O último relatório do gado em confinamento nos Estados Unidos, conhecido na sexta, deverá levar a algum retoque nas expectativas do mercado quanto, pelo menos, ao primeiro trimestre de 2024 para os dois frigoríficos brasileiros posicionados diretamente no país.
JBS (BVMF:JBSS3) e Marfrig (BVMF:MRFG3) sofreram com margens estreitas em 2023 e as projeções para 2024 não mudariam, sob o ponto de vista de encurtamento da oferta de boi, pressionando os preços.
Marfrig mais ainda, já que depende em torno de 70% da geração de caixa via EUA, sem ainda contar com a diversificação da JBS, cujo negócio com frangos (Pilgrim’s Pride) ajudou a amenizar os resultados.
O Cattle on Feed, do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), mexeu em alguns números, com certa surpresa de analistas americanos, e talvez o que o mercado carregará de oferta de matéria-prima para os próximos meses não seja tão curta quanto parecia.
O gado confinado estava com estoque de 12 milhões de cabeças, em 1º de dezembro. A alta foi de 3% no comparativo anual.
A entrada líquida nos confinamentos em novembro foi 1,87 milhão de bois e bezerros, 2% menos que no mesmo mês de 2022, mas a maior de 2023 para um mês.
Nos dois casos, tanto no acumulado quanto no mês 11, os resultados foram superiores ao estimado pelos agentes pré-relatório. Em novembro, por exemplo, 60 mil cabeças a mais da estimativa.
Considerando que mais de 90% da oferta americana de animais é de criação intensiva, as informações reveladas pelo USDA apontam para um aumento da oferta disponível nos primeiros meses do ano, levando-se ainda, no pacote, que o inverno por lá está entrando no pico. E mais bois precisam ser ‘fechados’.
De carona nesse cenário, o Cattle on Feed acrescentou que em novembro houve 7% de baixa nas vendas de gado pelos confinadores, para 1,75 milhão de cabeças.
Esse número deverá ser melhor em dezembro, em razão das festas de fim de ano, apesar de menos dias úteis, mas não alterará o quadro de que está saindo menos boi do que entrando.
Daí, que haverá mais oferta disponível, forçosamente, na medida em que esses animais terão de sair do confinamento passado o período de engorda.
Mesmo, portanto, que o consumo esteja mais baixo a tendência de menor pressão no volume disponível para os frigoríficos poderá neutralizar a baixa que poderá vir do varejo mais lento.
Análise da Progressive Farmer DTN: “A pressão sobre os níveis de comercialização nos últimos três meses continuou a limitar a capacidade de reduzir a oferta geral. Mas o forte número de bovinos alimentados provavelmente persistirá e manterá os mercados de gado sob pressão durante o primeiro trimestre de 2024”.