Entre o que se espera de informações e as que já estão em circulação, a soja já subiu ao telhado. O café e o açúcar podem subir também.
As cotações não abrigam notícias boas, mesmo com espaços para correções e incertezas de fundamentos, em semana no qual os mercados também podem sentir os reflexos do Produto Interno Bruto do Brasil a ser notificado na terça e o payroll nos Estados Unidos, na sexta.
Do primeiro, qualquer coisa fora da curva já precificada de baixa, na faixa dos 0,3%, como a feita pelo Bradesco (BVMF:BBDC4), o câmbio dará as caras.
Do segundo, a geração de empregos em torno de 190 mil novos contratos, como está em consenso, reacende a narrativa de que para o Federal Reserve o pior da inflação não passou. E reverbera – por sinal, os futuros US 500 e US 30 caem; o dólar index testa leve alta.
Noves fora o ‘externo’, os fundamentos da soja, do café e do açúcar abriram a semana renovando pressões. Exceção do açúcar, em franco ajuste após descer às mínimas de três meses.
Mais delicado é para soja. As chuvas ganham ritmo no Brasil e neutralizam os sinais evidentes de perdas no Centro-Oeste, com os fundos se posicionando, agora nesta semana, ao relatório de oferta e demanda global (WASDE, da sigla em inglês), do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
A commodity entregou mais de 1% na sexta em todos os vencimentos de Chicago. Vai assim nesta segunda (4), cedendo de 10 a 9 cents (US$ 13,14 a US$ 13,36) uma vez que ninguém se atreve a imaginar o USDA, conservador, tirando entre 10 e 15 milhões da safra brasileira, linha na qual poderia haver uma alta firme, como explicou, entre outros, o consultor Aaron Edwards em entrevista ao site Notícias Agrícolas.
O café é outro que vai balançar sistematicamente entre o que deve apresentar de retração da produção depois de 15 dias de tempo muito quente e seco – não há uma mínima estimativa confiável sequer até agora -, e as chuvas (ainda sob calor) entre Minas e Espírito Santo.
Marcus Magalhães, da Marus Corretora, de Vitória: “As chuvas não revertem o problema, mas acho que num primeiro momento podem pesar sobre as cotações em função da especulação, enquanto a ansiedade vai rondar”.
De todo modo, em 20 de novembro, o USDA classificou a safra brasileira do arábica em 44,9 milhões de sacas, 12,8% superior, só cortando um pouco do geral por conta do café robusta. Colômbia com viés de menor produção está no campo, mas o cenário nesta passagem do dia é negativo em Nova York em cerca de 2,50%, a 179 c/lp, após o café ficar de lado na sexta.
E para a safra 24/25, em ciclo de alta, com projeções de até 74 milhões de sacas?
O açúcar vai confirmando uma boa safra, com projeções de alcançar até 41 milhões de toneladas em safra do Centro-Sul quase na reta de chegada, para cerca de 620 a 625 milhões de toneladas.
O que pode limitar a pressão é justamente o Brasil entrando em entressafra, mas os mercados ainda se dividem com as informações sempre duvidosas da Índia quanto a safras menores e restrições de importações – dados que vêm balizando um possível déficit global de 4 milhões de toneladas – e fragilidade do petróleo e dúvidas quanto à capacidade da China incorporar mais açúcar, além de análises gráficas que mostram Nova York em topo duplo, sinalizando fim do ciclo de alta, conforme adverte Maurício Muruci, da Safras & Mercado.
Nesta segunda, o março na ICE NY cresce para tirar o atraso de fortes baixas e está em pouco mais de 1%, a 25,30 c/lp.