Se o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) interpreta corretamente ou não os dados dos satélites – ou tendenciosamente, como querem muitos produtores brasileiros -, é outra história.
O que conta, afinal, para os mercados de grãos, é o que o órgão vê e divulga.
Assim sendo, tem o milho pela frente. Chicago vai esperando o plantio de inverno no Brasil passar sob as lentes dos satélites para o USDA começar a influir na precificação.
Isso deve acontecer a partir de fevereiro, mas, mais principalmente, a partir de março.
O que dizem agora, abaixo do Equador, em relação à diminuição de área, queda de produtividade e volumes menores, não se reflete em um cent de dólar.
Como, aliás, ocorre com a soja. De 15 a 20 milhões de toneladas a menos que preveem aqui, não se sobrepõem às 157 milhões de toneladas que o WASDE deste mês deu. E os preços negociados na bolsa de mercadorias de futuros de Chicago não reagem.
Porém, há uma boa chance de que com o milho o USDA vá ‘acertar’. Com a soja, a decisão de plantio já estava feita às vésperas da (anunciada) crise climática.
Para o cereal, sobretudo o de inverno, apelidado de safrinha, houve – está havendo – mais tempo para a decisão, ne medida em que se plantando fora da janela ideal (março andando), a perda de produtividade é batata.
Embora começa a surgir alguma dúvida quanto àqueles que teriam desistido do milho - no todo ou em parte - já que a soja está saindo mais cedo (o clima errático alterou o fisiologismo) e o clima está chuvoso no Centro-Oeste, dificilmente haverá uma reversão do quadro que indique a ‘volta’ do grão.
Não fosse apenas pela eterna desconfiança do USDA, que se internalizou definitivamente, os preços estão ruins também.
Tem muito milho dos Estados Unidos, da safra gorda passada, no mercado, e da safra gorda brasileira 22/23 também. A expectativa de demanda não mostra nada de mais, mesmo que aqui no Brasil se vislumbre um consumo maior de etanol dessa biomassa com novas biodestilarias na praça.
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Há perspectiva de que os Estados Unidos sigam com nova grande safra no verão deles, como também os chineses.
Antes do frigir dos ovos, portanto, já se sabe que grandes, médios e milhares de pequenos vão reduzir suas plantações. De uma SLC Agrícola (SLCE3 (BVMF:SLCE3)), que já avisou que plantará mais algodão, isso ainda antes do final de ano chuvoso terminar, à uma família Nardelli, do Paraná, que anunciou que sairia do cereal depois de 30 anos.
Além de preços baixos e custos mais elevados, que o consultor Vlamir Brandalizze estima em R$ 80 o pacote para compensar a saca – preço que está longe disso (R$ 64 na B3 (BVMF:B3SA3)) -, tem a soja que não está se pagando também. A descapitalização vai em cascata.
Brandalizze estima 90 milhões de toneladas do safrinha; era de 100. O milho de verão, que conta pouco nos preços, ficaria em 25 milhões, em colheita que já pega os 10%, ante umas certa 26,5 milhões de toneladas.
Até as últimas projeções, noves fora as 129 milhões de toneladas no geral, a área cairia para de 20 a 21 milhões de hectares, enquanto no Mato Grosso, o campeão de sempre, seria reduzida em 4% aproximadamente, para 7 e poucos milhões de hectares.
Nesse estado, seguindo Imea, resultaria em quebra de 2,5% na produção, para 43,7 milhões de toneladas.
Mas o tempo está jogando contra, daí que esses números podem ser menores, e, talvez, os satélites captem o tamanho de área e as lentes mostrem o rendimento real.
Se isso, a rigor, vai acabar dando preços melhores no segundo semestre, como dizem por aqui, é outra história.