O que mexe com os nervos é esperar, enquanto as contas chegam, por alguma coisa do qual não se pode esperar muito.
Mal comparando, é o que está acontecendo com os grãos. No íntimo de cada produtor não há como ele negar que torce para notícias boas para os preços da soja, mas não pode falar muito por aí porque os fatos não colaboram.
Salvo um revés inimaginável do estilo ‘discreto’ (ou conservador) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), nada indica que haverá um corte profundo na expectativa de produção brasileira de soja na estatística global da sexta-feira (WASDE, da sigla em inglês).
O mercado nos EUA trabalha com 160 milhões de toneladas, que seria apenas uma redução de 3 milhões sobre o relatório de novembro – outro que deveria ser o derradeiro e decisivo quando a crise climática no Brasil estava chegando ao pico. E só reduziu em 2 milhões de toneladas.
Poderá até dar uma leve volta por cima das cotações, alinhada a alguma perspectiva de menores estoques mundiais graças à demanda, mas não será o bastante para tirar as cotações com folga da franja dos US$ 13 a US$ 13,50.
Ainda por cima tem a Argentina sendo contada em cerca de 48 milhões de toneladas (o dobro da safra anterior).
Nesse ritmo de acontecimentos, se consolidado, entra o milho arrastando dúvidas. É certo que haverá menor disposição para a segunda safra brasileira – a SLC Agrícolas (SLCE3 (BVMF:SLCE3)), por exemplo, já avisou que trocará parte por algodão.
A gigante, diversificada, consegue virar a chave. Mas, e o resto da turma?
Dilema: arriscar plantar mais tarde, com a soja saindo mais tarde, até há boas chances de bons preços porque a produtividade cairá, porém semear também custa (ainda há bem menos insumos comprados para a safra 23/24) e o faturamento com a soja deverá ser menor.