global de refino da ExxonMobil gerou um lucro de US$ 4,2 bilhões, uma grande mudança em relação ao mesmo trimestre do ano passado, quando o setor teve prejuízo decorrente dos altos custos de manutenção.
A Chevron alcançou US$ 6,6 bilhões, o que, segundo o Wall Street Journal, é mais que o dobro da média trimestral da companhia nos últimos dez anos.
Assim como na ExxonMobil, o setor de refino da Chevron ajudou a impulsionar os resultados da empresa, mesmo com a queda dos números do setor de exploração e produção (upstream). A Chevron se beneficiou de margens mais altas em produtos refinados e maior demanda por querosene de aviação.
Refinarias americanas, como Marathon Petroleum (NYSE:MPC) e Valero Energy (NYSE:VLO), também registraram lucros robustos. Embora a demanda por diesel tenha caído recentemente, o aumento da demanda por combustível de aviação e as exportações mais do que compensaram a diferença.
Os resultados da BP (LON:BP) também ficaram acima das expectativas: US$ 5 bilhões neste trimestre, em comparação com US$ 4,8 bilhões no último trimestre de 2022. No entanto, a maior parte da receita da companhia veio da comercialização de gás natural e petróleo. Os números seguem a tendência dos últimos trimestres, quando a divisão de trading de petróleo gerou lucros elevados para a companhia.
A empresa de energia sediada em Londres deve continuar gerando receita com a comercialização de petróleo e gás em momentos de baixa do mercado, mas um arrefecimento maior da demanda global deve impactar os resultados da unidade.
Se os preços do petróleo continuarem caindo, é pouco provável que essas empresas registrem lucros tão altos. As margens de refino nos EUA já estão US$ 10 mais baixas do que no ano passado.
A demanda por destilados, considerada uma medida da atividade industrial dos EUA, ficou abaixo da média de 5 anos na maior parte do primeiro trimestre. Se continuar em queda, é bem provável que a forte demanda por combustível de aviação não consiga compensar as perdas.
Diversos analistas esperavam que a China registrasse uma demanda petrolífera mais forte, mas a atividade industrial do país acabou não se recuperando plenamente.
A demanda local tem sido forte, ocorre que a indústria manufatureira segue enfraquecida. Caso não haja uma retomada, tudo leva a crer que este trimestre será bastante difícil para os resultados e os preços das ações das grandes petrolíferas.
No entanto, um recuo do mercado permitirá que as companhias com uma sólida posição de caixa, como a ExxonMobil e a Chevron, consigam adquirir outras empresas ou pelo menos aumentar seu poder de barganha. Isso permitirá que se posicionem melhor para o próximo ciclo de alta da demanda.
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Aviso: A autora não possui atualmente qualquer posição nos ativos mencionados. Publicado originalmente em inglês 04/05/2023.