O dólar atingiu o pico em 28 de setembro contra as principais divisas, a 115,00 pontos. Mais uma alta de 5,5% faria com que a moeda de reserva mundial atingisse seu nível mais alto desde fevereiro de 1986, após a decisão de 1985 dos países do G5 (França, Alemanha, EUA, Reino Unido e Japão) de depreciar o dólar em relação ao iene e ao marco alemão.
Hoje, a alta do dólar está novamente ameaçando uma liquidação dos ativos de risco, o que pode levar a uma crise financeira. A máxima de 20 anos da moeda americana está colocando em risco as dívidas denominadas em dólares de economias emergentes, pressionando muitas moedas desses países, como a rúpia indiana, que atingiu a mínima histórica contra o dólar em 20 de outubro, bem como o iuane chinês, que recuou até as mínimas recordes de 1 de novembro. O dólar canadense alcançou seu menor patamar em dois anos contra a moeda dos EUA, e o euro afundou até a mínima de vinte anos. O franco suíço recuou até seu nível mais baixo desde maio de 2019, ao mesmo tempo em que tocou seu maior patamar contra o euro desde janeiro de 2015.
Em 20-21 de outubro deste ano, o iene ficou abaixo de 150, menor valor desde 1990, forçando o Banco do Japão a intervir no mercado. Em 25 de setembro, a libra esterlina sofreu sua pior queda mensal desde a votação do Brexit, registrando uma mínima histórica, devido a problemas domésticos.
A supervalorização do dólar não pressionou apenas outras moedas, mas também o ouro e o bitcoin, que atingiram suas mínimas de dois anos em 28 de setembro e 21 de novembro, enquanto o petróleo formou topo e as ações divergiram negativamente em relação à moeda americana.
Depois de "dormir ao volante" no ano passado, enquanto a inflação nos EUA atingia seu nível mais alto em 40 anos, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) elevou os juros em 0,75% por quatro vezes consecutivas, deixando claro que faria o que fosse necessário para trazer a inflação para baixo.
No entanto, outros fatores estavam promovendo a alta da moeda de reserva mundial. As criptomoedas atuaram como “dólares digitais” em prejuízo de divisas domésticas, e o “bear market” (mercado de baixa) e a guerra na Ucrânia fizeram com que os investidores recorressem à moeda americana em busca de proteção.
O dólar atingiu o pico após a divulgação de último índice de preços ao consumidor (IPC), que veio abaixo do esperado, e a ata do Fomc, comitês de política monetária dos EUA, que revelou a intenção dos seus membros de reduzir o ritmo de elevação de juros. No entanto, o recuo de 8% do dólar desde a máxima de 28 de dezembro também foi técnico, pois foi quando se desfizeram as compras exageradas na divisa.
As atenções do Fed estão direcionadas ao emprego nos EUA como vetor da inflação, portanto o relatório sobre o mercado de trabalho na sexta-feira pode gerar fortes movimentos na moeda americana.
Agora, vamos ver como esse complexo cenário está impactando o dólar nos gráficos.
O dólar concluiu uma bandeira ascendente, um período de descanso após um forte declínio. O rompimento para baixo demonstra que novos vendedores substituíram os anteriores, que realizaram lucro após uma acentuada queda do mercado.
Alvo
Analistas técnicos conservadores projetam a extensão do movimento anterior de 11-15 de novembro, que foi de 5,65 pontos, para definir o alvo. Traders agressivos fazem a medição a partir do topo do movimento, em 3 de novembro, o que corresponde a uma queda de 7,81 pontos em oito sessões, partindo do rompimento de 107,30. Esses dois movimentos indicam alvos em 101,65 e 99,49, respectivamente.
No entanto, mesmo que o dólar siga esse caminho, minha expectativa é que seja um movimento de curto prazo, antes de haver a sincronização com a tendência de alta de médio prazo.
A moeda dos EUA completou um grande padrão de continuação em OCO, e o atual declínio representa um movimento de retorno para retestar e confirmar a resistência anterior que se tornou em suporte.
Por que o dólar continuaria subindo, se a inflação atingiu o pico e o Fed deve reduzir o ritmo de elevações de juros? A política de Covid zero na China e a atual guerra na Ucrânia representam riscos maiores de alta do que a inflação neste momento.
Estratégias de negociação
Traders conservadores devem aguardar um movimento de reteste da integridade da bandeira.
Traders moderados devem aguardar uma correção para realizar uma melhor entrada.
Traders agressivos poderiam abrir compra contra a tendência nas mínimas de duas semanas, antes de se juntar aos outros traders na venda.
Exemplo de operação – Compra agressiva (USD)
- Entrada: 105,60
- Stop-Loss: 105,30
- Risco: 30 pips
- Alvo: 106,50
- Retorno: 90 pips
- Relação risco-retorno: 1:3
Exemplo de operação – Venda moderada (USD)
- Entrada: 107,00
- Stop-Loss: 108,00
- Risco: 100 pips
- Alvo: 104,00
- Retorno: 300 pips
- Relação risco-retorno: 1:3
Aviso: No momento da publicação, o autor não tinha qualquer posição nos instrumentos mencionados.