Por Pinchas Cohen
Ironia é quando o oposto do que você espera acontecer, acontece, geralmente com resultados divertidos. Contudo, o petróleo é o melhor rali do ano e surpreendeu os investidores (não de uma forma positiva) depois de a mídia divulgar amplamente que a commodity tinha oficialmente entrado em ‘bear market’. Nós projetamos a queda em diversos posts nos últimos meses e ainda vemos uma correção. Com o risco de arruinar nosso histórico, nós vamos para uma terceira previsão aqui: este é o momento encerrar a correção e retestar a mínima de US$ 42, com queda esperada para US$ 40.
Argumento fundamentalista: UBS disse que o petróleo vai continuar a subir
O analista do UBS Giovanni Staunovo prevê um rali de 20% até o final do ano. Ele argumenta que o sentimento do mercado é muito negativo, o que significa que os investidores deverão superar seu pessimismo sem fundamentos em algum momento e aumentar a demanda. Seu principal motivo, no entanto, é que ele acredita que a oferta será cortada, por causa da promessa da Opep de ‘fazer o que for necessário’ para controlar a oferta. Staunovo acredita que a produção começa a mostrar resultado com a agência internacional de energia mostrando que o crescimento da demanda superou o da oferta no segundo trimestre. Isso deverá se acelerar no segundo semestre, até o reequilíbrio do mercado.
EUA dizem que o petróleo vai cair
Primeiramente, como Giovanni pode pensar que os investidores de petróleo ficaram muito negativos, logo após eles terem comprado no mais longo rali do ano, elevando os preços em US$ 10 e cortando pela metade as perdas da maior queda?
Segundo, como ele pode se basear que a Opep e seus amigos farão ‘o que for necessário’, depois de a própria Arábia Saudita quebrar sua promessa em maio, derrubando os esforços da Rússia de incluir uma opção para estender o acordo por mais três meses, assim como frustrou os investidores ao não aprofundar os cortes. Não há um especialista que não foi surpreendido pelo cumprimento do pacto pelos membros da Opep, dado que a expectativa era de que os países iriam burlar o acordo como sempre fizeram no passado.
Essa é a tendência. O atual cumprimento do pacto é a anormalidade, a correção. Se a Opep está disposta a ‘fazer o que for necessário’, por que não colocaram no pacto que eles cortariam mais produção sempre que necessário para compensar o aumento da produção na Líbia e na Nigéria – dois membros que foram isentados de cumprir o acordo? Quanto tempo demorará até que os demais membros, que historicamente sempre violaram os acordos do tipo, vão sentar e acompanhar a Nigéria e a Líbia tirarem vantagem de seus competidores, enquanto eles aguardam?
Terceiro, Giovanni vê os sinais iniciais de corte da Opep, porque a agência internacional de energia mostrou que no segundo trimestre o aumento da demanda superou o da oferta, e que o reequilíbrio ocorrerá no segundo semestre. Então, como ele explicaria que os preços tenham afundado para um valor menor do que tinham antes do acordo, gerando dúvidas sobre o próprio acordo? Apesar de os preços terem subido acima do ponto anterior ao de 30 de novembro, na assinatura do pacto da Opep, como eles ainda estão abaixo do fechamento do primeiro dia após o acordo?
Na última sexta-feira, a Baker Hughes mostrou a primeira queda no número de sondas em atividade em 24 semanas, com duas unidades a menos, o que empurrou o petróleo para alta de 2,5%. Mas, e as 24 semanas de alta? Essa é a tendência, não a única queda neste período.
A contagem de sondas contratadas mais que dobrou desde a mínima de 316 em maio do ano passado. Os relatórios de hegding das companhias de shale para garantir US$ 50 o barril, combinado com outras análises mostradno que a produção se torna lucrativa a partir de US$ 20, são o risco do mercado, e não seu upside.
Perspectiva Técnica
O petróleo vem sendo negociado em um canal de baixa desde fevereiro. Ele executou uma cruz morta, quando a média móvel de 50 dias (verde) cruzou abaixo da média móvel de 200 dias em meados de maio e confirmou quando resteou em junho, com a linha de 50 dias superando e voltando a ficar abaixo da de 200 dias. Isso ocorreu no início da queda de 19%, US$ 10, entre o fim de maio e o início de junho
Depois de tocar o piso do canal, uma segunda cruz da morte foi executada, quando a média móvel de 100 dias (laranja) cruzou abaixo da linha de 200 dias, colocando todas as três médias móveis em formação bearish, na qual a média móvel mais recente está sempre mais baixa do que a mais longa, apontando a direção do momentum do preço. Nesse ponto, o petróleo estava em correção, com os investidores vendidos realizando lucros e os compradores do fundo aumentando a demanda.
Para os leitores que apontam que a correção não chegou ao topo do canal, este não é um mundo perfeito. O RSI, contudo, mostra que o momentum do movimento de fato tocou no topo do canal. O petróleo subiu US$ 5, metade da queda anterior. A maior parte das correções recuperam metade do movimento anterior.
Contudo, ainda mais importante que o retorno em percentual é o mapa de oferta e demanda dos traders. O preço acabou por parar na mínima de março, então suporte. Mas uma quebra do suporte geralmente transforma o mesmo em resistência, com os investidores vendidos recebendo confirmação e os compradores entrando na tendência, resultando numa pressão baixista, onde havia pressão altista.
Outra coincidência interessante é que o preço parou, tocando a média móvel de 50 dias (verde), onde projetamos que a correção deverá parar.
Desde o início da pesquisa para este artigo, o preço afundou 1,6%, após 10 dias de ganhos no que aponta para ser a primeira queda desde o rali de 22 de junho. Esse desenvolvimento também adiciona uma vela com padrão de engolfo de baixa, que deverá ter efeito bola de neve sobre um questionamento crescente dos investidores se eles haviam exagerado. Se a correção se configurar, os traders que ainda estão seguindo a manada de alta vão se aproximar do abismo e pular, junto com os preços, até o fundo de US$ 40.
Estratégias de trading
Conservadores deverão possivelmente esperar com venda para um possível retorno à resistência dos US$ 47, acima da qual devem colocar o stop-loss.
Moderados deverão ficar felizes com um retorno à mínima de ontem nos US$ 46,74, que seria metade da queda de hoje, e assumindo o risco de uma outra metade, com stop-loss acima dos US$ 47.
Agressivos que aceitam mais risco, torcendo para que as perdas que incorram sejam superadas e recompensadas por oportunidades aproveitadas, devem vender agora.