Os produtores de soja não têm mais como travar os preços no mercado de opções, com uma call de compra. Já passou, considerando que precisariam ter feito isso há seis, sete meses (inclusive porque estava próximo dos US$ 14 o bushel, em Chicago).
E muitos não podem esperar mais tempo.
Como também não há fatores firmes que possam reverter as quedas, ao menos até começar o fundamento climático mexer com as expectativas da soja nova dos Estados Unidos, restam as alternativas de aproveitamento dos regimes pontuais de altas. E (ou) rentabilizar no mercado financeiro o dinheiro mais curto que está entrando.
Rasos e de curta duração com entradas dos fundos comprando a descoberto, sem profundidade o bastante para suplantar uma safra brasileira vista como grande (aqui vale só o USDA, estimando 156 milhões de toneladas e não o que se prevê no Brasil, muito menos) e a da Argentina.
China está devagar, inerte, comprando da mão para boca e bem escalada até maio, pelo menos, segundo o analista Vlamir Brandalizze.
Assim, a soja está mais para se aproximar dos US$ 11 do que voltar aos US$ 12. Acima disso, o verão vai passar e a colheita vai saindo e, mesmo com os chineses voltando, não haverá potencial.
O cenário se reveste mais desesperador para milhares de produtores porque as contas estão chegando e as compras para a próxima temporada não podem esperar. Menos mal que há uma melhora na relação de troca.
Já se percebe cada vez maior o ritmo de vendas dos brasileiros – e os prêmios acabam caindo.
Na Grão Direto, plataforma que se coloca entre vendedores e compradores, a ferramenta “Clicou, Fechou”, não está com a movimentação que deveria, na medida exata do movimento “serrote” dos preços – jargão que designa as pequenas idas e, depois, voltas, de um dia para o outro ou no mesmo dia.
Capturar os momentos de alta, com as tradings precificando em tempo real com a CBOT, é uma das alternativas para minimizar o empate ou prejuízos com os custos de produção, que aumentaram com o replantio após a seca brava de setembro a começo de novembro.
Correndo por fora está a pequena aptidão para fazer dinheiro com investimentos no mercado financeiro, comprando alguma coisa para arriscar a resgatar com ganhos mais a frente.
Ainda que fosse – ou seja – no segmento de renda fixa, mais seguro, como o velho CDB, independentemente do viés da baixa da Selic que ainda vai ficar em dois dígitos pelo menos até meio do ano.