- Ouro começou bem a semana.
- No entanto, os fundamentos do metal amarelo continuam desfavoráveis no longo prazo.
- Tecnicamente, um teste da região de resistência entre US$ 1660 a 1676 será fundamental a partir de agora.
O ouro começou a sessão desta segunda-feira com o pé direito no exterior, refletindo um tom mais calmo nos mercados financeiros, após o ministro de finanças do Reino Unido descartar as controversas medidas do “miniorçamento” do novo governo.
Ainda assim, os fundamentos parecem desfavoráveis para ativos com baixo ou nenhum rendimento, em razão do ambiente de rápida ascensão dos juros.
O otimismo no curto prazo aumentou a pressão de queda das taxas dos títulos e, com isso, moedas como a libra esterlina e o euro, além do ouro, empreenderam alta, juntamente com os mercados acionários.
Mas, devido à desvalorização do ouro na semana passada, encerrando uma recuperação de duas semanas, o caminho de menor resistência para o metal continua sendo para baixo. A incapacidade do metal de se firmar acima da mínima de 2021 a US$ 1676 reduziu a disposição dos compradores de aproveitar as correções para acumular posição, abrindo espaço para os vendedores continuarem pressionando o mercado para baixo.
No momento em que escrevo, o ouro estava testando uma importante zona de resistência entre 1660 e 1676, que atuou como suporte no passado. Se os vendedores conseguiram defender o terreno nessa região, o próximo movimento do ouro pode ser uma queda abaixo da mínima de setembro em US$ 1614, a fim de se aproveitar a liquidez nessa zona.
É preciso lembrar, contudo, que nada mudou do ponto de vista dos fundamentos a ponto de ensejar uma tomada agressiva de risco, dado que o Fed ainda está apertando sua política monetária e deve realizar mais um aumento de 75 pontos-base nos juros na semana que vem. Nesse contexto, o ouro, que não fornece rendimento, provavelmente continuará sob pressão, apesar do repique de hoje.
De fato, como citamos na semana passada, é bem provável que os juros continuem subindo nos EUA de forma agressiva. Isso porque o último relatório do índice de preços ao consumidor ficou acima do esperado, acabando com as esperanças de que o Fed mude de postura para adotar uma política mais flexível. Além disso, os índices de expectativas de inflação medidos pela Universidade de Michigan sugerem que as medidas de preço estão se consolidando.
As expectativas de inflação para um ano registraram uma alta de 5,1%, contra 4,7% anteriormente, enquanto as de cinco a dez anos saltaram para 2,9%, contra 2,7% na semana passada, sugerindo que ambos os índices estão crescendo.
Isso é justamente o que o Fed não quer neste momento. Praticamente todos os membros do comitê de política monetária do banco central dos EUA concordam que ainda há muito trabalho a ser feito para trazer a inflação para baixo no país, o que ressalta a necessidade de uma política mais restritiva. Mas, diante da alta das expectativas de inflação, sua missão se tornou ainda mais desafiadora.
Aviso: O autor atualmente não possui nenhum dos ativos mencionados neste artigo.